Travessias
Broncas[1]
Esse texto eu escreverei mais na condição de aluno do que na de professor. E o assunto é: chamadas de atenção (e mesmo broncas).
É cansativo quando um professor desperdiça parte significativa da aula para chamar a atenção. Ter a atenção cobrada faz parte do processo educacional, o que cansa é receber broncas e sermões. E o que mais incomoda é quando o professor chama a atenção de forma coletiva, fazendo com que os bons paguem pelos ruins. Isso desmotiva o estudante sério.
Para esclarecer: não se trata também do professor, identificando o aluno que incomoda, desferir a sua fúria contra ele. Isso também não é papel de um bom professor, pois esse ato, além de não ser uma boa atitude, pode gerar um desgaste com a turma. Difícil uma turma que goste de um professor agressivo.
Eu sei, porém, que às vezes uma chamada de atenção mais forte é importante para fazer com que todos fiquem sob uma saudável pressão. Que pressão é essa? A de que escola não é entretenimento, e de que descansos e relaxamentos não combinam com o ambiente de estudos.
Saber chamar a atenção é algo que todo professor deve aprender. Não há fórmulas para isso, assim como há poucas fórmulas em matéria educacional. Todavia, o professor deve ter cuidado para não generalizar as críticas, pois, querendo ou não, críticas gerais servem para todos. Não custa nada dizer: “há pessoas que não se encaixam nessa crítica, e elas saberão que não é para elas”. E não custa nada, ao final, fazer valer o problemático ditado que diz “a mesma mão que bate é a que acaricia”. A bronca pela bronca é vazia.
Dr. Felipe Figueira
Felipe Figueira é doutor em Educação e pós-doutor em História. Professor de História e Pedagogia no Instituto Federal do Paraná (IFPR) Campus Paranavaí.