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A arte de fazer rir


Por: Rogério Luís da Rocha Seixas
Data: 06/05/2024
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Inicio esta nova exposição de ideias, fazendo menção a um programa de humor, que fez muito sucesso nos anos 90: “A Escolhinha do Professor Raimundo”. Quero crer que até mesmo os de gerações mais recentes, já ouviram falar desta obra de arte do humor e do fazer sorrir. Embora pareça exagerada minha colocação, não se pode questionar e negar, a qualidade dos grandes artistas do humor, que faziam parte de um elenco encabeçado por Chico Anísio, o professor Raimundo.

Recentemente, assistindo a reprise deste humorístico, me apanhei rindo de um modo diferente. Posso afirmar: rindo com vontade, prazer e beleza. Longe de rir forçadamente, pois cada personagem, praticando sua arte, uns mais e outros menos, mas de um modo geral, me fizeram rir deliberadamente. Livre de constrangimentos. Risos prazerosos, liberando maus humores. Um beleza estética de rir, com as piadas e críticas inteligentes, criativas e contundentes. Cada personagem com sua estética de fazer rir, bem singular, criativa e diferente.

Percebam que destaquei o exercício de crítica ao quotidiano, presente nas tiradas e piadas deste programa que uso como exemplo. Sim! A arte de qualidade do bom humor, apresenta uma capacidade de criticar o momento presente, a partir de uma boa risada. Com a construção da personagem engraçada, que ao mesmo tempo faz rir e também nos faz refletir, sobre as condições e problemas da atualidade em que se vive. A arte de fazer rir, repudia o mero “esculacho” e a banalização do rir. Não se expressa através de figuras agressivas ou constrangedoras. Porém, cria o rir liberado e ativo. Crítico e bastante inteligente.

Obviamente, que o momento presente ou a atualidade, diferencia-se e modifica-se de uma para outra, mas a ação e propriedade de rir, continua comum a natureza do ser humano, nos humanizando mais e mais. Penso então, na necessidade de rir e muito, em nossa atualidade, marcada por uma seriedade das tragédias e maus fatos. Das guerras genocidas e menosprezo ao direito e valor da vida em sua dignidade.  O rir se opõe ao medo. De certo modo nos fornece esperança de um amanhã mais alegre e por consequência melhor. Neste sentido, torna-se imperativa a atuação de humoristas, capazes de empregar a estética do rir, para promover a liberdade de ser e não pela instrumentalidade vazia e um tanto burra do mero rir por rir, banalizando-se tudo e todos.

Rogério Luís da Rocha Seixas

Rogério Luís da Rocha Seixas é Biólogo e Filósofo Docente em Filosofia, Direitos Humanos e Racismo Pesquisador do Grupo Bildung/IFPR e-mail: rogeriosrjb@gmail.com


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