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Dezembro Vermelho e Prevenção Combinada contra a AIDS


Por: Ana Maria dos Santos Bei Salomão
Data: 10/12/2020
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“Eu tive Aids por 2 meses.  Aids, isso mesmo Aids, já não tenho mais.

            A Aids foi embora, evaporou de mim. O HIV não, o HIV sobreviveu, assim como eu.

            Desde que eu me tornei indetectável, a AIDS é coisa do meu passado. O HIV é um vírus que você não vê, mas eu me pareço tanto a você, não é mesmo?

            Eu poderia ser você, Você poderia ser eu, o HIV não escolhe bicha, machão, santo ou ateu, para o HIV tanto faz onde você se meteu, ou com quem você se meteu.

            O HIV, é meu, e é teu, é de quem cruzar o seu caminho”, extraído de um poema, escrito por Marina Vergueiro, ela é uma poetisa que há 8 anos convive com o vírus do HIV, mas por 7 anos, por medo da ignorância e preconceito das pessoas, não falava abertamente sobre a sua condição.

            Como seu poema fala, o vírus não é seletivo, ele pode atacar qualquer pessoa. Segundo o Ministério da Saúde, 135 mil pessoas são portadoras do vírus do HIV e não sabem. Entre 1980 e 2019, foram detectados mais de 900 mil casos no Brasil. Segundo ainda a mesma fonte, as infecções ocorreram 58% em pessoas heterossexuais, dos novos casos no Brasil entre 2007 e 2019 no mesmo período 85% das infecções foram em mulheres, acima de 13 anos de idade.

 E o mais triste, muitas das infeções acontecem dentro de casa, com relações monogâmicas, com os seus maridos ou namorados infiéis, como é o caso da Dona Leiry Rodrigues, de 54 anos que convive com o vírus desde 11 de agosto de 1989 e confessa que “Levo uma vida normal, apesar de tomar medicamentos e ter algumas poucas complicações em razão do HIV. Nunca pensei que fosse viver tanto tempo. Costumo dizer que sou uma sobrevivente.”

Prevenção é a chave. E a forma mais eficaz ainda é a camisinha, seja ela externa ou interna. Se usada corretamente durante todo o ato sexual, ela seguramente irá prevenir não só a AIDS, mas contra outras Infecções Sexualmente Transmissíveis.

Cura ainda não existe, mas tratamento tem, e se a pessoa o fizer corretamente a carga viral se mantém tão baixa, que se torna indetectável e intransmissível, ou seja, hoje é perfeitamente possível a pessoa ser portadora do vírus do HIV, e ter uma vida saudável, ela pode controlar a doença, como se faz com o colesterol alto ou diabetes, basta aderir o tratamento adequadamente.

Mas, também temos a Prevenção Combinada. O que seria a prevenção combinada do HIV? É um conjunto de diferentes métodos, que podem ser combinados e tem como objetivo proteger a pessoa. Conforme a situação de risco a pessoa pode utilizar algumas ferramentas que são:

Camisinhas externas e internas que são distribuídas gratuitamente nos postos de saúde espalhados no país.

A PrEP , que é a profilaxia pré-exposição, ou seja, é indicado para as pessoas que não tem o vírus, mas sabem que correm ao risco de se expor a ele, é um método novo, que consiste na tomada diária de 1 um comprimido, que contém na sua formula 2 antiretrovirais, (tenofovir + entricitabina), que impede que o vírus se instale no organismo da pessoa. Para ter acesso a medicação, a pessoa vai até ao médico, no serviço publico, onde o profissional após avaliar a pessoa, e ver que se trata de uma pessoa vulnerável, lhe dá uma receita, assim ela  retira a medicação gratuitamente.

Mas, a medicação só faz efeito se for tomada diariamente. Então, ela precisa tomar a medicação todos os dias, fazer exames regulares e buscar a medicação a cada 3 meses de forma gratuita. É importante dizer, ela não previne infeções sexualmente transmissíveis.

A PEP, que é profilaxia pós-exposição, é quando a pessoa se expõe a situações de risco, neste caso ela procura o serviço público onde lhe é dado uma medicação, que deve ser tomada no máximo até 72 horas após a exposição, agora se tomado nas duas primeiras horas pós exposição, a eficácia é maior. A medicação impede que o vírus se estabeleça no organismo. A medicação de ser tomada por 28 dias.

É uma medida de urgência à infeção do HIV, hepatites virais ou outras Infeções sexualmente transmissíveis (ISTs), que deve ser utilizada em situações como, violência sexual, relações sexuais sem o uso de camisinha e ou acidente ocupacional (quando a pessoa se fura com material perfuro-cortantes contaminados ou tem contato com material biológico).

A Aids ainda não tem cura, mas esforços tem sido feito, uma boa notícia é que a USP vem desenvolvendo em cooperação com outros países uma vacina, chamada de mosaico, ela já se encontra na fase 3, isso significa que há uma esperança rumo a cura.

Enquanto a vacina não chega, a prevenção e o tratamento, são o melhor caminho a ser trilhado.

 

Ana Maria dos Santos Bei Salomão

 

Ana Maria dos Santos Bei Salomão

Responsável pela Coluna Saúde em Pauta.


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