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Ser mãe de um prematuro


Por: Ana Maria dos Santos Bei Salomão
Data: 02/12/2021
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Novembro é o mês da prematuridade, conhecido como o novembro roxo, entretanto, penso que não devemos voltar nossos olhares, a esses pequenos grandes guerreiros, apenas no mês dedicado a eles, mas, durante todo o ano.

            E não só para eles, mas, para todas as mães que lutam, e se alegram com cada conquista de seus bebês, você já parou para pensar como elas sofrem? Como elas se sentem ansiosas, agoniadas, ou desesperadas, ou como se enchem de esperança, ou se desapontam quando esperam uma resposta, porém, seus bebês não respondem como o esperado?

            Pensando nelas, gostaria de compartilhar uma carta emocionante, que fala do drama de uma mãe com seu pequeno rebento, esta carta circula na internet, já algum tempo, e é de autoria desconhecida, mas, acredito que deve ser lida por todos.

            A carta leva como título “Carta de uma mãe de prematuro”, e diz assim:

Ser mãe de prematuro é ser apanhada pela surpresa e o despreparo.

É não segurar o seu filho nos braços quando nasce. É olhar pela incubadora. É sentir a sua cria pela ponta dos dedos esterilizados em álcool gel.

Ser mãe de prematuro é ser viciada no monitor. E ver o seu filho a respirar por aparelhos com sensores e medir o que há de vida na sua criança. São os benditos 88 por cento de saturação.

É tirar leite na máquina. É ver o leite entrar pela sonda. E torcer para a quantidade aumentar todo dia.

É ter paranóia com o processo ganha/perde de peso diário. Num dia ganha 10 gramas e no seguinte perde 15. Isso é um desespero.

É incomodar-se com as aspirações e manobras, mas saber que é um mal necessário. É ver picadas e mais picadas para exames e não respirar enquanto o resultado não aparece. É chegar ao hospital com o estômago às cambalhotas com medo do que vai ouvir do pediatra.

Para ser mãe de Unidade Tratamento Intensivo (UTI) tem que virar pedinte e mendigar todo dia uma boa notícia. Mesmo que seja a bendita palavrinha “estável” – significa que não melhorou, mas também não piorou. E não se esquecer de agradecer o cocô e o xixi de cada dia. Sinal de que não tem infeção.

Mãe de prematuro também tem rotinas. UTI-casa-UTI de segunda a segunda. Sem descanso. E como é possível descansar?

Para ser mãe de prematuro é preciso muita fé. Porque na hora do desespero és tu e Deus. É joelhos no chão da casa de banho da UTI para pedir milagres, ou pedir que acabe o sofrimento. Haja fé. E só com fé.

É ser a Rainha da Impotência, por ver o sofrimento e a dor do seu bebé e simplesmente não poder fazer nada. Só confiar.

É falar com o seu filho através da incubadora. E ter lágrimas a escorrer pelo rosto todo dia por não poder sentir o seu cheirinho e beijar os seus cabelos.

Mas, ser mãe de prematuro é superação, é ter uma história para contar. É perceber um monte de doenças que ninguém nem imagina que existe.

É contar o tempo de um jeito diferente. Idade cronológica e idade corrigida. É difícil de entender.

É sair da UTI com festa e palmas. E deixar por lá amigos eternos e preciosos.

Ser mãe de prematuro é ter medo do vento, da bronquiolite, do inverno e do hospital.

Toda a mãe é um ser guerreiro por natureza. Mas a mãe de prematuro precisa ser guerreira em dobro. E isso difere-nos e ao mesmo tempo iguala-nos.

Lutadoras, perseverantes, resilientes, frágeis a ponto de desabar a qualquer momento, mas com uma força absurda. Uma força que talvez venha de um útero vazio antes do tempo.

Assim são as mães dos bebês que nascem antes…”

Autoria desconhecida

 

Fonte: Revista Crescer : www.revistacrescer.globo.com

 

Ana Maria dos Santos Bei Salomão

Enfermeira Obstetra e Especialista em Fisiologia Humana

 

Ana Maria dos Santos Bei Salomão

Responsável pela Coluna Saúde em Pauta.


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