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A vida não tem gabarito


Por: Simony Ornellas Thomazini
Data: 18/10/2019
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Eu gostaria de dizer a vocês que existem respostas para cada pergunta que a gente faz. Mas, a verdade é que se existissem respostas paratodas as nossas perguntas, não existiria tanta gente confusa sobre tanta coisa, e também não existiria a própria vida.

Tudo começa na infância. Existe a famosa fase dos por quês. A gente cresce e as perguntas mudam. A cada vivência surgem inúmeras dúvidas. E é muito saudável que elas existam. A falta de implicação sobre a própria vida seria a morte.

O fato é que da própria vida, não dá para esperar resposta. A vida é o que acontece enquanto a gente faz planos para o final de semana. É o que acontece enquanto tomamos banho e nos questionamos porque não dizemos tal coisa para aquela pessoa. 

A vida acontece o tempo todo, e não espera que a gente esteja “pronto”, precisamos ir aprendendo durante o caminho. 

Não haverá bulas, nem manuais de instrução. E no lugar dessa frustração que muitas vezes aparecem para algumas perguntas em que não encontramos possíveis soluções, é preciso recriar outros caminhos. Ou outras perguntas. 

E é aqui que isso se torna um problema para muita gente. 

Existem muitas pessoas que querem as coisas mastigadas. Querem a famosa receita de bolo para determinado problema ou dúvida. E existem muitas psicoterapias que prometem isso. 

Para o problema x, você fará isso. Para o problema y, faça aquilo. Mas, a vida é complexa. E não é encaixável em uma ou duas soluções milagrosas que se apliquem a todos.

Cada pessoa é um mundo. E para cada “problema” haverá muitas perguntas que a própria pessoa talvez tenha medo de fazer por justamente saber a resposta. O obvio é a verdade mais difícil de enxergar, não é?

É dai que surgem as queixas. “Por que isso só acontece comigo?” A pergunta certa seria: “O que eu estou fazendo para isso continuar a se repetir na minha vida?” Desta pergunta, inúmeras respostas e novas questões seriam formuladas demonstrando, portanto, o quão inesgotável é o ser humano.

Não são as respostas que nos salvam, embora elas deem o efeito terapêutico que as terapias da moda tanto prometem.  E isso seduz. Sim, alivia, mas temporariamente. A vida muda e a gente muda com ela. Durante o imprevisto que a vida sempre nos coloca, aquela fórmula dada e mastigada não vai se aplicar, será preciso inventar. E é aí que novos ou piores sintomas podem aparecer.

As perguntas dão espaço para a criatividade, para a própria vida. São as perguntas que nos fazem caminhar, pensar e criar.  Imaginem se Isaac Newton não tivesse se questionado sobre o fato de que a maça não caiu da árvore por acaso? A Lei da Gravidade não teria sido formulada.

E teríamos outros inúmeros exemplos da importância das perguntas na história da humanidade. As coisas não estão aí por acaso. Você não tem “dedo podre” para relacionamentos, mas existe um por que na tua vida que faz com que repita a escolha dos mesmos parceiros.

Não é a vida que é injusta contigo, não é o destino, não é Deus, mas é algo que você faz com o que lhe acontece que te coloca nas mesmas situações.

São as perguntas que nos salvam. As perguntas nos impulsionam, nos fazem crescer. Não espere que a vida lhe dê frutos se você mesmo não for lá e plantar a semente.

A vida não tem gabarito. 

Na escola da vida, vai ser preciso você mesmo criar o seu.

 

Simony Ornellas Thomazini é psicóloga e psicanalista. 

Atua como psicóloga no CRAS (Centro de Referência da Assistência Social) em Uniflor, e psicanalista na Fênix Desenvolvimento Humano em Nova Esperança. 

Simony Ornellas Thomazini


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