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No texto de hoje vou elencar três motivos do por que você não deve amar o seu emprego.

1) “Vestir a camisa” da empresa é um engodo

Talvez você tenha lido esse subtítulo e pensado o quão pretensioso essa frase pode ser, mas, pense bem: por qual motivo, ou quais motivos - é sempre bom pensar que se tem mais de um – para “vestir a camisa da empresa?”. O que te moveria a isso? Ser reconhecido no trabalho? Tornar-se autoprodutivo? Ser promovido? Vender mais e melhor? Puxar o saco do chefe para ser amado por ele? Ser admirado? Pode parecer absurdo (ou nem tanto), mas tem gente que almeja tudo isso, e, mais um pouco. 

Não importam as razões, vestir a camisa é um engodo porque em primeiro lugar, você não é o seu emprego. E só tem o primeiro lugar mesmo. Esse já dá trabalho o suficiente. 

Você pode ser engenheiro, advogado, professor... não importa. Inclusive, nossa profissão é parte de nossa identidade, e repito: parte, porque não somos aquilo com que trabalhamos.

O mesmo vale para quem não tem uma profissão definida pelo ensino superior. Todos, sem exceção, não somos o nosso trabalho.

Não estou dizendo que você não deve trabalhar com afinco, responsabilidade, comprometimento, acreditar naquilo que está vendendo, não se trata disso, mas, “vestir a camisa” é despersonalizar-se. 

O que vem primeiro sempre deve ser quem eu sou, e o que eu desejo. Colocar os desejos da empresa em primeiro lugar é um engodo. Num belo dia, você é demitido e te substituem no dia seguinte. E aí, não adianta dizer que deu tudo por aquela empresa, que “vestiu a camisa”. A única camisa que você deveria ter vestido desde o momento em que entrou, era a sua. 

2) Se você ama, logo, deseja ser amado

Amar é reflexo, dizia o poeta Neruda. Se eu amo, preciso ser amado. Se eu amo o meu trabalho, logo, ele também deveria me amar. E como isso seria possível? 

Aquelas pessoas que precisam a todo custo agradar a todos, necessitam ser amadas por todos é um bom exemplo disso. E quem almeja isso, só se deparará com uma coisa: o fracasso.

É impossível agradar a todos, além de ser desnecessário. Gostar do seu emprego já está ótimo. Não precisa esboçar sorrisos o tempo todo, puxar saco, fazer horas extras, e afins para conseguir alguma coisa. Amar dá trabalho. Assim como nos relacionamentos amorosos, amar o que você faz irá te gerar um grande sofrimento psíquico, uma vez que sempre precisará de alguma prova de que teu trabalho está bom, de que você também é “amado”. Haja narcisismo para dar conta disso, e haja sanidade mental.

A sociedade do cansaço, o livro de Byung-chul Han já sugere isso. Estamos todos apressados e correndo buscando reconhecimento, ser produtivos, mostrar-nos proativos, acordar às 5h da manhã, mas a que custo?

Se você gosta do que faz, teu trabalho renderá bons frutos. Isso é uma equação exata. É uma questão de tempo e sorte – porque sim – a sorte comparece em alguns momentos para aqueles que trabalham com paixão, porque com isso, boas e interessantes oportunidades surgem. É consequência. Os que são bem sucedidos profissionalmente podem dizer isso. Ou seja, não diz respeito a uma lógica: ame teu trabalho e o sucesso virá. O verdadeiro sucesso caminha para o outro lado.

3) Tudo muda o tempo todo

Para este item irei contar uma história real. Eu a ouvi essa semana e  representa bem como a nossa vida não – pode nem deve – girar em torno do nosso trabalho.

Ela havia tomado a decisão de sair do emprego. Pegou suas coisas e foi embora. Num dia aparentemente corriqueiro, sem nada planejado para tal ato. Não, não foi uma decisão fácil. Talvez estava sendo construída há tempos. Estava nervosa, como disse. E devido a essa decisão “repentina” acabou pegando o ônibus errado. Percebeu o erro através da passagem, pois, era mais barata do que o ônibus que frequentemente pegava.  Ao perceber o erro, em tempo, pediu para o motorista parar. Desceu e foi ao ponto de ônibus mais próximo. Foi lá em que nos encontramos e conversamos.

Disse tudo isso sorrindo, talvez, de nervoso.

Mas, ao mesmo tempo, apresentava uma serenidade daquelas que só se vê em quem tem a coragem de se retirar do lugar em que não está feliz.

Perguntei a ela o motivo daquela coragem repentina. Disse que não aguentava mais humilhações. O local de trabalho parecia desorganizado, “sem gerência” como relatou. Perguntei o tempo de trabalho: 2 meses.

2 meses dá mesmo para entregar as contas, não é? Sim, dá. Até por menos, bem menos.

Ela esboçava um sorriso leve. Estava desempregada, mas feliz. Ela acabara de deixar dias infelizes, ansiedades, tristezas. A sua frente, havia novas oportunidades. E toda uma trajetória desconhecida. Ela não fazia ideia do que seria dali pra frente, mas tinha a certeza do que não queria mais: sofrer humilhações.

Ela seguiu, sem olhar para trás.

Nos despedimos com um sorriso, dessa vez, tranquilo, e ousaria dizer, certo, de alguém que tomou, talvez, a decisão que mudaria a sua vida.

Este é um caso de quem não ama o seu trabalho, porque se ela amasse, jamais tomaria essa decisão, estaria presa a ele, sabe-se lá por quanto tempo. Não vestiu a camisa da empresa, aliás, a jogou logo que viu-se “humilhada”, ferida em sua dignidade. Ela não precisava daquilo. Aquilo ali, não era ela, não era o que desejava para si. 

  É totalmente possível trabalhar gostando que faz sem pagar um preço alto por isso.

Às vezes, basta só abrir a janela e olhar a vida passando. Perguntar-se por que e para quem você faz o que faz. Vale a pena?  Um passo, e tudo muda, de vez! 

Simony Ornellas Thomazini


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