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Vivo, logo viajo


Por: Simony Ornellas Thomazini
Data: 02/08/2019
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“Um dia é preciso para de sonhar e, de algum modo, partir.” Amyr Kilnk

 

Escrevo esse texto no dia em que cheguei de minha viagem a Campos do Jordão. 

E é sobre viajar que a coluna de hoje se destina.

Quando foi a última vez em que você viajou? 

Atualmente existem milhares de agências, pacotes, promoções e preços acessíveis a quem quiser aventurar-se em conhecer novos lugares. 

Há uma frase bem famosa que diz: “Viajar é mudar a roupa da alma”. A cada viagem, além da bagagem cultural que trazemos pra casa, também agregamos outros “ares” a nossa alma.

Ninguém sai ileso de uma viagem. É praticamente impossível voltar do mesmo jeito que se foi. E é verdade também dizer que há muitas nuances nisso, uma vez em que o motivo que nos leva a viajar podem ser inúmeros. E diversas podem ser as mudanças que uma viagem nos causa. 

Se por exemplo, eu viajo porque estou em crise no meu casamento, temos aí uma fuga. E sabemos: aonde quer que vamos, os problemas vão com a gente. Com isso, mais cedo ou mais tarde, teremos que lidar com os dilemas. A viagem nesse sentido acaba tendo a função de evitar o desprazer, e, ao final, é bem provável que nada mude. 

Resolver o que não está funcionando para depois viajar, além de ser benéfica a saúde mental, pode ser também um dos meios saudáveis de lidar com a possibilidade do luto de um rompimento amoroso. 

Viajar para recomeçar é um dos melhores motivos. Embora possamos recomeçar do zero todos os dias – basta desejarmos – viajar com esse propósito é libertador. E nesse sentido, sim, uma viagem pode até ser um meio de cura. Repito: um meio, não a única alternativa possível. E dou o exemplo do livro e filme: “Comer, rezar e amar”.

No filme, Liz Gilbert, interpretada pela atriz Julia Roberts, jornalista e escritora, após um recente divórcio e um envolvimento amoroso logo após o rompimento de seu casamento, se vê confusa sobre a pessoa em que ela havia se tornado. Nesse sentido, estabeleceu um roteiro com 3 países para buscar novas maneiras de obter forças para a vida: Itália, Índia, e Indonésia.

Para quem já assistiu, e para quem não viu – fica aqui a sugestão – Liz pôde enfim, reconectar-se consigo mesma.

É claro que não posso deixar de comentar a respeito dos planejamentos que uma viagem requer. Investimento de tempo e dinheiro. É preciso saber conciliar as duas coisas, pois, quando más utilizadas, podem nos consumir muito.

Sobre o tempo, estamos sempre apressados. Sempre com os compromissos tumultuados, e a vida não pode parar para uma “viagem”, porque viajar é desnecessário, ou é “coisa de rico”, ou, sempre tem algo mais importante para comprar ou pagar do que um pacote de viagem. Mas, a grande verdade é que viajar é a única coisa que compramos e ficamos ainda mais ricos.

Sobre o dinheiro, há que se ter disciplina. O dinheiro gosta de gente que gosta dele, e que por isso, cuida. Não vou elencar aqui dicas para cuidar bem do seu dinheiro, mas é fato que, se houver planejamento é muito possível viajar. E não precisa ser com destinos longos. O que importa numa viagem é a qualidade do tempo, não a quantidade. 

Unir os dois: tempo e dinheiro, é o caminho para o nosso propósito, ou seja, viajar.

 Eu não conhecia Campos do Jordão. E quando não conhecemos um lugar nossos olhos são ainda mais atentos e, portanto, mais entusiasmados. Ingrediente fundamental numa viagem. 

Achei a cidade incrivelmente linda e poética, uma vez em que Campos do Jordão é conhecida como a Suíça brasileira. Mas, além da riqueza histórica que pude conhecer, portanto, da bagagem cultural e de conhecimentos vários que trouxe pra casa, também guardo comigo os momentos vividos, os saberes que cultivei disso, e sobre tantas outras coisas que daria um novo artigo.

Viajar é sobre renovar-se, sobre mudar a alma de casa, de rever comportamentos, olhar com mais calma pra si mesmo, passar bons momentos ao lado da família que devido a correria do dia-a-dia, esquece-se de contemplar com calma e cuidado os vínculos que devem ser cultivados.

Viajar é sobre reforçar laços. É criar novas memórias sobre algumas lembranças dolorosas. É colocar um novo pano de fundo na vida apressada, ou, ainda, um impulso para se ter coragem. É respirar aliviado depois de um pedido de demissão naquela empresa que o consumiu por anos. É poder descansar. É aquilo que você quiser que seja.

É uma possibilidade de se reconectar consigo mesmo e com os outros. É um momento de parar, ou de seguir em frente. 

E nada melhor do que uma viagem, entre uma coisa e outra.

 

Simony Ornellas Thomazini é Pedagoga com especialização em Psicopedagogia Institucional e Clínica; Psicóloga. Atua como psicóloga no CRAS - Centro de Referência da Assistência Social de Uniflor, e psicanalista na Fênix Desenvolvimento Humano.

Simony Ornellas Thomazini


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