Admito que às vezes fico incomodado por falar praticamente só da educação formal nos meus textos, especialmente nas minhas crônicas docentes. Eu sei que a educação se dá em todos os lugares, e os estudos da Pedagogia Social, cujo expoente brasileiro é o Professor Roberto da Silva (USP), dão conta de dizer que só a escolarização não basta para pensar a educação.

À parte essas considerações, que para mim não ficam à parte, vejo como um grande compromisso pensar a educação formal a partir de aspectos que a academia não vê como nobres, o que implica trazer situações biográficas aos textos e falar de maneira mais direta sobre a docência. Esse compromisso, por exemplo, já me levou a escrever sobre meu avô materno e a detalhar um plano de aula, comparando-o com filmes e séries. Desta vez falarei de pilares que considero básicos para todo professor, a partir de cinco tópicos.

 1)  O professor deve trabalhar com incertezas. As coisas não estão prontas. Isso faz com que o professor tenha por dever ético estudar continuamente.

2)  O professor deve acreditar na ciência. Esse acreditar, porém, não é uma fé cega. Deve-se evitar dogmatismos.

3)  Os dois tópicos anteriores geram o seguinte compromisso: o professor deve ter sempre em mãos um livro, nem que seja para ler um parágrafo por dia. Há professor que se sustente se ficar em um livro só?

4)  Falar até com as pedras. Uma colega de trabalho, Professora Daniela Flôr, que foi minha banca no concurso do IFPR, diz que professor que é professor fala até com pedras. Isso significa que a “oratória” faz parte do fazer docente e que toda oportunidade de diálogo deve ser valorizada.

5)  O professor deve valorizar a escrita. Infelizmente, porém, cada vez menos as pessoas têm escrito, ainda que falem mais, por exemplo, por meio de figuras. Ler, escrever e falar são atividades que o professor deve desenvolver e buscar o primor. 

Podem parecer banais os pilares que destaquei e, se pensarmos sob a égide da Pedagogia Social e sua visão global de mundo, pode ser que eu esteja limitado à escolarização, mas, como uma coisa não deve negar a outra (ou não deveria, pelo menos), espero que os meus textos possam contribuir para uma sociedade melhor. Falar de educação é falar de esperança.