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Férias: período para o descanso ou preocupações?


Por: Simony Ornellas Thomazini
Data: 20/01/2022
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2021 foi um ano intenso para todos nós. Juntando os dois últimos anos: 2020 e 2021, podemos dizer que é a soma de dois anos extremamente cansativos em que passamos por inúmeras adversidades e isso iria pesar em algum momento.

É comum que ao final de um ano inteiro de trabalho a gente retire nossas férias.

A primeira coisa que fazemos quando estamos de férias é tirar o tempo livre para descansar, recuperar o sono perdido, dentre outras atividades.  E por incrível que pareça, essa é também a maior dificuldade. Estamos acostumados com o ritmo da rotina de trabalho: a cumprir prazos, obedecer a horários, realizar tarefas,  gerar conteúdos, etc. Abdicar disso, entender que agora você tem todo o tempo livre, é das maiores dificuldades humanas.

É muito difícil esse processo em que você não precisa se preocupar, bem como não há necessidade em ser produtivo sem se sentir culpado por isso. O que acontece com a maioria das pessoas, é que elas passam a se sentirem mal por  não “fazer nada”. Mas, não é para isso que as férias servem? Não é esse o momento de desacelerar e focar em você mesmo?

Sim, é. Mas, é necessário um outro trabalho, dessa vez interno, para que possamos compreender isso. Não há maneiras de ensinar esse processo. Somos culturalmente educados que precisamos produzir, necessitamos “mostrar serviço”. Como que de um dia para o outro você simplesmente passa maior parte do tempo dormindo, por exemplo? Ou se divertindo, ou viajando, ou cuidando de você mesmo, sem que isso não te faça mal por um outro lado?

É uma construção interna entender que essa é a função e o objetivo das férias. Foram dois anos extremamente difíceis. Assistimos a inúmeras tragédias, perto e longe. Trabalhamos muito e merecemos descanso, sem o peso do pensamento de que o uso do tempo deveria estar sendo dedicado a “fazer alguma coisa”.

Se uma pessoa procurar ficar repleta de outros afazeres, ela só estará substituindo o fator de estresse, e não terá de fato, as férias.

Esse é o momento, inclusive, em que aquelas questões mais antigas da nossa própria existência começam a ganhar espaço, já que antes estavam submersas no ritmo acelerado dos dias. Esse é o momento de repensar, questiona-se sobre o que nos inquietava, mas não tínhamos tempo para pensar porque estávamos ocupados trabalhando.

O tempo das férias é precioso e necessário. Todo nós precisamos de pausas.  Este é o momento em que o corpo e a mente precisam para se regenerar. Deveríamos ter mais dias de descanso durante o ano, mas, no Brasil, a política trabalhista consiste em se trabalhar doze meses para podermos ter direito a férias. Há exceções, claro. Há empresas que retiram esse direito do funcionário em função da necessidade de produção. As consequências disso para essas pessoas, são bem piores, pois o excesso de trabalho pode aumentar a probabilidade de algumas doenças mentais, como ansiedade, depressão e burnout.

Que em 2022, 2023, 2024... a gente possa usufruir do direito pelo descanso. Que possamos estar sem fazer nada, numa rede, no sofá, ou em qualquer lugar sem que a nossa consciência fique nos acusando que precisamos produzir. Não, não precisamos! Esse tempo é nosso, dedicado inteiramente a nós mesmos. E, por fazermos tão pouco isso, é que criamos essa barreira. Que neste ano e, nos próximos, esse processo seja menos difícil e possamos cada vez mais aproveitar o sabor real da delícia em estar de férias. Como já disse o poeta Carlos Drummond de Andrade: “A vida necessita de pausas”.

 

Simony Ornellas Thomazini


Anuncie com Jornal Noroeste
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