A EFEMERIDADE DE SER
Tenho total consciência de que todos nós, este que agora escreve esse artigo e os que gentilmente o leem, nos encontramos cansados da pandemia da Covid-19. Porém, não podemos negar que passamos por um evento primordial, provocador de reflexões sobre nossa condição de existência no mundo. Que nos faz refletir ou pelo menos deveríamos assim agir, com referência à nossa efemeridade de ser. Por favor, não estou me referindo ao Ter, faço referência sim ao Ser. Aponto essencialmente a condição de Efemeridade que se caracteriza como algo fugaz, breve, transitório e momentâneo. Uma pandemia desta gravidade, demonstra como nossa existência é efêmera e transitória, quando mais especificamente, a morte enquanto a certeza do existir, nos atinge abruptamente. Por favor, não estou querendo ser mórbido ou pessimista, mas acentuar que exatamente por ser efêmera, a nossa existência precisa ser experimentada intensamente. Destaco que o intensamente aqui, não pode se resumir ou confundir com o mero desregramento na conduta ou equiparar-se ao hedonismo barato. A nossa intensidade de ser, segundo penso, passa pela construção e exercício de uma existência que leve ao bem comum, à criatividade estética e a verdadeira capacidade de ser, não ostentando ou buscando o que não se é. Nesta situação, o que se pode considerar como efêmero, passa por tudo aquilo que se demonstra pouco relevante, pouco profundo e sem fundamento. Tudo o que representa um vazio de ser. Um vazio que expressa um não significado de ter de fato existido intensamente, mas apenas acreditar que um momento passageiro basta para ser feliz ou realizar-se. Devido exatamente à nossa efemeridade de ser, em um momento de tamanha gravidade, necessitamos mudar o nosso olhar sobre a existência humana e por consequência, rever prioridades e condutas. Em outros termos, respeitar nossa efemeridade significa cuidar de nós mesmos e dos outros, buscando deixar situações e ações fugazes de lado, em prol da responsabilidade com a vida, neste instante pandêmico tão ameaçada, exatamente por não nos conscientizarmos sobre a efemeridade de ser.
Rogério Luís da Rocha Seixas
Rogério Luís da Rocha Seixas
Rogério Luís da Rocha Seixas é Biólogo e Filósofo Docente em Filosofia, Direitos Humanos e Racismo Pesquisador do Grupo Bildung/IFPR e-mail: rogeriosrjb@gmail.com