Médica infectologista alerta para os fatores de risco durante o surto de dengue
Crianças, idosos, gestantes, pessoas com comorbidades, imunossuprimidos e pacientes com reinfecção tendem a ter casos mais agravados
Até junho de 2022, ocorreram 1.172.882 casos prováveis de dengue no Brasil, um aumento de 195,9% se comparado ao mesmo período do ano anterior, segundo o Ministério da Saúde. Do total de casos, a região Centro-Oeste foi a que apresentou maior taxa de incidência da doença, seguida pelas regiões Sul, Sudeste, Nordeste e Norte.
De acordo com a Dra. Ana Helena A. Figueiredo, médica infectologista parceira da Docway, empresa pioneira em soluções completas de telemedicina, o surto desse ano já era esperado. “O aumento nos casos de dengue é decorrente de um maior índice de chuva, que dessa vez começaram já em dezembro, desencadeando um surto precoce em 2022”, comenta. “Além disso, tivemos o enfraquecimento da vigilância por conta do direcionamento à Covid, resultando em um déficit de atenção e verba para o cuidado contra a dengue”, diz.
A especialista explica que, no caso de arboviroses, doenças causadas por vírus transmitidos por mosquitos, a probabilidade de infecção está diretamente relacionada a região de moradia ou trabalho do indivíduo. “A proporção de Mata Atlântica remanescente no entorno de áreas urbanas está diretamente relacionada a esses tipos de surtos, tanto no caso da dengue quanto de zica e chicungunha”, aponta. “Em São Paulo, quando comparamos as regiões mais nobres, a área com maior incidência de infecção é nos arredores do Rio Pinheiros e Pacaembu, por ser uma região bem arborizada”, complementa.
Moradores de áreas socioeconômicas desvalorizadas também se tornam mais vulneráveis à doença, explica a infectologista. “Quando a gente pensa em construções mal organizadas, pensamos em muita água parada. Então a situação socioeconômica também está relacionada a um surto aumentado”, conta a especialista da Docway.
Já quando o assunto é a gravidade da doença, crianças, idosos, gestantes, pessoas com comorbidades e imunossuprimidos tendem a ter casos mais agravados. “O grande problema nas crianças é a identificação da doença, pois os sintomas são inexpressivos. Já no caso das gestantes, quando há infecção grave, existe o risco de morte fetal e parto prematuro após o terceiro trimestre da gestação”, explica. “Além disso, a dengue tem uma situação específica relaciona a reinfecção, pois quadros de infeção adjacente tendem a ser também mais graves”, aponta.
O diagnóstico pode ser feito tanto em consultas presenciais quanto via telemedicina. “Dor no corpo, dor de cabeça aguda, afetando principalmente a região dos olhos, e febre alta são os primeiros sinais de dengue”, afirma. Após a confirmação da doença, é papel dos médicos e enfermeiros acompanhar a evolução dos sintomas. “Geralmente, o paciente que vai ficar grave piora depois que a febre passa, por isso o acompanhamento clínico e a consulta de retorno são tão importantes”, finaliza a Dra. Ana Helena A. Figueiredo.