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“Mas para quem, como nós, contempla a vida do ponto de vista filosófico, isto é, das Ideias, nem a vontade ou a coisa em si de todos os fenômenos [...] são de qualquer forma tocados pelo nascimento ou pela morte.” Arthur Shopenhauer – O mundo como vontade de representação p. 12. 

 

Encontrar o verdadeiro sentido da vida talvez seja uma das maiores indagações da humanidade atualmente. Não faz muito tempo, a vida não tinha muito sentido, a palavra “vida” aqui presente possui um conceito amplo. Refiro-me a vida social, familiar, econômica e religiosa. 

Na Idade Média (século V ao XV) a sociedade ocidental tinha seus valores pautados na fé. Uma pessoa comum vivia com poucas expectativas de mudanças, e sua esperança de um futuro melhor estava no “pós-vida”. 

Com a ascensão do pensamento moderno e a Revolução Industrial (século XVIII) a vida começa a mudar e ficar mais complexa. As famílias começaram a sair do campo para a cidade em busca de emprego nas Indústrias. 

O avanço do capitalismo e a promessa de riqueza fizeram com que essas famílias que antes eram compostas por pessoas que quase não tinham expectativas de mudança em suas realidades, começassem a ter suas expectativas aumentadas. 

O homem moderno passa a ser mais “complexo”, passa a querer mais, se decepcionar mais, sonhar mais, desfrutar mais da vida e, enfim, surge à questão, qual o sentido da vida? Nascemos, vivemos e morremos, mas o que faz com que esse processo tenha significado? 

Obviamente que as resposta para tais indagações são varias, e cada vez mais surge algum “guru” que diz ter descoberto o sentido da vida e a formula da felicidade. Do ponto de vista filosófico também existem algumas respostas para essa pergunta. 

Arthur Shopenhauer, filósofo alemão do século XIX, em sua obra mais conhecida, "O mundo como vontade e representação", refletiu sobre a vida do ponto de vista filosófico. 

Shopenhauer é classificado como filosofo “pessimista”, isso por causa da “acides” das suas palavras e conceitos. 

Seu pessimismo torna seu trabalho uma experiência pessoal. Ao lermos Shopenhauer somos obrigados ao confronto conosco mesmo. 

De acordo com Shopenhauer o mundo é vontade, vontade de viver, por isso somos reféns das nossas vontades. Mas cada vontade tem seu objetivo, por exemplo: o objetivo da vontade de tomar água é saciar a sede. Para Shopenhauer não tomamos água por que escolhemos, mas sim por que estamos presos a esse apetite que é a sede. Sendo assim, a vida é vontade, vontade de beber, comer, fazer sexo, comprar, viajar e tantas outras coisas que nos são oferecidas. 

 Mas se perguntarmos a Arthur Shopenhauer qual o sentido da vida? Ele nos diria que nenhum, a vida não tem sentido, o mundo não tem sentido, tem apenas vontade. 

Não existe objetivo do todo. Cada ato individual tem um fim, o querer total não tem nenhum. 

Por não ter sentido algum, somos presos à vontade. Todo querer nasce da carência, ou seja, da falta. Algumas pessoas buscam o sentido da vida e até mesmo a própria felicidade no “ter”. Shopenhauer diria que tal ser está preso a um ciclo, ele deseja, possui, mas por sermos movidos pela vontade, o desejo retorna, e com ele a infelicidade. 

Para ser feliz novamente é preciso possuir novamente. Precisamos sair do ciclo fatal de desejar, sofrer, novamente desejar e novamente sofrer. Mas como? Uma das propostas de Shopenhauer é a reflexão acerca da vida. Voltar-se à observação da própria vida pressupõe distancia em relação à vida. 

Isso na pratica funciona da seguinte maneira, à medida que eu reflito sobre a vida, me afasto do ciclo fatal desejo/felicidade/sofrimento. E então paro de ceder à vontade de viver. Pode parecer loucura, mas, para Shopenhauer viver de verdade é não querer viver. Não no sentido de desejar a morte, mas sim no sentido de obter controle sobre a vontade, tentar doma-la. 

O motivo da infelicidade de muitos é o querer demais e possuir pouco. Já que somos movidos pelo querer, pela vontade, afaste-se desse “querer”, domine seus desejos e então será possível encontrar a satisfação. 

 

Alison Henrique Moretti é Teólogo, acadêmico do curso de Licenciatura em Filosofia da Unipar e está se especializando em Filosofia Contemporânea pela Faculdade Estácio de Curitiba.

Alison Henrique Moretti


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