A realidade do período gravídico-puerperal: seus desafios e possibilidades
Por Sarah Rebecca Eliziário Bonetti*
A maternidade é um período idealizada por muitas, mas poucas tem a real coragem para falar sobre a realidade dela sem medo de julgamentos. A gravidez geralmente é um período de muitas incertezas, mesmo que esse bebê tenha sido planejado. Essa mulher passa a sentir uma ambivalência de sentimentos, se questionando seu desejo de estar ou não grávida, ganhos e perdas implicadas em ter um filho, como seu corpo se transformará, como seu casamento será afetado, se poderá contar com a ajuda desse parceiro durante toda a gestação.
São tantas questões que podem levar essa mulher a ficar extremamente apreensiva e até desenvolver sintomas de depressão, caso essas questões não estejam bem definidas para ela ainda. Mas expressar esses sentimentos a alguém pode ser doloroso, visto que a espera de um filho é imposta pela sociedade, como um estado de “completa felicidade”, “o verdadeiro amor”, “uma dádiva”, é construída em cima de crenças idealizadas e quando essa mulher não sente isso, ela entra em um estado depressivo.
As pesquisam apontam que a mulher passa por três momentos de crise durante a vida; a adolescência, a gravidez e a menopausa, mas de todas elas, é durante a gestação que há um potencial maior para adoecimentos emocionais, 1 em cada 4 mulheres desenvolvem depressão pós-parto. Quando pensamos a espera de um filho como um momento de plenitude apenas, estamos negligenciando a saúde mental materna, é dizer a essa mulher que os sentimentos citados acima, são um pecado capital.
Dessa maneira, a Psicologia Perinatal, área pouco conhecida, se dedica ajudar a todas as mulheres que esperam um filho, com o intuito de auxilia-las a construir uma maternidade possível, baseada em sua realidade. Não é destinada apenas as gravidas que já apresentam algum adoecimento emocional, mas tem o intuito justamente preventivo. Nela realizamos um programa de Pré Natal Psicológico, que envolve um processo de psicoeducação, auxiliando essa família a compreender os processos fisiológicos e emocionais da gestação, além de os preparar para o exercício das funções maternas e paternas. É importante deixar claro que ela não substitui de forma alguma o Pré Natal Ginecológico.