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Educação e Virtudes Éticas


Por: Rogério Luís da Rocha Seixas
Data: 22/04/2021
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Dificilmente alguém discorda, segundo seu ponto de vista, sobre a importância da educação para a formação de excelência dos indivíduos e a constituição de um corpo social mais equilibrado ética e politicamente. Normalmente, muitas vezes a noção de educação, especialmente em nossa atualidade, se limita a perspectiva de se educar ou capacitar os educandos para o mercado. Indubitavelmente, uma faceta importante para o ato de educar. Ou destaca-se, o seu papel na construção de cidadãos conscientes de sua participação no contexto social e político. Também não se menospreza essa função da educação. Contudo, gostaria de estender este tema, ao campo da educação e a sua ligação com a práxis ética dos sujeitos a serem educados.

Em toda a sua dimensão, a educação é a tarefa mais humana e humanizadora realizada. Desde tempos da antiguidade grega, passando pelo período medieval, atingindo seu clímax na modernidade com o ideal iluminista, a preocupação em se educar, apresentou uma relação direta com a formação de humanos virtuosos, no sentido de aprenderem a agir eticamente visando o bem comum, a justiça, a prudência, o respeito etc. Aqui, torna-se passível de citar a noção do ato de educar, apresentada pelo professor José Carlos Libâneo: “Educar (em latim, educere) é conduzir de um estado a outro, modificando numa certa direção o que é suscetível de ser educado”. (Libâneo, 1985) Descreve-se aqui uma atividade e total interação entre os indivíduos a partir do ato de educar. Valores estão presentes nesta interação. Valores que confrontam o educando com o meio em que vive e desafia o educador a lidar com as valorações do educando. A ética se insere nesta interação diretamente, pois lidará com a formação do caractere (modo de ser e agir) do indivíduo a ser educado. Virtudes são colocadas no centro de tal processo educativo bastante ativo e concreto.    

Fernando Savater destaca três virtudes importantes para o processo educacional. A coragem, pois sem coragem de viver frente as dificuldades e ameaças de próprias de nossa condição não se pode viver e não se podendo assim ser ético. A generosidade para convivência saudável uns com outros, limitando reciprocamente os nossos desejos. E por último, prudência do indivíduo ao agir, buscando o bem sobreviver para consigo e para com os outros (Savater, 2005).

Acrescentaria, a essas três virtudes a empatia para com outro, enquanto capacidade de se solidarizar mais com as necessidades, dificuldades e dores deste outro, estabelecendo maior solidariedade social. Assim, desperta-se o sentido ético da virtude da alteridade, respeitando-se as singularidades e propriedades existenciais do outro, rompendo com egoísmos e indiferenças que marcam as relações sociais. Vislumbra-se deste modo um ato de educar que deve também priorizar o ethos (modos de ser) dos indivíduos e não apenas a capacidade de produzir e fazer.

Libâneo, José Carlos. Democratização da Escola Pública: a pedagogia crítico-social dos conteúdos. São Paulo. Ed. Loyola, 1985.

Savater, Fernando. O Valor do Educar. Ed. Planeta, 2005.

 

Por Rogério Luís da Rocha Seixas

Rogério Luís da Rocha Seixas

Rogério Luís da Rocha Seixas é Biólogo e Filósofo Docente em Filosofia, Direitos Humanos e Racismo Pesquisador do Grupo Bildung/IFPR e-mail: rogeriosrjb@gmail.com


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