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Anne Frank, Minha Melhor Amiga


Por: Odailson Volpe de Abreu
Data: 03/02/2022
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O mês de fevereiro começou bastante morno nos cinemas brasileiros, salvo uma ou outra estreia, nada de grandioso chegou aos cinemas essa semana. Por isso, esse é um bom período para voltarmos nossos olhos para os serviços de streaming e dentre eles, é claro, para o mais popular de todos, a Netflix. Na última terça, a famosa plataforma de streaming liberou um filme que vem sendo aguardado pelos fãs de drama já há algum tempo, Anne Frank, Minha Melhor Amiga. Desde que a Netflix anunciou a produção desse filme, muita gente ficou bastante animada com a possibilidade de mais uma obra sobre a famosa garota judia que relatou suas experiências num diário em plena 2ª Guerra Mundial. Agora, com o filme já disponível na sua casa, essa é uma ótima oportunidade para se emocionar com essa história baseada em fatos.

O livro O Diário de Anne Frank é um verdadeiro best-seller e vem conquistando gerações, nem por isso ele se esgota em si mesmo. Volta e meia, entre um assunto e outro, em sala de aula Anne Frank surge como tema nas discussões e sempre tem alguém que nunca ouviu falar dela. Creio eu que o mesmo acontece entre as pessoas mais velhas. Sendo assim, num mundo onde o fascismo insiste cada vez mais em mostrar sua cara, toda obra que relembre os horrores de uma guerra gestada em meio ao fascismo é sempre bem-vinda. A história de Anne Frank foi levada aos cinemas algumas vezes anteriormente, todas com muita delicadeza e respeito, ganhando destaque o filme de 1959, intitulado O Diário de Anne Frank, depois dele um “made for tv” do início dos anos 2000 também foi muito bem avaliado pelos especialistas, mas, que eu me lembro, não chegou ao público brasileiro, ou, se chegou, não teve grande repercussão.

Bem por isso, Anne Frank, Minha Melhor Amiga é um filme tão significativo porque ele tem a capacidade de popularizar ainda mais essa história tão conhecida e necessária. Diferente do que já foi feito antes, a obra em questão lança um olhar externo sobre a vida de Anne, isso porque ela é contada a partir do ponto de vista de Hanna Goslar, a melhor amiga de Anne. A trama foi baseada no livro Memories of Anne Frank: Reflections of a Childhood Friend, da escritora Alison Leslie Gold. O roteiro ficou a cargo de Marian Batavier e Paul Ruven e a direção sob o comando de Ben Sombogaart, ou seja, um trio de profissionais holandeses para uma história que se desenrola na maior parte do tempo na Holanda, nada mais justo.

Tecnicamente falando o filme cumpre aquilo que se propõe, sem grandes surpresas, mas chama atenção num aspecto muito específico, a desconstrução de Anne Frank. Quem já leu O Diário de Anne Frank ou assistiu as obras anteriores baseadas nele, tem muito bem formada na cabeça uma Anne Frank bastante inocente e pueril. Algo compreensível, pois faz parte da construção do mito por traz do humano. Em contrapartida, Sombogaart, na liberdade que há por traz do olhar da melhor amiga de Anne, mergulha o público na humanidade por traz da personagem. Ele apresenta uma Anne Frank muito comum, envolvida nos temas mais ordinários da vida de um adolescente qualquer, como, por exemplo, as questões típicas da puberdade. O que contribui muito para a aproximação do público para com as protagonistas.

A respeito do contexto da 2ª Guerra como pano de fundo, não há nada para exaltar e nem criticar. Essa temática já foi levada à exaustação pelos meios de entretenimento e por isso não tem função de inovar na trama em questão, mas permitir que o público conheça e se identifique com uma história particular dentro do contexto mais amplo. Sobre o elenco, ele é muito competente, mesmo sendo formado por atores desconhecidos pelo público brasileiro, com destaque para a dupla de protagonistas Aiko Beemsterboer e Josephine Arendsen, que interpretam Anne Frank e sua melhor amiga Hanna Goslar, respectivamente. Vamos à trama!

O filme, como o próprio título indica, fala principalmente sobre amizade. No caso, a amizade real entre Anne Frank e Hannah Goslar. As duas, apesar de terem origens diferentes, continuaram sua amizade em uma Alemanha nazista. Anne era judia, já Hanna era considerada uma cidadã alemã. Apesar de ideologias impostas pela sociedade, Hanna continuou sua amizade com Anne sem preconceitos ou ressalvas. Seguindo essa trilha, o filme aborda desde o encontro entre as duas e o início de sua amizade, ao desencontro de quando Anne precisou se esconder da perseguição nazista, chegando até o reencontro das duas num dos campos de concentração em Auschwitz.

Por que ver esse filme? Algumas histórias são atemporais e precisam ser vistas e revisitadas periodicamente, os acontecimentos da vida de Anne Frank é uma dessas histórias. O filme deve ser visto tanto por quem nunca ouviu falar sobre a vida da garota judia, quanto por aqueles que já conhecem a trama, até porque sua tentativa de lançar um novo olhar sobre a história agradará a todos. Uma cinebiografia emocionante e necessária para tempos de tão pouca empatia. Boa sessão!

Assista ao trailer:

Odailson Volpe de Abreu


Anuncie com Jornal Noroeste
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