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Oppenheimer


Por: Odailson Volpe de Abreu
Data: 20/07/2023
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Essa semana o mundo está mais cor-de-rosa do que nunca! Isso porque aconteceu a tão esperada estreia do filme da Barbie. Bem por isso e, só para contrariar, a coluna dessa semana não vai tratar sobre o filme da boneca mais famosa do mundo. Vamos esperar esse hype exagerado baixar um pouco e colher as impressões sobre o filme ao longo da próxima semana. Essa semana a coluna vai tratar de outra obra de peso que, infelizmente, chegou ao mesmo tempo que o filme da Barbie nos cinemas. Hoje você vai ficar por dentro de tudo a respeito desse filme que pode não ser tão badalado quanto o longa rosado dirigido por Greta Gerwig, mas que tem a trama e a direção de tirar o fôlego e que pode facilmente ofuscar o mundo rosado de Barbie e Ken. Essa semana a Coluna Sétima Arte traz para você Oppenheimer.

Vamos começar com a justificativa para a escolha de Oppenheimer em detrimento de Barbie. O filme em questão é aguardo pela crítica e boa parte do público como uma das possíveis melhores estreias para o ano de 2023. Isso porque a direção da obra está sob o comando de ninguém menos que Christopher Nolan. Esse diretor é um verdadeiro gênio da sétima arte, conhecido principalmente por seu estilo de abordagem cinematográfica criativa e inovadora. Seus filmes, além de complexos, são extremamente cativantes e avassaladores junto ao público. Só para ilustrar essa afirmação, segue algumas obras marcantes de Nolan. A começar por Amnésia, lá na virada do século, depois ele foi responsável pela trilogia de Batman Cavaleiro das Trevas, o fenomenal A Origem, de 2010 e mais recentemente Dunkirk, de 2017. Tudo o que Nolan faz é pura arte e inovação.

Seus filmes, em geral, apresentam narrativas não lineares e temas complexos, embalados por um tipo muito peculiar de abordagem visual. Outra característica desse diretor é sua preferência por efeitos práticos no lugar de CG, só isso já garante ao expectador experiências incríveis no cinema. Atualmente, é inegável a sua influência e sua importância no atual cenário cinematográfico mundial, por isso, é muito injusto que um grande lançamento desse diretor seja eclipsado pela supervalorização popular de um filme juvenil (por melhor que ele seja).

Oppenheimer ostenta, em suas três horas de filme, nenhuma única tomada em CG, conforme o próprio diretor destacou recentemente numa entrevista. Além disso, Nolan recriou para seu filme o primeiro teste nuclear realizado na história, contando com o apoio de cientistas exclusivamente escalados para as gravações. Vale a pena ressaltar que esses cientistas estão no próprio filme como figurantes.  

Algo que tem chamado a atenção dos fãs de Nolan para Oppenheimer é o fato dele ter adicionado a essa obra um elemento até então não explorado por ele, as cenas de nudez. O filme recebeu classificação etária para maiores de 18 anos devido às cenas de violência explícita e as longas sequências de nudez entre os atores Cillian Murphy, famoso por Peaky Blinders, e a atriz Florence Pugh. Não se engane, nada é gratuito nos filmes de Nolan, se essas cenas estão lá é porque são relevantes para a trama.

Falando em trama, ela não poderia ser mais interessante. O filme é baseado no livro biográfico Oppenheimer: o triunfo e a tragédia do Prometeu americano, escrito por Kai Bird e Martin Sherwin. Além de diretor, Nolan também é o roteirista desse filme e, dessa vez, ele escreveu o roteiro, baseado na biografia já exposta, totalmente em primeira pessoa, uma novidade na forma de escrita de Nolan. O roteiro traz a história do físico J. Robert Oppenheimer que trabalhou com uma equipe de cientistas durante o Projeto Manhattan, levando ao desenvolvimento da bomba atômica.

Para contar essa história de forma muito peculiar, o diretor conta com uma verdadeira constelação de estrelas. Com destaque para os atores Jack Quaid, Matt Damon, Matthew Modine, Emily Blunt, Gary Oldman, Rami Malek, Kenneth Branagh e também Robert Downey Jr. Só tem talentos, o que dispensa comentários! Além, é claro, dos já citados anteriormente Cilliam Murphy, que usufrui de todo o seu talento para entregar uma representação extremamente realista de seu personagem, e da excelente atriz Florence Pugh.

As cinebiografias podem ser compreendias no mundo do entretenimento como uma faca de dois gumes, elas podem ser muito envolventes e cativantes, o que resulta num verdadeiro sucesso, ou simplesmente descartáveis. Christopher Nolan, com a experiência de quem já transitou por praticamente todos os gêneros cinematográficos, desenvolve uma cinebiografia bem diferente daquelas com as quais todos estão acostumados. Ele faz isso ao apresentar uma narrativa não-linear, mas acessível e bastante tensa, cheia de idas e vindas no tempo.

Por que ver esse filme? Primeiro, porque ele é visualmente primoroso e só isso já basta para fazer você assisti-lo na maior tela possível. Segundo, porque a forma como a história é contada prende o expectador do começo ao fim, mesmo sendo uma trama repleta de questões envolvendo física e política. Terceiro, porque a trilha sonora é incrível e capaz de conferir ao andamento da trama tanto o clima necessário de tensão, quanto o tom solene de grandiosidade. Por fim, porque diferentemente do que aconteceu com Tenet, de 2020, nessa obra Christopher Nolan orquestra muito bem o elenco enorme e dá consistência e sentido à história que quer contar. Resultado, possivelmente um dos seus melhores trabalhos.

Ultimo recado, não caia na conversa dos críticos que compõem o fandom (grupo de pessoas que são fãs determinada obra em comum) da Barbie. Esses, em meio a uma enxurrada de críticas positivas, tendem a enviesar duras análises contra Oppenheimer, como por exemplo, com condenações ao ritmo, roteiro e duração do filme. Se dê ao luxo de ir ao cinema simplesmente para apreciar a obra, aproveitando o melhor que um longa-metragem de qualidade pode oferecer. Boa sessão!

 

 

Odailson Volpe de Abreu


Anuncie com Jornal Noroeste
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