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Lembrando o extinto Cine Esperança: entretenimento fascinante e cultural


Por: Alex Fernandes França
Data: 24/01/2024
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Em polvorosa, os expectadores se aglomeram em frente o Cinema para acompanhar mais uma das suas concorridas sessões Fotos: Arquivo Jornal Noroeste

Os cinemas sempre foram um local de entretenimento popular, oferecendo às pessoas a oportunidade de escapar da rotina e mergulhar em histórias emocionantes na tela grande.

Nos tempos atuais, com a proliferação de salas de cinema modernas e complexos multiplex nas grandes cidades, muitas vezes esquecemo-nos do charme e da magia que os antigos cinemas nas cidades de menores portes proporcionavam. Esses espaços singulares contavam histórias de uma época em que o cinema era uma verdadeira celebração, reunindo a comunidade inteira em torno de uma tela prateada.

O extinto Cine Esperança, que findou suas atividades no início da década de 80, de propriedade do saudoso “Santinho Del Grossi” nos faz voltar no tempo e mergulhar na nostalgia e no encanto que este nos proporcionava.

O cinema local desempenhou um papel vital na vida comunitária. Era o ponto de encontro onde às pessoas se reuniam para assistir a filmes e compartilhar experiências emocionantes juntas.

Uma das características marcantes dos antigos cinemas eram sua arquitetura e design únicos. Muitos desses edifícios eram verdadeiras obras de arte, com fachadas elaboradas, marquises chamativas e interiores ricamente decorados. Alguns cinemas também incorporavam elementos temáticos que transportavam os espectadores para diferentes épocas ou lugares, como cinemas com estilo art déco ou inspirados no Velho Oeste.

Uma foto icônica mostra o extinto Cine Esperança em seus primórdios

Fachada diferenciada e icônico hall de entrada

O Cine Esperança possuía uma fachada diferenciada e as bilheterias ficavam nas extremidades, facilitando a compra dos ingressos. Logo no hall de entrada vendiam-se as tradicionais gomas de mascar do tipo “Plets”, de embalagem amarela refrigerantes, pipocas e outras guloseimas.  Os cartazes enormes exibidos na frente do Cinema era uma parte icônica da experiência cinematográfica, pois tinham o poder de atrair a atenção das pessoas e despertar o interesse pelos filmes que eram exibidos, incorporando a função de contar uma sinopse em uma única imagem. Alguns cartazes se tornaram tão icônicos que se tornaram símbolos culturais, o de “Dr. Jivago”, “Bonequinha de Luxo”, “tubarão”, "O Poderoso Chefão", "Star Wars" dentre outros.

Embora a televisão tenha se tornado popular a partir dos anos 1960, o cinema ainda era considerado uma forma especial de entretenimento. A experiência de assistir a um filme em uma sala escura, com uma tela grande e som surround, proporcionava uma imersão única que não podia ser replicada em casa.

Ano 1962: jovens aproveitam a imponente fachada do Cine Esperança e posam para o registro fotográfico

O ritual da experiência Cinematográfica:

Ir ao Cine Esperança era mais do que apenas assistir a um filme. Era um ritual completo, desde esperar na fila para comprar ingressos até encontrar um assento confortável na sala escura. O som do projetor, a imagem projetada na tela e o cheiro das pipocas faziam parte dessa experiência imersiva. Além disso, frequentemente apresentava curtas-metragens, desenhos animados e noticiários antes do filme principal, enriquecendo ainda mais a experiência cinematográfica.

À medida que a popularidade do cinema crescia os filmes também começaram a refletir a realidade no Brasil. Produções nacionais retratavam questões locais, costumes regionais e personagens com os quais o público se identificava, como o icônico Jeca Tatu, do ator e produtor Amácio Mazzaropi (1912-1981).

Sala de projeção do antigo Cine Esperança, de propriedade do saudoso “Santinho Del Grossi”

O Cine Esperança não apenas exibia filmes. Ia muito além, promovendo conexões comunitárias. Era comum ver amigos e vizinhos se encontrando nas sessões de cinema e compartilhando momentos de diversão e entretenimento juntos.  O espaço também servia para a realização de eventos especiais, como festivais de música promovidos pela extinta Rádio Sociedade 670 KHZ – AM, encontros de fãs e estreias regionais. Essas ocasiões fortaleciam os laços entre os moradores e criavam um senso de pertencimento à comunidade.

Com o avanço da tecnologia e a popularização dos vídeos cassetes, os antigos cinemas enfrentaram desafios significativos. Muitos desses estabelecimentos foram obrigados a fechar suas portas devido à concorrência e à falta de recursos para se adaptarem às novas demandas. No entanto, alguns cinemas conseguiram resistir ao tempo, revitalizando-se e oferecendo experiências únicas, como exibições de filmes clássicos e eventos temáticos.

A sala de exibição do antigo Cine Esperança servia também às diversas  apresentações  culturais 

Memória e legado

A importância e legado deixados pelo Cine Esperança ainda permanecem vivos na memória dos seus frequentadores bem como da comunidade local.

 O espaço representa um capítulo especial na história da cidade, onde as pessoas se conectavam e se divertiam juntas. A atmosfera acolhedora e o encanto antigo cinema são inesquecíveis para aqueles que tiveram a sorte de experimentá-los.

À medida os avanços tecnológicos acontecem, é importante lembrar e celebrar o antigo cinema, cujo prédio atualmente abriga a Casa das Ferragens, na Avenida 14 de dezembro 778, como parte importante de nossa herança cultural. O Cine Esperança remete a um tempo em que assistir a um filme era uma experiência compartilhada e significativa.

Portanto, vamos honrar essas memórias e reconhecer a importância deste e outros cinemas como tesouros culturais em nossas comunidades, mantendo viva a paixão pela sétima arte.


Anuncie com Jornal Noroeste
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