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Pantera Negra — Wakanda Para Sempre


Por: Odailson Volpe de Abreu
Data: 10/11/2022
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Já faz um tempo que os fãs estão ansiosos pela estreia do fim de semana. Desde seu anúncio até a divulgação de suas artes conceituais e dos trailers, Pantera Negra Wakanda Para Sempre vem chamando a atenção positivamente. No entanto, após a Marvel lançar títulos que dividiram a opinião da crítica e do público dado à pouca intensidade de suas tramas, (veja, por exemplo, Thor Amor e Trovão), muita gente ficou apreensiva sobre qual o resultado dessa sequência, que é a continuidade do filme mais emblemático, consistente e premiado da Marvel ao longo do seu Universo Cinematográfico (MCU). Sobre Pantera Negra Wakanda Para Sempre a Coluna Sétima arte deixa você muito bem informado.

Para começar, é bom dizer que não é fácil remendar algo, ainda mais quando isso é o roteiro de um filme. No ano de 2020 a morte do ator Chadwick Boseman pegou a todos de surpresa, inclusive a Marvel. Ele interpretou de forma louvável o herói Pantera Negra no filme de mesmo nome em 2018. Já nessa época o ator mantinha em segredo o tratamento contra um câncer de colón, que o levou ao óbito. Com um roteiro pronto e um filme prestes a iniciar as gravações, a Marvel enfrentou um grande dilema: substituir o ator ou encerrar a franquia Pantera Negra? Como resposta ela optou por uma alternativa muito mais difícil, mas também muito mais digna: não substituir o ator e dar continuidade ao projeto sem ele.

Dessa forma, o diretor/roteirista Ryan Coogler, juntamente com seu corroteirista Joe Robert Cole, reescreveram o rumo da trama do filme e, como homenagem, deram o mesmo destino do ator ao seu personagem T’Challa, o rei do fictício Reino de Wakanda. Partindo disso já fica evidente que o novo longa do Universo Cinematográfico da Marvel é um misto de homenagem, respeito e reverência à memória do ator falecido. Dessa forma, Pantera Negra Wakanda Para Sempre acaba sendo um ponto fora da curva no gênero de filmes de heróis.

O diretor foi muito eficaz em buscar suporte nos atores que já estavam no elenco do filme anterior uma forma de suprir a ausência do brilhantismo e do carisma de Boseman. Interessante que, dos grandes nomes à sua disposição, ele escolheu um que, por mais famoso que fosse ela foi indicada ao Oscar de Melhor Atriz em 1994 não era o que tinha mais espaço no filme de 2018, Angela Bassett. Como rainha Ramonda, no filme anterior, ela sempre foi uma grande presença em tela, mas ficava ofuscada diante dos demais atores. Agora, ela demonstra toda a sua capacidade ao assumir para si o papel de uma rainha que, mesmo vivenciando um luto profundo, ainda governa e é capaz de se colocar à frente do reino mais poderosos do Universo Cinematográfico da Marvel.

Mas engana-se aquele que acredita que ela é a principal protagonista da trama, pelo contrário, o roteiro foi construído de forma a dividir o protagonismo entre vários atores e atrizes, de maneira que todos são importantes para a história e contribuem de forma relevante para o desenvolvimento da mesma. Dentre eles é preciso destacar positivamente pelo menos três, além de Bassett. São eles Letitia Wrigth, Tenoch Huerta e Dominique Thorne.

Letitia Wrigth se tornou um nome complicado para a Marvel durante a pandemia, seu posicionamento antivacinas foi um problema para os estúdios, além de ser, no mínimo, um péssimo exemplo para os fãs e para toda a comunidade internacional. Eventualmente, essa escolha pouco prudente de Wrigth em relação à sua própria saúde e a dos demais trabalhadores do set de filmagem atrasou de certa forma a conclusão da obra. Mas, mesmo assim, a irmã mais nova do rei T’Challa continua sendo carismática e interessante. Nesse retorno para as telas grandes ela apresenta outras facetas até então desconhecidas de sua personagem. Shuri sempre foi vista no MCU como uma mente brilhante e defensora da abertura de Wakanda para o mundo, do mais, era apenas uma coadjuvante com momentos de brilho intenso. Agora, ela encarna por completo uma personagem passional e completamente humana, que oscila entre momentos de heroísmo e vingança. Tanto a princesa, quanto sua mãe, a rainha, tendem a demonstrar a dor e o sofrimento do luto de formas completamente distintas, mas muito aceitáveis. De forma respeitosa, a Marvel coloca em tela sentimentos que muita gente vivenciou nos últimos anos, principalmente por conta da pandemia. Dessa forma, o filme é capaz de gerar um profundo sentimento de identificação nos fãs ao mesmo tempo em que os emociona.

Já Tenoch Huerta é uma grande adição ao MCU. Praticamente desconhecido do público em geral, o ator mexicano exala soberba, poder e comprometimento. Sua presença quase divinal em tela é mais do que uma adaptação de um personagem icônico das HQs, é uma homenagem para todo um conjunto de povos. Digo isso porque originalmente Namor, um dos personagens mais antigos da Marvel (ele foi criado em 1939) originalmente era governante de Atlântida. Isso te lembrou alguém? Impossível não pensar no Aquaman da DC/Warner que tem a mesma origem. Como Aquaman chegou primeiro aos cinemas, a Marvel e os roteiristas tiveram a brilhante ideia de adaptar o personagem para uma outra origem. Bebendo na mesma inspiração que tornou o filme Pantera Negra, de 2018, uma homenagem ao povo e a cultura africana, eles agora se voltaram para os povos Latino Americanos, valorizando sua história e cultura.

Por isso, o reino submerso de Talocan é o oposto de Atlântida, que no filme Aquaman era iluminada e colorida. Talocan é sombria, misterioso e complexa de várias formas. Nela reside um povo originário da América Central que, diante dos abusos e do terror dos colonizadores europeus recém-chegados durante o período da expansão ultramarina, resolveram se refugiar no fundo do mar. É essa relação conturbada e dolorosa que desperta no grande líder de Talocan, Namor, uma atitude sempre agressiva para com os forasteiros. Seu visual de inspiração nos povos da Mesoamérica, o território povoado por Astecas, Incas e Maias, o torna uma figura imponente, mas seu caráter acaba falando mais alto e deixando o público sempre atento para como sua história irá se desenrolar: será ele um herói, um anti-herói um ou vilão?

O outro destaque deve ser dado a inclusão de Dominique Thorne na trama. Já sabemos que muito em breve ela será premiada com uma série só dela no Disney Plus, mas a presença da tão esperada Coração de Ferro em Pantera Negra – Wakanda Para Sempre já é por si só uma boa surpresa. Coube à mente brilhante da personagem que ela interpreta, Riri Williams, desenvolver o aparato capaz de encontrar vibranium o metal precioso que faz de Wakanda um reino imbatível —, no fundo do mar e que levou Namor, juntamente com seu desejo de proteger seu povo, a entrar na história.

Dito isso, o que cabe a mim é comentar sobre os aspectos técnicos da obra de Ryan Coogler, que foi responsável por fazer do filme anterior um grande evento. Tradicionalmente esnobada em grandes premiações, a Marvel viu a Cerimônia do Oscar de 2019 abrir suas portas ao filme de Coogler devido ao grande desempenho técnico dessa obra. Agora, ao escrever e dirigir a continuação desse filme, ele traz toda essa competência de volta e, por mais que alguns efeitos visuais estejam aquém do esperado, ele apresenta um excelente trabalho de fotografia, uma trilha sonora digna de uma indicação ao Oscar e sequências de ação de tirar o fôlego. Não é fácil manter essa qualidade por quase três horas e com um emaranhado de histórias e personagens que dariam tranquilamente para fazer mais um ou dois filmes. Vamos à trama!

No filme, o reino de Wakanda se expande para além de suas fronteiras, mesmo após a trágica morte do rei T'Challa. Quem assume o governo é rainha Ramonda. Enquanto isso, Shuri, M'Baku, Okoye e a guarda real, Dora Milaje, lutam para proteger a nação fragilizada de outros países que vem na sucessão ao trono um bom momento para se aproveitar do que o reino tem de mais valioso, o vibranium. Em meio a isso tudo, Wakanda ainda terá que aprender a conviver com uma poderosa nação subaquática, Talocan, e com seu governante, o misterioso mutante Namor.

Por que ver esse filme? Porque, para a tristeza do diretor Quentin Tarantino que na última semana anunciou que não vê a hora do gênero de heróis chegar ao fim, Pantera Negra – Wakanda Para Sempre prova que o filme de herói ainda é um gênero que pode ser explorado positivamente e que se mantém mais vivo do que nunca. Porque o filme, diferente de outros da mesma categoria, não é só diversão, mas tem um tom de catarse emocional muito bem-vinda após um período de incertezas e luto imposto pela pandemia. Porque é o filme mais emotivo e o mais importante dessa fase 4 do MCU, que deixou muito a desejar com os filmes anteriores. Por fim, vale a pena ser visto porque é triste, bonito e grandioso. Boa sessão!

 

Assista ao trailer:

 

 

Odailson Volpe de Abreu


Anuncie com Jornal Noroeste
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