A generic square placeholder image with rounded corners in a figure.


“O que quer uma mulher?”


Por: Simony Ornellas Thomazini
Data: 02/07/2019
  • Compartilhar:

Há muito por dizer a respeito dessa temática sob o ponto de vista da psicanálise, mas nesse texto, discutirei questões sobre a relação desta pergunta com a literatura.

Porém, antes de fazer essa associação, é importante saber que Freud durante 30 anos pesquisou o “continente negro” feminino, expressão utilizada por ele em algumas de suas obras antes de conhecer a sexualidade feminina.

Durante 30 anos de sua pesquisa, ele foi incapaz de responder a pergunta: “O que quer uma mulher?”. Em sua Conferência intitulada “Feminilidade”, Freud a termina nos dizendo para que façamos uma consulta aos poetas, ou aguardemos para que a ciência responda a essa pergunta. 

Muito discutida até hoje entre os psicanalistas e tema debatido em diversos trabalhos acadêmicos, inclusive o meu, como artigo de final de graduação, essa pergunta nos traz inúmeras inquietações e distintas respostas, como já havida nos sugerido Freud, tanto entre os poetas, e a arte em geral, como, na própria psicanálise.

A escritora Simone de Beauvoir em seu livro: “O segundo sexo” escreveu: “Não se nasce mulher, torna-se mulher.” E as mulheres, existem uma a uma. Querem ser amadas, ser mãe, ser aquilo que puderem ser. E isso se dá devido a uma construção que se inicia desde os primórdios da relação mãe e filha.

Todavia, como enunciei no início desde artigo, não será minha pretensão discorrer sobre questões psicanalíticas mais complexas a respeito do tema.

Uma mulher não quer ser compreendida, embora ela peça e reivindique por isso, seu desejo é sempre outro, pela coisa e pelo seu oposto ao mesmo tempo. E várias escritoras através de suas personagens femininas, nos trazem esses dilemas. A mulher carrega em si mesma um enigma, cada uma, em sua particularidade.

Uma escritora que tenho profunda admiração, e pode nos dar uma das possíveis respostas a esta pergunta é Clarice Lispector. Em seu livro: “A paixão segundo G.H”, a personagem G.H diz que: “Mas não procure entender-me. Faz-me apenas companhia”.

Nesta frase vemos declarada a importância da presença para uma mulher. Por essa razão que a mulher deseja a coisa e o oposto da coisa ao mesmo tempo. Ela deseja um mais além ao ato de ser compreendida. Como desejar a compreensão de alguém sem que ela não ofereça sua companhia? 

As mulheres existem uma a uma, como já foi dito, e cada mulher quer a liberdade de ser o que ela quiser ser. Há inúmeras respostas, porém sempre incompletas e controversas, tal como a mulher.

E elas seguem sendo, reinventando-se, e recriando caminhos nessa árdua tarefa em ser. Há multidões em volta de uma única mulher, e não há fórmulas que se aplique a todas, porque elas são e serão sempre não-todas.

O que quer uma mulher? Que cada uma possa inventar suas próprias respostas. 

Simony Ornellas Thomazini


Anuncie com Jornal Noroeste
A caption for the above image.


Veja Também


smartphone

Acesse o melhor conteúdo jornalístico da região através do seu dispositivos, tablets, celulares e televisores.