Aviação agrícola: eficiente, regulada, transparente e pouco compreendida
A aviação agrícola é uma das ferramentas mais eficientes seguras para o trato de lavouras, seja com produtos químicos ou biológicos – além de ser usada para aplicação de fertilizantes e semeadura. Isso porque, além da alta tecnologia embarcada, é a que mais exige especialização de sua equipe. E é a única ferramenta para o trato de lavouras com regulamentação própria (e extensa) – logo, a mais facilmente fiscalizável.
“Tá, mas e os casos de deriva?”, muita gente pergunta, quando se faz essa explicação.
A deriva, que é quando o produto aplicado se desvia do alvo, é algo que pode ocorrer com o avião, trator, drone e até com pulverizador costal. E no mesmo nível. Sempre que as condições climáticas (velocidade do vento, umidade relativa do ar e temperatura ambiente) não forem as ideais na hora da aplicação. Com o avião tendo vantagem pela sua velocidade e precisão: consegue iniciar e terminar a aplicação antes que se alterem as condições atmosféricas ideais.
Sendo determinante também para a redução do uso de insumos na lavoura. Tanto pela cobertura uniforme quanto a menor chance de necessitar de retrabalho. Sem falar que o avião ainda elimina as perdas de amassamento (já que não toca nas plantas).
Conforme o diretor operacional do Sindicato Nacional das Empresas de Aviação Agrícola (Sindag), Cláudio Júnior Oliveira, a segurança no campo passa, além da tecnologia, por educação e fiscalização de todos os meios. “E aí também a aviação agrícola se destaca”, lembra ele. A começar pelo piloto: ele precisa primeiro ser piloto comercial e somar pelo menos 370 horas de voo para daí poder ingressar no curso de piloto agrícola. Além disso, cada operação aeroagrícola precisa ter ainda a coordenação de um agrônomo contratado especialmente para isso. E, em cada missão em campo, a equipe de solo precisa ter um técnico agrícola com especialização em operações aeroagrícolas.”
O dirigente lembra outras exigências exclusivas da aviação agrícola, como o pátio de descontaminação e os relatórios operacionais. “No caso do pátio, é o local onde a aeronave e seus equipamentos são lavados, com as águas residuais indo para um tratamento de efluentes. Ou seja, nada tóxico vai para o meio ambiente.”
Já os relatórios operacionais abrangem desde a identificação da equipe envolvida na operação, produto e dose utilizada, condições atmosféricas e até o arquivo digital do DGPS da aeronave, mostrando toda a aplicação (até a trajetória da aeronave com o sistema de pulverização estava aberto ou fechado). Cada relatório com seu resumo enviado ao Ministério da Agricultura e originais obrigatoriamente na empresa aeroagrícola, à disposição de qualquer fiscalização.
“Muitas vezes o avião sofre as consequências de sua própria transparência: como ele é visto e ouvido mesmo de longe, seguidamente é apontado por erros que não foram seus”, assinala o dirigente do Sindag. “O que não quer dizer que não podem ocorrer falhas. Mas com legislação pesada sobre si, de todas as ferramentas a aviação é a mais facilmente fiscalizada e, quando é o caso, punida”, completa Oliveira.
Uma da melhor ferramenta que o homem inventou, para ajudar a produzir e proteger alimentos e meio ambientes. Segundo “Arnaldo Borges” da Ivaí Aero Agrícola
Conforme “Rolemberg Vidotti” da Viagro Vidotti Agro Aérea: “Foi proibida aviação agrícola dos municípios de Nova Esperanças e Castelo Branco e os problemas com deriva continua da mesma maneira, segundo a Presidente da associação dos criadores do bicho da seda, “Sandra Andrade Maniela” dito na reportagem na rádio CBN Maringá.
Segundo Professor João Ruas:
Com a agricultura cada vez mais moderna, aprimoramos a capacidade de monitoramento das pragas, doenças e plantas daninhas, nos tornando mais eficientes no controle destes problemas.
Realizando a operação no momento certo e utilizando a dose e o produto recomendando, é possível diminuir consideravelmente o número de pulverizações durante a safra, proporcionando maior harmonia e segurança com o meio ambiente.
Importante destacar que para cada produto aplicado existe uma dose recomendada pelo fabricante, a qual precisa ser seguida no momento do preparo da calda, diminuindo o risco de aplicar uma dose maior que o necessário.
Após a identificação do tipo da praga, é feito o planejamento do controle e dependendo do problema identificado é possível utilizar como exemplo inseticidas seletivos, que consiste em mecanismo para controlar a praga sem alterar negativamente a atividade de organismos não- alvo existente na área, como inimigos naturais e polinizadores.
Podemos ressaltar ainda que avanço da tecnologia na produção dos defensivos agrícolas tem aumentado o leque de opções de moléculas, como por exemplo os produtos biológicos, com destaque também para os inseticidas, estes produtos são baseados em microrganismos bacterianos, fúngicos ou extratos de plantas.
Essas moléculas podem ser pouco nocivas ao meio ambiente. Outra ferramenta eficiente no manejo de pragas na agricultura é o controle biológico.
A premissa básica é controlar as pragas e os insetos transmissores de doenças a partir do uso de seus inimigos naturais, que podem ser outros insetos benéficos, predadores, parasitóides, e microrganismos, como fungos, vírus e bactérias. Estes produtos também podem ser aplicados através da pulverização aérea, podemos citar como exemplo o uso de Metarhizium (fungo), em áreas de pastagens e na cultura da cana de açúcar.
Independente do produto a ser utilizado, antes de iniciar a aplicação aérea, o piloto junto com a equipe de campo, precisa verificar as variáveis que são limitantes na segurança e eficiência da chegada da gota no alvo e dessa forma diminuir o risco de deriva:
- Temperatura
- Umidade relativa do ar
- Velocidade do vento
Para essas variáveis existem os valores mínimos e máximos que precisam ser respeitados.
No caso de algum dos fatores citados estiver fora dos limites recomendados a operação deve ser suspensa imediatamente.
Encerrada a aplicação aérea é gerado um mapa com toda operação realizada através do sistema de DGPS da aeronave, nele é possível verificar os trajetos e pontos de abertura e fechamento da passagem da calda de pulverização nas barras de pulverizar e os pontos onde foram realizadas as manobras do avião, dessa maneira é possível monitorar toda operação.
Junto com o mapa, é obrigatório entregar um relatório de campo descrevendo as operações realizadas pela aeronave na área de trabalho, com os dados da velocidade do vento, temperatura e umidade relativa do ar no momento da aplicação e quais os produtos foram aplicados com suas respectivas doses utilizadas.
Este material é elaborado e assinado pelo profissional qualificado que deve ser o responsável técnico pela aplicação aérea.
Vale pontuar que para que ocorra a aplicação aérea, existe a legislação a ser seguida e fiscalização pelos órgãos competentes dos profissionais e empresas envolvidas com a atividade, além dos protocolos para serem seguidos.
Esses fatores aliados as técnicas que garantem a eficiência da operação são fundamentais para a segurança ambiental e alimentar no uso dos defensivos agrícolas.
EngoAgrônomo João Miguel Francisco Ruas
CREA 91873/D – Pr
- Mestre em Agronomia com ênfase em Tecnologia de Aplicação pela Universidade Estadual de Londrina
- Coordenador em Aviação Agrícola
- Aplicador Aero Agrícola Remoto- CAAR
- Aperfeiçoamento em Manejo Integrado de Pragas- Universidade Federal de Lavras
- Docente nas Disciplinas de Máquinas e Mecanização e Tecnologia de Aplicação no curso de Agronomia- Universidade Anhanguera - Unopar
- Professor do curso de MBA em Gestão, Inovação e Sustentabilidade Aeroagrícola.
- Mentor do Programa Boa Práticas Aeroagrícolas