A generic square placeholder image with rounded corners in a figure.

  • Compartilhar:

É com muito prazer e satisfação que volto a assinar a coluna “Penso Logo Existo”. Vamos continuar falando um pouco sobre Filosofia, Política, História eTeologia, agora como acadêmico de Psicologia, também vamos nos arriscar em falarsobre esse tema. Nosso objetivo nessa coluna sempre foi proporcionar conhecimento acerca das áreas citadas acima, mas contextualizando com fatos e acontecimentos que constituem nossa realidade.

Então, vamos falar hoje sobre uma expressão que começou a veicular nas redes socias no início da pandemia e que se popularizou como “novo normal”. E a pergunta que me faço é: isso é mesmo normal?

Um amigo me perguntou se eu já estava me acostumando com o novo normal, então, respondi: cara, eu nem tinha me acostumado com o antigo!

As expressões “novo e “normal”uma vez que estão juntas querem dizer alguma coisa. Elas estão dizendo que existe alguma coisa normal que é nova e que o antigo normal ficou para traz. 

Isso nos leva a uma pergunta, quando que o mundo foi normal? 

Durante o tempo que estudamos a história da humanidade vemos que passamos por períodos de guerras, paz, fome, fartura, pobreza, riqueza e por fim as pestes. A chamada gripe espanhola que nada tem de espanhola, matou de 50 a 100 milhões de pessoas em 1918 e 1919. Esse número representa mais mortes do que o montante provocado pelas duas grandes guerras juntas. 

Isso me faz pensar, que o mundo antes da pandemia de normal não tinha nada. Era um mundo onde tínhamos uma série de problemas e teremos que continuar lidando com eles.

A pandemia trouxe consigo novos problemas e novos desafios, mas também surgiram novas possibilidades de nos relacionarmos com o outro, tudo mudou. As famílias que tiveram e que ainda tem possibilidade de respeitar a quarentena, passaram a ter que conviver mais de perto ou talvez até mesmo se conhecerem melhor, pois, lá fora têm um inimigo invisível matando pessoas todos os dias. 

O que está ocorrendo em Manaus, pessoas agonizando por falta de cilindros de oxigênio nos hospitais, nos dá a chance de mudar nossa visão em relação ao outro, em relação à vida. 

Pessoas morrendo todos os dias e erros sendo cometidos por autoridades políticas por meio de decisões equivocadas, falta de assistência em hospitais e tantas outras coisas que estamos vivenciando, não pode ser o “novo normal”.

Eu diria que existe uma nova crise que de normal não tem nada, mas ela pode nos ajudar a ver o mundo de uma maneira mais humana, pois tem o potencial de nos tirar do nosso individualismo e egocentrismo e nos fazer pensar mais no coletivo, na dor do outro que a qualquer momento pode ser nossa dor também. 

O que é normal nesse cenário são as mudanças. Na Grécia antiga havia um filósofo que dizia que tudo existe em um estado de fluxo permanente, ou seja, as coisas estão sempre mudando. Esse filósofo era Heráclito (535-475 a. C.).

Uma citação famosa de Heráclito é que “nunca se pode entrar duas vezes no mesmo rio”, pelo simples fato de que a água na qual se molham os dedos na segunda ocasião não é a mesma da primeira, e a pessoa também já não é a mesma. Ou seja, tudo muda e nós com o tempo e por influência dessas mudanças vamos mudando também. 

Olhar a realidade e enfrentá-la sem medo é uma atitude filosófica que podemos adotar e nos ajuda a enfrentar os desafios da vida. 

Nós aprendemos com Nietzsche (1844-1900), que olhar para as coisas como elas realmente são, dentro dos limites da nossa capacidade, pode nos ajudar a pensar em mudar, transformar, evoluir e crescer. Nietzsche usa uma expressão muito interessante o “amor fati”(do latim, amor ao destino), amor ao que está feito. 

Se nós mudarmos essa ideia de um novo normal, para acerteza de que estamos enfrentando a continuação de novos desafios juntos com problemas novos, isso pode nos dar a coragem necessária para aprender com tudo o que está acontecendo. O amor fati de Nietzsche e o conceito de constante mudança de Heráclito nos ensinam que aquilo que está ruim, está realmente ruim, mas quando eu começo a assumir isso, eu ganho coragem e força para mudar.

Alison Henrique Moretti


Anuncie com Jornal Noroeste
A caption for the above image.


Veja Também


smartphone

Acesse o melhor conteúdo jornalístico da região através do seu dispositivos, tablets, celulares e televisores.