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Eternos


Por: Odailson Volpe de Abreu
Data: 04/11/2021
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Há uma semana a internet estava em polvorosa, isso porque o renomado site agregador de críticas de entretenimento Rotten Tomatoes havia dado uma classificação bem baixa para o novo filme da Marvel. Sem o parecer do público e considerando apenas as críticas dos profissionais especializados surgiu uma grande interrogação na cabeça de todos os fãs do MCU (Universo Cinematográfico da Marvel): será que, pela primeira vez, a Marvel fez um filme realmente ruim?

Essa pergunta faz lembrar uma das máximas do marketing, “não existe marketing ruim”, ou seja, um jeito bonito de traduzir o bom e velho ditado brasileiro “falem mal, mas falem de mim”. Agora, muito mais gente está interessada (ou, talvez, curiosa?) em ir ao cinema para saber o que houve com esse lançamento. Por outro lado, pela primeira vez os estúdios da Marvel/Disney experimentaram aquele gostinho amargo de pré-estreia subestimada que a DC/Warner vem sentindo há tanto tempo. Ess semana o mais novo capítulo da fase 4 do MCU, Eternos, chegou ao cinema e a Coluna Sétima Arte vai deixar você muito bem informado!

A primeira coisa a se levar em consideração é o momento em que esse filme foi lançado. Após o grand finale da “Saga do Infinito” com os filmes Vingadores – Guerra Infinita e Vingadores – Ultimato, a Marvel investiu em produções mais comedidas. Foram lançadas séries, o filme da Viúva Negra em streaming e também Shang-Chi – A Lenda dos Dez Anéis, mas nada de muito ambicioso. Isso até agora, pois, ao escalar para a direção de um longa a atual ganhadora do Oscar de Melhor Direção e impor dez protagonistas interpretados por grandes estrelas, a Marvel subiu o hype (adoro essa gíria, a molecada tem usado demais, se você não está acostumado, ela quer dizer que algo está muito na moda e dando o que falar) em torno desse filme.

Bom, vale a pena lembrar que a jovem diretora chinesa Chloé Zhao já havia sido escolhida para dirigir Eternos muito antes de começar seu trabalho ganhador do Oscar, Nomadland. Além disso, Eternos deveria ter sido lançado bem antes se não fosse a pandemia. Mas quis o destino que a megaprodução, Eternos viesse após a cerimônia do Oscar (olha aí o hype sendo elevado de forma gratuita!). O que na verdade foi bom, porque o público que viu Nomadland já sabe o quanto a forma de Zhao de contar uma história difere do que já se viu na Marvel.

Esse é um ponto muito interessante desse novo caminho que a Marvel está trilhando. Todo mundo sabe como o grande chefão responsável pelo sucesso do MCU, Kevin Feig, age. Ele sempre indica os rumos que quer dar para o MCU e por isso não abre mão de comandar seus diretores e, por vezes, quando contrariado, trocá-los. Trabalhar para Feig é não ter total liberdade. Mas, após a grandiosidade dos dois últimos filmes dos Vingadores, parece que ele resolveu pisar no freio e abrir mão desse controle exagerado sobre as produções. O que não surpreende, pois caso contrário a Marvel seria reduzida a mais uma franquia no estilo Velozes e Furiosos (sempre “maior, melhor e sem cortes”, ou quase isso – risos). Bem por isso, Zhao era a melhor opção, ela tem um estilo bastante cult e uma pegada bem popular, algo que lhe rendeu muita liberdade criativa para esse trabalho. Para ilustrar bem a ideia, é como se Terrence Malick e Oliver Stone dirigissem um mesmo projeto em parceria (se você não pegou a referência, fica a dica!).

Posto isto, ninguém melhor do que Zhao para desacelerar o MCU sem perder a qualidade ou o interesse do público. Talvez esse seja o grande problema para os críticos e que acabou resultando na avaliação ruim no Rotten Tomatoes. Esperava-se muito mais, mas o que se entregou foi o necessário para uma grande história de origem para os dez heróis de uma só vez sem criar falsas expectativas.

Além do mais, outras obras de Zhao exaltavam a humanidade, a simplicidade e, por vezes, o sofrimento dos protagonistas. Esse aspecto, com certeza, será percebido pelo público e ajudará na identificação com os protagonistas de Eternos. Vistos pela humanidade, ao longo de milênios, como deuses, eles vão, aos poucos revelando a face mais humana que as obras da Marvel já foram capazes de ostentar. Antes tarde do que nunca!

A diretora também dá um show na hora de escolher cenários, ela é muito conhecida por isso, por escolher locações fantásticas para desenvolver suas tramas. Ela abriu mão do chroma key, utilizado em larga escala em filmes do gênero, para filmar em lugares incríveis e que dão muito mais credibilidade a obra. Só isso, somado ao belíssimo trabalho de fotografia, já faz o filme valer a pena.

Outro aspecto positivo é a diversidade. A Marvel tem dado passos largos nesse aspecto já faz um tempo, o que é muito bom, já que ela tem ditado as regras do entretenimento na atualidade, mas nunca se viu um filme com tamanha diversidade de uma vez em seu histórico recente. São atores de etnias variadas, com personalidades muito diferentes e dirigidos por uma mulher diretora e asiática. Além disso, o filme, em sua tentativa de diversificar e humanizar, introduz um elemento até então tido como tabu no gênero, as relações íntimas entre heróis. Ao que tudo indica, esse filme veio para redefinir os padrões dos filmes de herói, não vai agradar a todos, mas é um primeiro passo. Em tempos de padronização e retrocesso, Eternos é uma lufada de vigor e novidade.

Sobre o elenco, eu só posso dizer que é muita gente boa junta. É claro que nem todos têm o mesmo destaque ou a mesma desenvoltura com os papéis, mas quem vale a pena brilha mais forte. Para não nomear todo mundo porque é muita gente eu vou fazer apenas alguns destaques. Angelina Jolie e Ma Dong-seok brilham sempre que estão juntos, mas além deles Salma Hayek, Gemma Chan e Lia McHugh estão ótimas. Temos a dupla Game Of Thrones com Richard Madden e Kit Harrington (o primeiro infelizmente não é tão bom em seu papel de Superman genérico, mas dá para o gasto) e até mesmo, pasmem, Harry Styles está no elenco (mas apenas para os mais atentos — risos). Vamos à trama!

Os Eternos fazem parte de uma raça modificada geneticamente pelos deuses espaciais conhecidos como Celestiais. Dotados de características como imortalidade e manipulação de energia cósmica, eles são frutos de experiências fracassadas de seus próprios criadores, que também foram responsáveis por gerar os Deviantes, seus principais inimigos. Como missão eles devem acompanhar sem interferir, ao longo dos milênios, o desenvolvimento intelectual e tecnológico dos humanos e derrotar os Deviantes.

Por que ver esse filme? É claro que todo novo filme da Marvel é um evento, só isso já justifica. Mas, deve-se considerar também esse caráter de novidade que esse filme traz. Eternos vem repleto de reflexões implícitas que buscam levar o público a questionar seu destino e a maneira como cada um percebe o seu papel no mundo. Para mais, os dez heróis centrais estão conectados com todos os filmes futuros dessa fase 4 do MCU, por isso se você é fã da Marvel não pode deixar passar essa oportunidade de ir ao cinema. Fique atento para as cenas pós-créditos, elas são reveladoras. Boa sessão!

Assista ao trailer:

Odailson Volpe de Abreu


Anuncie com Jornal Noroeste
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