A generic square placeholder image with rounded corners in a figure.


A fantasia nossa de cada dia


Por: Simony Ornellas Thomazini
Data: 21/06/2019
  • Compartilhar:

Durante a vida, às vezes, ocorre da gente fugir daquilo que mais desejamos. Sim, é um paradoxo! Como fugir daquilo que se deseja? Porém, isso é mais comum do que se possa imaginar. E é muito provável que já tenha acontecido contigo. Vou explicar.

Supondo que você deseje muito alguma coisa: um emprego, uma namorada (o), mudar de cidade, uma viagem, enfim, qualquer coisa que mobilize em você a sair de sua “zona de conforto”.

A partir desse desejo criamos em nossa fantasia aquilo que supostamente poderia “dar certo”, imaginamos como seria, inventamos mil maneiras de tudo ocorrer bem conforme o planejado.

Porém, idealizar algo é diferente de realizar.

Colocar isso em prática exigiria muito trabalho e consequências das quais não seria bom “pagar pra ver”. E é aí que grande parte das pessoas fica apenas na segurança da fantasia.

Lá, nada pode dar errado. Enquanto se imagina, há conforto. E com isso o pensar se sobrepõe ao agir. Algo muito comum de acontecer com a maioria das pessoas. 

A partir do momento em que se pensa numa possibilidade de colocar aquela fantasia em ação, ocorrem os pensamentos: “E se não der certo?” “E se acontecer isso ou aquilo?” “ E se...” E a fantasia volta novamente a se tornar mais atraente. Porque nela, nada pode dar errado, não há nenhuma dificuldade, nenhuma frustração, nenhum estresse, é tudo muito lindo!

Muito mais fácil e rápido sustentar esse lugar sem custo algum. Mas, ficar só na idealização, como já devemos saber, nos traz angústias, medos das quais ficam cada vez mais difícil de sair.

Com isso, culpabilizamos sempre um outro, e acabamos postergando o que desejamos. Colocamos a culpa no chefe, nos pais, no filho (a), no marido, na esposa, no cachorro, no gato, no “destino”, e seguimos resignados buscando alguém ou algo para culpar a nossa frustração em não realizar nossos desejos.

Porém, quem além de mim é responsável por aquilo que desejo?

É muito mais conveniente culpar o “destino” pelo caos em nossa vida. Mas, é como naquela frase: “Como culpar o vento pela desordem feita se foi eu quem deixou a janela aberta?”

A psicanálise nos mostra que somos os únicos responsáveis por nossas escolhas. E somente nós somos capazes de nos tornar protagonistas de nossa própria vida. É uma questão de escolha. Ou, eu sigo fantasiando livre de frustrações, estresses, dificuldades, ou, eu me arrisco e lido com as consequências.

É perder ou ganhar. E quando se escolhe algo, inevitavelmente haverá perdas. Os ganhos vêm por acréscimo, isto é, num depois. 

O problema é que passamos muito tempo fazendo de tudo para não perder nada, quando na verdade, o paradoxo da vida reside justamente nisso: quando mais se pensa que não irá perder, mais se perde. E o preço disso é muitas vezes, pago com a própria vida!

 

Simony Ornellas Thomazini é Pedagoga com especialização em Psicopedagogia Institucional e Clínica; Psicóloga. Atua como psicóloga no CRAS - Centro de Referência da Assistência Social de Uniflor, e psicanalista na Fênix Desenvolvimento Humano.

Simony Ornellas Thomazini


Anuncie com Jornal Noroeste
A caption for the above image.


Veja Também


smartphone

Acesse o melhor conteúdo jornalístico da região através do seu dispositivos, tablets, celulares e televisores.