Como se prevenir contra a Febre Maculosa
Era para ter sido uma tarde alegre, uma festa animada, porém, o que era para ser divertido, tornou-se sinônimo de dor e sofrimento. Em uma fazenda em Campinas, no interior do Estado de São Paulo, ocorria a “Feijoada do Rosa”, evento que acontece há dez anos na Fazenda Santa Margarida. Uma semana depois na mesma fazenda outro evento ocorreu a festa “Do Leme ao Pontal” que contava com show do Seu Jorge, cinco pessoas contraíram Febre Maculosa, destas quatro morreram e uma segue internada.
A região de Campinas é endêmica para a enfermidade, como maior registro de casos no Brasil. A região Sudoeste do País tem o maior número de casos. De acordo com dados do Ministério da Saúde (MS) em relação aos óbitos 703 no Brasil, 623 foram na região Sudoeste. De acordo com a mesma fonte dos 30 casos registrados este ano na Região Sudoeste, quatro foram em Minas Gerais, oito no Espírito Santo, seis no Rio de Janeiro, e doze em São Paulo. E ainda de acordo com MS, 60 casos de febre maculosa já foram confirmados no Brasil este ano, destas onze pessoas morreram por causa da doença. No ano passado, foram 190 casos, com 70 mortes.
A Febre maculosa é transmitida pelo carrapato-estrela, infectado pela bactéria Rickettsia richkettsii. O carrapato-estrela não é o carrapato comum, que encontramos geralmente em cachorros, esta espécie pode ser encontrada em animais de grande porte (bois, cavalos, etc.), cães, aves domésticas, gambás, coelhos e capivaras.
Para que ocorra a transmissão da doença, o carrapato precisa ficar pelo menos quatros horas fixado na pele da pessoa. Os carrapatos costumam subir em animais ou pessoas que passam por áreas infestadas, como gramas, pastos e arbustos. Eles agarram a pele para se alimentar do sangue.
Importante salientar que a febre maculosa não transmite a doença para outra pessoa. Não existe vacina, mas a doença tem cura e tratamento. Os sintomas são semelhantes a outras infecções o que pode atrasar o diagnóstico, podendo ser confundido com meningite, dengue ou chikungunya, mas para que haja sucesso no tratamento e evitar um indesejável óbito é importante suspeitar da doença, pois, a evolução dela é rápida. Os sintomas são febre, dor no corpo, dor de cabeça, falta de apetite, desânimo, pequenas manchas avermelhadas que podem crescer e tornar-se salientes, como picadas de pulgas, pode aparecer também pequenas hemorragias sob a pele em todo o corpo, palmas das mãos e planta dos pés.
Os sintomas levam em média de dois a quatroze dias para se manifestar, o tratamento deve ser iniciado no máximo em cinco dias, pois, após este período pode ser tarde.
Os principais fatores de risco que podem aumentar as chances de contrair a infecção são:
- Viver em uma área onde a doença é comum, como locais rurais ou arborizados;
- Conviver com cachorro, cavalo ou outros animais domésticos;
- Se um carrapato infectado se prender à pele, é possível contrair febre maculosa ao remover o carrapato, pois, o fluido do carrapato pode entrar no seu corpo por meio de uma abertura como o local da picada.
Por isso, em casos de exposição:
- Ao remover um carrapato, use uma pinça para agarrá-lo e remova-o com cuidado;
-Trate o carrapato como se estivesse contaminado: mergulhe-o em álcool ou jogue no vaso sanitário;
- Limpe a área da mordida com antisséptico;
- Lave bem as mãos.
Como se prevenir:
- Use roupas claras, para ajudar a identificar o carrapato, uma vez que ele é escuro;
- Use calças, botas e blusas com mangas compridas ao caminhar em áreas arborizadas e gramadas;
-Coloque a barra das calças dentro das meias e calce botas de cano mais alto nas áreas que possam estar infestados por carrapatos;
-Evite andar em locais com grama ou vegetação alta;
-Use repelentes que possuem proteção contra carrapatos;
-Verifique se você e seus animais de estimação estão com carrapatos;
-Realize o controle com antiparasitário nos animais domésticos;
-Se encontrar um carrapato aderido ao corpo, remova-o com uma pinça (de sobrancelhas ou pinça cirúrgica auxiliar);
-Não aperte ou esmague o carrapato, mas puxe com cuidado e firmeza. Depois de remover o carrapato inteiro, lave a área da mordida com álcool ou sabão e água.
- Quando mais rápido retirar os carrapatos do corpo, menor será o risco de contrair a doença. Após a utilização, coloque todas as peças de roupas em água fervente para a retirada dos insetos;
- Para quem mora nas regiões rurais, é bom não deixar os cães dentro de casa e procurar fazer com frequência a higiene dos animais, principalmente dos cavalos, com carrapaticidas. Uma medida eficaz, que também evita a proliferação dos carrapatos, é aparar o gramado rente ao solo uma vez por ano na época das águas, de preferência com roçadeira mecânica. Com o capim baixo, os ovos ficarão exposto ao sol e não vingarão quebrando-se o ciclo do parasita.
Ana Maria dos Santos Bei Salomão
Responsável pela Coluna Saúde em Pauta.