Recentemente acompanhamos aos novos decretos, primeiro, do estado, e, depois, dos municípios, para o não uso obrigatório de máscara em lugares fechados. Ficou opcional. De acordo com o Vacina Edu, o Paraná tem um total de 105% da vacinação com as duas doses. E aqui, no município de Nova Esperança temos um total de 47,94% de vacinados com a dose de reforço, segundo o site do governo do Paraná. Temos aí um cenário favorável no quesito imunização, mas, mesmo diante disso, é preciso lembrar que a pandemia ainda não acabou.

O não uso de máscara gerou desconforto, isso é fato. Estávamos tão habituados a usá-la que não usar parece algo erradíssimo. Eu mesma vivi uma situação muito desconfortável nas últimas semanas: fui ao supermercado pela primeira vez sem máscara. Mas, me deparei com a maioria das pessoas usando-a. E foi aí onde surgiram alguns questionamentos. Eu seria confundida e julgada como negacionista? Estaria eu fazendo algo errado? Vivi, ali, aquele sonho de quando chegamos pelados no trabalho!

        A sensação que eu tive naquele supermercado foi que havia algo errado comigo. Percebi alguns olhares de soslaio acusadores. Como se eles afirmassem sobre meu figurino inadequado. A verdade nisso tudo é que não faço parte dos que pensam que os cuidados podem ser dispensados, inclusive, o uso de máscara. Eu só optei em não usá-la naquela ocasião. Mas, o desconforto existiu. E existiu porque havia uma diferença marcada ali. Eu precisaria sustentar isso.

        Sobre esse momento vivenciado por mim, me ocorreu reflexões acerca de outros pontos.

Quantas vezes na vida precisamos sustentar alguma diferença? Ainda que a maioria esteja caminhando para um lado, mas, você acredita que o caminho é o oposto. Quantas vezes deixamos de expor a opinião, usar determinada roupa, ou qualquer outra atitude que nos coloque diferente da maioria, isto é, quantas vezes usamos máscaras para encobrir nosso verdadeiro eu?

Os contextos aqui são bem diferentes. Temos, por um lado, uma realidade sanitária e, por outro, as relações humanas. Mas, o motivo em fazer esta analogia é um só: é hora de mostrarmos o rosto.

Qual máscara precisa cair em mim? Por que insistir em encobrir o meu verdadeiro desejo? Por que assumir o verdadeiro eu, pode, às vezes, ser tão desconfortável?

Aproveitemos que as máscaras caíram, para sustentarmos nossa diferença diante dos outros. O maior problema mesmo, não é sanitário, mas é ser confundido com alguém que não somos!