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Homem-Aranha: Sem Volta Para Casa


Por: Odailson Volpe de Abreu
Data: 16/12/2021
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Alerta: Esse texto não possui spoilers! Nessa última coluna do ano de 2021 eu quero falar sobre fan service! Já comentei sobre esse termo antes, mas vale a pena colocá-lo em foco novamente, principalmente por conta da grande estreia da semana (para muitos, grande estreia do ano). No mundo do entretenimento o termo fan service é utilizado quando elementos, muitas vezes desnecessários, são adicionados na história principal para agradar, atrair ou divertir. Os estúdios Marvel são especialistas na arte do fan service e, agora, dividem toda essa expertise com sua parceira Sony, atual detentora dos direitos do Homem-Aranha e com quem partilha o desenvolvimento do tão esperado blockbuster que acabou de chegar ao cinema, Homem-Aranha: Sem Volta Para Casa.

A história do Homem-Aranha no cinema está prestes a fazer vinte anos. No início dos anos 2000, Sam Raimi agradou aos fãs do herói que já o conheciam dos quadrinhos de longa data, na mesma medida despertou uma legião de novos fãs. O sucesso foi tamanho que, para toda a minha geração, Peter Parker tem a cara de Tobey Maguire. Em 2012, foi a hora de dar um reboot na história e Marc Webb deu nova cara para o Homem-Aranha, dessa vez interpretado por Andrew Garfield. Eu vou ser bem sincero, Garfield é um ator incrível, tanto é que sua performance no recente e aclamadíssimo Tick, Tick... Boom! (disponível na Netflix) não me deixa mentir, mas para mim ele não convence como Homem-Aranha. Aí veio a Marvel e, numa ação de fan service descarada, negociou os direitos do “teioso” com a Sony e ele foi incluído no seu Universo Cinematográfico. Nessa época eram inúmeros os memes na internet zoando o fato do Homem-Aranha não fazer parte dos Vingadores.

Tom Holland agradava, mas não convencia! Era o completo oposto do que os fãs estavam acostumados sobre a personalidade de Peter Parker, sobretudo nos quadrinhos. Parker sempre foi brincalhão, mas se teve algo que ele aprendeu a duras penas era que “grandes poderes trazem grandes responsabilidade”. Por isso, ele sempre estava disposto a fazer o máximo para salvar todos que pudesse. Já o Parker de Holland e da Marvel era um fiel retrato dos adolescentes da geração Z, tranquilo demais, não inclinado a assumir responsabilidades e muito, mas muito diferente do personagem das HQs. Ele foi um sucesso imediato entre os mais jovens e mesmo os mais velhos acabaram se rendendo mais ao carisma do ator do que à personalidade do personagem.

Dessa foram, tanto seu primeiro filme, Homem-Aranha: De Volta ao Lar, de 2017, quanto Homem-Aranha: Longe de Casa, de 2019, foram verdadeiros sucessos e elevaram muito as expectativas em relação à sua teceria sequência. Agora, o que o expectador deve esperar, além de puro fan service, é uma história de amadurecimento, onde o Homem-Aranha de Tom Holland começa a perceber que suas atitudes têm pesadas consequências e que a vida não disponibiliza o tempo todo alguém mais velho para resolver os seus problemas.

Partindo disso, vale a pena comentar sobre a trama! Em Homem-Aranha: Sem Volta Para Casa, Peter Parker precisará lidar com as consequências da exposição de sua identidade secreta após ter sido revelada pela reportagem do Clarim Diário, com uma gravação feita por Mysterio (isso ocorreu no filme anterior). Incapaz de separar sua vida normal das aventuras de ser um super-herói, além de ter sua reputação arruinada por acharem que foi ele quem matou Mysterio e pondo em risco seus entes mais queridos, Parker pede ao Doutor Estranho para que todos esqueçam sua verdadeira identidade. Entretanto, o feitiço não sai como planejado e a situação torna-se ainda mais perigosa quando vilões de outras versões de Homem-Aranha, de outros universos, acabam indo para seu mundo. Agora, Peter não só precisa deter vilões de suas outras versões, como tem que fazer com que eles voltem para seus universos originais. Com isso, ele irá finalmente aprender que, com grandes poderes vem grandes responsabilidades.

O filme tem um roteiro incrível, que consegue levar para a tela do cinema de uma maneira plausível um arco muito interessante dos quadrinhos. Além disso, ele incrementa de forma muito convincente o conceito de “multiverso” do Universo Cinematográfico da Marvel. Outro ponto positivo é o ar de filme épico. Os fãs irão adorar o clima que o filme transpassa, que é muito parecido com o de Vingadores: Ultimato, mas que, diferente do filme dos Vingadores, consegue dar espaço suficiente para que todos os personagens se desenvolvam e cresçam ao longo da história.

O mérito disso é todo do diretor Jon Watts, que fez milagres com uma trama muito complexa. Outra coisa bacana é que ele investiu bastante nas cenas de luta, dando uma boa ênfase nos personagens e seus golpes, tudo muito bem coreografado e muito bonito de ver. Em compensação, ele peca em outros aspectos técnicos que, atualmente, são o calcanhar de Aquiles dessas superproduções. No caso, o uso exagerado de CG no lugar de locações reais, o pouco esmero no enquadramento das cenas (cara, eu sou muito chato em relação a isso, enquadrar bem é o básico do básico) e pouca inspiração na hora de definir a iluminação das sequências são o que mais chama a atenção. De resto, o filme é um fenômeno.

O elenco é um show e vou destacar apenas aqueles que já foram revelados nos trailers. Além de Tom Holland que demonstra capacidade e compromentimento nesse filme, estão de volta e com muito mais espaço para bilhar a talentosíssima Zendaya, o divertido Jacob Batalon e o competente Benedict Cumberbatch, que assume mais uma vez o papel de Doutor Estranho. Mas quem rouba a cena são os vilões. Os já consagrados Alfred Molina (Dr. Octopus) e Jamie Foxx (Electro) estão de volta e, com eles, o incrível Willem Dafoe assumindo a personalidade insana do Duende Verde. Dafoe rouba a cena e seu Duende Verde é, de longe, o melhor dos cinco vilões que o Homem-Aranha deverá enfrentar. Um ator de luxo para o papel de coadjuvante!

Assista ao trailer:

 

Odailson Volpe de Abreu


Anuncie com Jornal Noroeste
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