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Planeta dos Macacos - O Reinado


Por: Odailson Volpe de Abreu
Data: 16/05/2024
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A saga cinematográfica de O Planeta dos Macacos é um fascinante exemplo de como uma franquia pode evoluir e se adaptar ao longo do tempo. Iniciada nos longínquos anos 1960 com a trilogia original, a série conquistou o público com sua narrativa envolvente e temas provocativos sobre sociedade, evolução e a relação entre humanos e primatas. Em 2001 ocorreu uma tentativa de reboot comandada por ninguém menos do que Tim Burton — que na época estava no auge de sua fama e prestígio como diretor — porém essa versão não teve o mesmo sucesso dos filmes anteriores. Passando um tempo, a franquia ressurgiu com vigor em 2011 com Planeta dos Macacos: A Origem, apresentando uma abordagem mais moderna e profunda, explorando questões de liderança, moralidade e sobrevivência em um mundo pós-apocalíptico dominado por símios inteligentes.

Essa nova trilogia, composta pelos títulos A Origem (2011), O Confronto (2014) e A Guerra (2017), foi aclamada pela crítica e pelo público, destacando-se pela tecnologia de captura de movimento que deu vida aos primatas com realismo e expressividade impressionantes. Essas produções não apenas mantiveram o legado da franquia original, mas também expandiram seu universo, explorando temas filosóficos e éticos de forma cativante e relevante para o público contemporâneo, solidificando assim o lugar de O Planeta dos Macacos como uma das sagas mais memoráveis e impactantes da história do cinema de ficção científica.

Agora, o aclamado O Planeta dos Macacos está de volta aos cinemas, não como um novo reboot, mas como algo novo, que mistura de maneira muito inteligente e interessante uma continuação como novo começo. Essa semana, a Coluna Sétima Arte vai trazer algumas considerações sobre esse filme, que estreou de forma avassaladora na última semana. Você vai ficar por dentro de tudo o que vale a pena saber sobre Planeta dos Macacos - O Reinado.

Foto: Divulgação

O novo filme da franquia Planeta dos Macacos se destaca como uma obra cinematográfica que combina habilmente elementos de aventura, desenvolvimento de personagens e um contexto de mundo pós-apocalíptico. Dirigido por Wes Ball e guiado por um roteiro escrito por Josh Friedman, o filme marca tanto o início de uma nova trilogia quanto uma continuação da saga iniciada em 2011, mantendo-se fiel ao legado da franquia.

A história se desenrola em um futuro distante, onde os símios evoluíram e dominam a Terra. No centro da trama está Noa, um jovem chimpanzé membro do Clã das Águias, uma comunidade que vive em harmonia com a natureza e as águias. Quando seu clã é atacado e capturado por forças inimigas lideradas por Proximus Caesar, Noa embarca em uma jornada para resgatá-los, contando com a ajuda de aliados improváveis, incluindo uma humana e um orangotango pregador.

Uma das grandes qualidades do filme está na construção dos personagens e situações, como visto na grandiosa cena de abertura, que estabelece os principais elementos da narrativa e cria empatia com os protagonistas. Noa, ao lado de seus amigos Soona e Anaya, é apresentado em uma caçada perigosa por ovos de águia, uma cena que define seus objetivos e motivações. Na dinâmica de buscar cativar essa ave desde o ovo, ele acaba por conquistar o próprio público logo no início do filme. Aí está um dos pontos fortes dessa obra, a caracterização dos personagens e a construção de suas relações. Noa, interpretado por Owen Teague, cai quase que imediatamente no gosto do público, que se identifica com sua jornada de descoberta e coragem, enquanto outros personagens, como Soona e Anaya, adicionam profundidade e emoção à narrativa. O elenco entrega performances sólidas, destacando-se também Peter Macon como Raka, o orangotango.

O roteiro de Friedman apresenta uma narrativa simples, porém bem construída, que mergulha no universo dos símios falantes e explora temas como a coexistência, a busca por identidade e o amadurecimento pessoal. A escolha de focar em um protagonista que cresce perante os olhos dos espectadores, permite uma imersão gradual no mundo transformado pela evolução símia e pela decadência da sociedade humana.

A direção de Ball mantém o tom solene e respeitoso a tudo aquilo que já foi construído anteriormente na franquia, incorporando referências visuais e sonoras dos filmes anteriores. As cenas de ação são bem coreografadas e complementam a trama, embora em alguns momentos o ritmo do filme possa parecer irregular devido à indecisão entre ser uma aventura pura, um road movie peculiar ou uma crítica social mais profunda.

Sobre as críticas sociais, vale a pena ficar atento à maneira como a obra, ao explorar um mundo pós-apocalíptico, aborda questões profundas sobre a evolução da sociedade e as consequências das ações humanas. Planeta dos Macacos - O Reinado faz o expectador se questionar tanto por causa das questões ambientais quanto por conta dos avanços e limites da própria Ciência. Isso porque a inversão da cadeia evolutiva, causada por um vírus que dizimou bilhões de pessoas, cria um cenário onde os macacos se tornam a espécie dominante, enquanto os humanos agem como animais irracionais. Algo impossível, mas, no atual contexto pós pandêmico, completamente plausível.

A ambientação e os efeitos visuais são outro ponto positivo, destacando-se a cena da ponte sobre o rio como um momento visualmente impactante. A utilização de locações reais e a captura de movimento para os primatas contribuem para uma experiência mais tátil, imersiva e verossímil.

No entanto, a indecisão narrativa em certos momentos e a falta de uma direção mais definida em relação ao tom do filme podem ser pontos de crítica. Ao tentar abordar diferentes aspectos, Planeta dos Macacos - O Reinado corre o risco de não se aprofundar o suficiente em nenhum deles, deixando o público com a sensação de que a história poderia ter sido mais focada e impactante.

Por que ver esse filme? Planeta dos Macacos - O Reinado é uma continuação sólida que mantém a consistência e o respeito pelo universo da franquia. Com uma narrativa envolvente, personagens cativantes e uma ambientação visualmente rica, o filme oferece uma experiência satisfatória para os fãs da saga e para o público em geral, mesmo que em alguns momentos sua ambição narrativa possa se perder em meio a diferentes direções. De qualquer forma, a popularidade do filme em seu fim de semana de estreia vem demonstrando que suas qualidades são muito maiores do que seus possíveis defeitos. Boa sessão!

Odailson Volpe de Abreu


Anuncie com Jornal Noroeste
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