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A Cognoscibilidade de Deus


Por: Fernando Razente
Data: 06/03/2023
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Romanos 1.19: “[...] porquanto o que de Deus se pode conhecer é manifesto entre eles, porque Deus lhes manifestou.”  

No texto da semana passada, encerrei a exposição das partes que compuseram Romanos 1.18. Em resumo, o versículo 18 nos ensina que Deus se ira de maneira santa e de forma adequada e/ou proporcional aos pecados dos homens contra Ele e contra os seus semelhantes. Esses pecados resultam da forma como o homem recebe a verdade revelada na criação e a deturpa com dissimulação e falsidade.

A pergunta que agora nos introduz ao versículo 19 é: se é assim — que a ira de Deus é contra a deturpação da verdade revelada recebida de modo injusto pelo homem — poderíamos inferir que Paulo está admitindo que existe conhecimento possível do ser de Deus a todas as pessoas? Em outras palavras: se a humanidade distorce a verdade, significa que há uma verdade que pode ser conhecida? Digo, Deus é conhecível?

Neste versículo 19, Paulo deixa claro ao leitor que sim, Deus é conhecível. Por isso, ninguém poderá alegar no Juízo Final que não sabia que Deus existia ou que Deus não se deu a conhecer. Nem o índio na mais distante tribo que nunca ouviu falar do evangelho poderá se desculpar. Na verdade, Paulo argumenta de duas formas contra essa ideia. Vejamos.

Em primeiro lugar, Paulo diz que existe um conhecimento de Deus possível: “(...) porquanto o que de Deus se pode conhecer”. Ou seja, embora não seja um conhecimento exaustivo, mas limitado e circunscrito dentro daquilo que o próprio Deus decidiu revelar aos homens — pois como disse Stott, “quão limitado é o que se pode fazer conhecido [de um Deus tão grandioso] a criaturas finitas e caídas como nós!” —, o conhecimento Dele é possível, pois se pode conhecer.

Esse conhecimento não está longe da realidade humana, não está em outro planeta ou numa realidade desconhecida. Antes, esse conhecimento de Deus foi direcionado especialmente aos seres humanos; ele foi “(...) manifesto [φανερ?ν] entre eles”. Ou seja, essa manifestação foi tornada “visível, clara e aparente como a luz brilhante do sol ao meio-dia” aos homens, pois — como John Murray defende — uma manifestação que se proponha a ser cognoscível precisa ser direcionada a uma raça conhecedora e racional: a humanidade. Este é o primeiro ponto: Deus é conhecível. E o conhecimento D’Ele foi manifestado claramente na realidade humana.

Em segundo lugar, Paulo explica a causa dessa cognoscibilidade de Deus. Ele escreve justificando sua tese: “[...] porque Deus lhes manifestou (φανερ?ω)”. Ou seja, Deus é cognoscível na realidade humana, apenas e unicamente porque Ele mesmo decidiu se manifestar. O teólogo, pastor e exegeta João Calvino (1509-1564), no início de sua volumosa obra Institutas da Religião Cristã (1559), declarou que o conhecimento de Deus só é possível ao homem porque Deus, de livre vontade, decidiu se tornar conhecido. Para Calvino, o conhecimento de Deus não seria possível, não fosse a vontade soberana e decretiva da divindade em se manifestar. Portanto, Deus não é apenas conhecível, mas que Ele mesmo é quem torna isso possível.

A conclusão disso tudo é que: Deus não se ocultou da raça humana. Todavia, por que há tantos que não enxergam e nem reconhecem a Deus? A resposta é: se o homem não O encontra não é por uma suposta fraqueza ou opacidade da luz da manifestação do Criador, mas pela real grandeza da escuridão e trevas de iniquidade que cobriram o coração do homem conhecedor. Mas afinal, onde Deus se manifestou? Em que parte do “entre eles”, da realidade humana? É isso que veremos, se Deus quiser, na semana que vem em Romanos 1.20. Deus te abençõe!

Fernando Razente

Amante de História, atuante com comunicação e mídia, leitor voraz e escritor de artigos de opinião e matérias jornalísticas.


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