O tempo tem sido uma das maiores questões que fazemos durante o isolamento social. Ele já era pauta em nossa vida, porém, agora, assume o papel principal de nossos dias.
O que fazer com esse excesso de tempo? O que fazer com o tempo em casa? Quanto tempo falta para poder sair? O que eu posso fazer com o meu tempo?
Essas perguntas sofreram inúmeras modificações, pois, além do tempo, outras mudanças vêm acontecendo, como a perda do que éramos, da rotina que existia, daquele cotidiano que reclamávamos, do trabalho que antes era lá fora e, agora, e aqui dentro.
Essa vida que existiu antes da pandemia não existe mais e precisamos lidar com isso. Por mais que a gente se esforce em tentar fazer com que ela permaneça, ela não volta mais.
Estamos tendo que aprender a fazer despedidas. Podemos dizer que dividiremos a nossa vida entre um “antes” e um “depois” da pandemia. Tudo aquilo que conhecíamos irá sofrer mudanças. O mundo não será mais o mesmo, lá fora e, aqui dentro.
Ao mesmo tempo em que nos despedimos desse lugar que tínhamos no mundo, somos arremessados para outra realidade, um novo cotidiano, um novo modo de ser e estar.
O tempo pode ser visto como uma prisão ou como libertação. Vai depender como eu o encaro. Ele pode nos ajudar nesse luto que todos teremos de fazer com a perda da vida que tínhamos, e, paralelo a isso, poderá nos ensinar como recomeçar e reaprender a viver.
O tempo vai ser aquele que irá nos impulsionar ao que já estamos nos tornando, mas sou eu que preciso fazer algo bom com isso.
Cada pessoa possui o seu próprio tempo. E ele possui uma complexidade difícil de ser aceita. A urgência em “ficar bem agora” em “resolver as coisas logo” precisa de tempo. E estamos criando maneiras para aprender a lidar com essa novidade. A ansiedade que aparece manifestada naquilo que não sabemos como será, é o futuro que iremos construir nas pequenas decisões de agora. Em como eu lido com a minha ansiedade, o que eu decido fazer com ela, e, tudo isso construirá esse eu do futuro, feito no aqui e agora. Não podemos controlar o tempo, mas podemos agir com ele sendo nosso aliado.
E é preciso tempo para aprender a dizer adeus ao que éramos para podermos abraçar o que seremos.