A generic square placeholder image with rounded corners in a figure.


Setembro Amarelo o ano inteiro


Por: Simony Ornellas Thomazini
Data: 24/09/2019
  • Compartilhar:

Falar sobre morte ainda é um tabu, logo, o suicídio que é uma forma de morrer também é considerado um tabu. 

Freud dizia que é inconcebível e inimaginável pensarmos sobre a própria morte. “No fundo, ninguém acredita em sua própria morte, ou, o que vem a ser o mesmo, no inconsciente, cada um de nós está convencido de sua imortalidade.”

Em outras palavras, podemos dizer que segundo Freud, a morte não existe em nosso inconsciente, acreditando assim em nossa imortalidade tornando-se, portanto, tão difícil pensar e falar sobre ela. 

Dito isso, passamos a ignorar o assunto, e assim contamos as crianças que quando alguém morre vira uma estrelinha, ou vai para algum outro lugar, o que deixa aberto para uma possibilidade de volta. 

Sabemos que a pessoa não voltará. Mas, será que ao dizermos isso a uma criança estamos consolando-a ou consolando a nós mesmos? As pessoas morrem, essa é uma realidade difícil de aceitar, mas nem por isso deixam de existir, pois com elas ficam as marcas, o amor, as lembranças, a história vivida com cada um delas. 

Há aqueles que amam a vida, e há aqueles que fogem da própria dor, e para essas pessoas é quase inadmissível olhar para um outro que escolhe desistir da própria vida optando em sair de cena escolhendo a morte.

Dessa forma, se há tanta resistência em falar e lidar com a morte, como as pessoas que não estudam sobre o tema do suicídio conseguem reconhecer seus sinais e os alertas de riscos?

 Como podemos ensinar as pessoas que depressão não é frescura, falta do que fazer, se vivemos numa sociedade que não permite vivenciar a tristeza, a dor, o choro, as etapas do luto e faz uso de medicação em excesso indo justamente na contramão disso tudo que está sendo dito?

Setembro amarelo é o mês da prevenção ao suicídio, mas é preciso ir muito além disso. Precisamos derrubar o mito de que é necessário termos uma vida perfeita e começarmos a entender que algo sempre faltará em nossa vida, que em alguns momentos é preciso a angústia do vazio para que possamos atravessá-los; criar redes de apoio que amparem, deem o suporte auxiliando nessa árdua tarefa que é viver.

Aceitar a tristeza, falar sobre a dor, dar espaço para o choro, respeitar as etapas do luto é imprescindível que se fale o ano inteiro. É urgente que haja o diálogo sobre depressão e suicídio e que as pessoas entendam que procurar ajuda psicológica NÃO é coisa de louco e ditos do gênero. 

É importante destacar que escutar pessoas com depressão e pensamentos suicidas NÃO é para qualquer um, não se pode achar que pode dar conta de algo tão sério, por isso se você notar que alguém precisa de ajuda recomende análise ou terapia. 

É apenas falando sobre a morte, depressão e suicídio que podemos colocar um fim nos mitos e tabus ainda tão presentes. Cabe aqui a advertência: não apenas em setembro, mas o ano inteiro. 

 

Simony Ornellas Thomazini é psicóloga e psicanalista. Atua como psicóloga no CRAS (Centro de Referência da Assistência Social) em Uniflor, e psicanalista na Fênix Desenvolvimento Humano em Nova Esperança. 

Simony Ornellas Thomazini


Anuncie com Jornal Noroeste
A caption for the above image.


Veja Também


smartphone

Acesse o melhor conteúdo jornalístico da região através do seu dispositivos, tablets, celulares e televisores.