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Indiana Jones e a Relíquia do Destino


Por: Odailson Volpe de Abreu
Data: 29/06/2023
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Após uma semana de pausa devido a questões profissionais, estamos de volta. A Coluna dessa edição começa abordando o quão difícil tem sido para os grandes estúdios lançarem filmes que realmente possam agradar ao público. Nesse breve período de tempo entre a última Coluna e essa, foi possível perceber algo bem interessante e que, talvez, seja fruto do entretenimento self-service engordado pelo streaming após o período pandêmico: um bom filme já não faz mais o público sair de casa para ir ao cinema. Parece que o público, ultimamente, tem se interessado apenas por filmes excepcionais. Você deve estar se perguntando qual o motivo dessa discussão e a resposta é simples. Os dois últimos lançamentos, por mais que tenham sido interessantes e com qualidade, não agradaram ao público e os números de suas bilheterias estão bem abaixo do esperado. Quais são os filmes? O primeiro é The Flash, que amarga um fracasso de bilheteria que coloca em xeque todo o novo projeto do Universo DC sonhado pela Warner no cinema. O segundo é Elementos, nova animação da Dinsey/Pixar que enfrenta contrariedades por parte do público mais fiel. O primeiro, por mais que se esforce, indica que os fãs não estão disponíveis para desperdiçar tempo e dinheiro numa história que não terá futuro, já que o Universo DC no cinema passará por um reboot. O segundo, demonstra que o público já não aceita mais filmes que não saiam da zona de conforto e que entreguem boas histórias embrulhadas no bom e velho “mais do mesmo”. Por isso, a estreia dessa semana terá que se esforçar muito para superar os defeitos dessas duas estreias antecessoras e lograr uma boa bilheteria. Essa semana, a Coluna Sétima Arte trará algumas considerações sobre Indiana Jones e a Relíquia do Destino.

Mais uma vez é preciso falar sobre o clima de nostalgia que paira sobre Hollywood, já faz tempo que essa aura de saudosismo revoa no mundo do cinema. São poucas as histórias realmente originais que se destacam nessa indústria, por outro lado, são muitas as continuações, algumas bem distantes temporalmente falando. Umas bem-sucedidas como Top GunMarverick e outras nem tanto. Agora chegou a vez de um clássico que marcou toda uma geração e mudou a história do cinema voltar a passar por isso, Indiana Jones.

A última tentativa de reviver o mítico herói no cinema foi muito malsucedida, tudo por causa dos alienígenas. Veja bem, como bom fã de Indiana Jones (meu amigo, eu escolhi fazer História e não Direito na faculdade por causa dos filmes desse cara!), eu preciso concordar que o roteiro que introduzia os alienígenas em Indiana Jones e o Reino da Caveira de Cristal, de 2008, estava completamente fora do padrão estabelecido pela trilogia original. Bem por isso, os fãs reclamaram muito e o filme até hoje é considerado como o pior de toda a série. Agora, embalado por esse desenfreado sentimento de volta ao passado, os estúdios trazem Indiana Jones de volta. Porém, é preciso considerar que para que o filme seja bom, muita coisa precisa ser adaptada e eis que tanto o diretor, quanto os roteiristas e os produtores se esforçaram ao máximo para isso. Assim, surge novamente a grande dúvida: será um sucesso ou um fracasso?

A reação dos críticos no Festival de Cannes, em maio, quando o filme foi exibido pela primeira vez, não poderia ter sido mais inconclusiva. Boa parte da crítica especializada que viu o filme adorou e a outra metade odiou. Essa divisão entre os críticos é um péssimo termômetro e já fez o filme estrear com uma nota bem mediana no site Rotten Tomatoes, nota que tende subir ao longo do fim de semana. Por isso, o que nos resta é acompanhar as próximas semanas e ver como o público reagirá a esse filme que a acabou de estrear.

Indiana Jones e a Relíquia do Destino é o primeiro filme que não conta com Steven Spielberg na direção e só isso já é algo que chama a atenção. Não há dúvida alguma de que Spielberg é a cara de Indiana Jones e vice-versa. Mas, agora as rédeas estão sob outra direção e sabemos que esse peso exigirá do novo diretor muito mais esforço para entregar aquilo que se espera de alguém que está substituindo tão ilustre figura. O diretor escolhido para empreitada foi James Mangold e, a meu ver, foi uma ótima escolha. Ele foi responsável pela direção de Logan, de 2017, uma obra que tem uma pegada muito parecida com essa do quinto filme de Indiana Jones. Ou seja, é um filme que trabalha sobre quem é o herói após o seu auge.

Mangold assinou o roteiro juntamente com David Koepp e os irmãos John-Henry e Jez Butterworth e eles tiveram o cuidado de ambientar a trama num momento que não apenas refletisse o final da carreira do protagonista, mas também um período de profunda transição cultural, 1969. Dessa forma, existe um paralelo entre a decadência do herói que tenta resgatar seus dias de glória, mas que se encontra fragilizado pelo peso do tempo e os valores da sociedade pós 2ª Guerra Mundial, que enfrenta dificuldades assistindo ao esfacelamento do sonho americano diante das profundas crises encaradas no Ocidente. O roteiro tem o dinamismo que se espera e aprendeu com o erro do filme anterior, construindo uma história que mescla sonho, ficção e fantasia de forma muito plausível. Assim, esse é um filme que fala sobre crise, mas também sobre a superação dela enquanto brinca com o sonho de reviver o passado.

Sobre o elenco, a grande estrela é sem dúvidas o envelhecido Harrison Ford e, para além de suas inegáveis qualidades como ator, sua idade avançada é o maior trunfo de sua atuação. A vulnerabilidade imposta pela idade corrobora para a construção de um Indiana Jones bastante interessante, isso porque ele ainda tem todo o vigor do herói, mas também a fragilidade de um senhor de oitenta anos e isso humaniza o protagonista. Além dele, ganham destaque o vilão da trama e a afilhada de Indiana Jones. Mads Mikkelsen já é expert na categoria vilão alemão no cinema (risos). O personagem de Mikkelsen é interessante pois mantém a tradição de centrar o vilão da franquia dentro da ideologia nazista. Já a afilhada de Jones é interpretada por Phoebe Waller-Bridge, que é um excelente acréscimo à trama, mas que não tem a oportunidade de mostrar todo seu brilho em cena.

Sobre a trama do filme, ela tem como base a busca por um artefato mágico capaz de fazer as pessoas viajarem no tempo, mas não é apenas isso! Situada em plena corrida espacial, apresenta a iniciativa do governo dos Estados Unidos de recrutar ex-nazistas para colaborarem no plano de vencer a União Soviética na competição para chegar ao espaço. Jürgen Voller, um membro da NASA e ex-nazista envolvido com o programa de pouso na lua, deseja tornar o mundo um lugar melhor voltando ao passado e mudando os rumos da História. Cabe ao arqueólogo Indiana Jones e a sua afilhada Helena frearem os planos de Voller.

Por que ver esse filme? Indiana Jones e a Relíquia do Destino tem sido vendido como último filme da franquia, por mais que ninguém acredite nesse tipo de marketing, no entanto, correr o risco de perder a aventura derradeira de Indiana Jones no cinema seria um grande pecado. Por isso, se você é fã, tem que ver! Agora, se você quer apenas um filme bacana com uma história interessante para fugir da correria da vida, esse é um ótimo filme. Poderia ter mais aventura e mais cenas no estilo Steven Spielberg, mas, mesmo assim, agrada mais do que decepciona. Boa sessão!

Assista ao trailer:

 

Odailson Volpe de Abreu


Anuncie com Jornal Noroeste
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