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A necessidade da felicidade no final de 2020


Por: Simony Ornellas Thomazini
Data: 31/12/2020
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Chegamos ao fim de 2020. Quase não acreditamos que esse ano de tantas mazelas, infelicidades, lutas, lutos, chegou finalmente ao seu final.

Mas, hoje eu estou aqui não para falar sobre 2020, e sim para trazer uma reflexão para o novo ano que se anuncia. Nós já sabemos, cada um em sua particularidade, como foi o seu ano. Cada pessoa carregou consigo o peso, a dor, a superação em atravessar 2020. 

E neste final de ano uma ansiedade desmedida nos acometeu naquele imperativo de que precisamos estar felizes porque 2020 foi um ano muito difícil e precisamos encerrar o ano da melhor forma: esbanjando alegria. 

Ficamos tristes tentando ser felizes o tempo todo. Como estar feliz quando se há uma pandemia acontecendo no mundo? Não é sobre o fato de que eu não possa me sentir bem mesmo com todas as mazelas acontecendo lá fora. Não é sobre isso. Porque temos sim o direito de estar bem, estar feliz e também estar mal, quando quisermos, quando o nosso corpo e a nossa mente sentir que deve ser assim.

O que quero dizer é: por que eu deveria estar feliz nas festas de fim ano? Como um imperativo a ser seguido, uma regra, uma imposição minha, dos outros e da sociedade.

Nessa onda de estar feliz, eu ultrapasso todos, bem como a realidade que nos cerca e vou à praia, porque foi um ano muito difícil e eu preciso descansar e mereço estar feliz ao lado das pessoas que eu amo.

Eu mereço fazer uma festa, preciso visitar meus amigos que há tempos não vejo de outros estados, tenho que estar ali, lá e em todo lugar que eu acho que devo estar nessa busca frenética pela minha felicidade, porque foi um ano difícil!

A questão que trago aqui é: Aonde foi parar a nossa empatia? O nosso respeito pela nossa vida e a vida alheia? Por que eu preciso estar feliz e acredito merecer isso se a realidade lá fora ainda não é segura? Ainda há um vírus letal circulando.

Quantas pessoas nesse Natal sentiu profundamente a ausência de seus entes queridos? Quantas pessoas não terão aquela pessoa amada para quem desejar “Feliz Ano Novo”?

Quantas famílias em luto? Felizmente na minha família não tive perdas em função do COVID-19. Mas, será que eu estou ilesa de ainda me contaminar ou contaminar os que amo porque preciso estar feliz num ano que foi difícil pra todo mundo? Será que é tudo sobre as minhas vontades, meus desejos?

Para além dessa imposição que ainda existe desse otimismo profundamente irritante de estar positivo o tempo todo, não podemos desconsiderar o contexto atual. Ainda precisamos nos cuidar, e vejam: eu disse, SE CUIDAR. A vida precisa seguir, você pode e deve sair da sua casa, fazer as coisas que gosta, mas, cuidando de si e do outro, importando-se e jamais desconsiderando o mal que ainda nos rodeia.  Porque não existe gesto maior de amor quando a gente cuida de si mesmo, uma vez que consequentemente, estamos cuidando do outro.

É esse o meu recado para 2021. Que a gente se desprenda desse tremendo egoísmo e ignorância que nos assolou em 2020 e mais ainda, neste final de ano. Que possamos respirar esperança de dias melhores quando o tic tac do relógio apontar para 2021, e mais do que isso, que possamos criar dias melhores, porque é sempre disso que se trata: pensar e agir! Que a vida não precise ser sempre nessa ordem imperativa de felicidade que tentam nos vender a todo momento. Mas, que saibamos usufruir das nossas alegrias diárias, com respeito e cuidado.

É nós que fazemos o ano novo. É dentro de nós que ele nos aguarda desde sempre. 

Não te desejo um Feliz Ano Novo. Te desejo um ano novo dentro da sua possibilidade, da sua realidade, e que dentro disso, você possa sentir-se feliz!

Simony Ornellas Thomazini


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