Como havia dito à minha companheira Marieta, a vida tem sido bastante movimentada aqui em casa. Marieta é a perfeita ouvinte, é uma gata. Suas preocupações estão ligadas em comer e dormir, qualquer atividade extra é um mero infortúnio. 

Por esses dias venho dizendo a ela sobre a liberdade de expressão e a liberdade de alcance, o quanto a confusão entre elas vêm acabando com a saúde mental, principalmente desse que redige essas ideias pingadas.

Liberdade de alcance é a possibilidade que uma determinada plataforma dá ao usuário de se expressar. Portanto, desde a freira do convento sul até quem acha que vive num enorme plano, passando pelos antivacinas, todos esses e mais alguns lunáticos têm as mesmas possibilidades de alcance. Isso só não se aplica ao Queiroz.

O discurso de ódio não pode ser velado como liberdade de expressão. Quem nega o holocausto não vê problemas caso ocorra novamente. Quem nega o genocídio indígena, geralmente grita, “eu odeio o termo povos indígenas“ e o clássico “o povo brasileiro é um só”.

Mark Zuckerberg tenta sempre que possível alinhar o conceito de liberdade de expressão com a liberdade de alcance, visto que as suas plataformas têm a cobertura de um terço da população mundial. O Facebook é o maior propagandista da história. 

Ideais neonazistas, fascistas, racistas e misóginos infelizmente sempre vão existir, mas dar a possibilidade ao espalhamento é uma atitude um tanto obscura vindo de alguém que se diz defensor da democracia.

Marieta está me fazendo afagos enquanto escrevo, não porque ela gosta do dono, até porque gostar de algo é contra a natureza evoluída dos gatos. Aliás, a próxima espécie a dominar o mundo será a dos gatos, se bem que já está rolando. Vou lá alimentar ela com a comida que eu trabalhei para comprar, enquanto ela dormia.