Jânio Quadros, advogado, professor e político foi o vigésimo segundo presidente do Brasil, entre 31 de janeiro de 1961 a 25 de agosto de 1961, data em que renunciou. Jânio utilizou-se da imagem de combate à corrupção durante toda a sua carreira política, tendo a vassoura como símbolo. “Jânio Quadros é a certeza do Brasil moralizado!” O verso do jingle da campanha que o elegeu. 

Durante o seu polêmico governo que durou menos de sete meses, Jânio tinha por objetivo moralizar os hábitos e costumes da população brasileira. Nesta onda moralizadora proibiu a realização de corridas de cavalos, também foram proibidos os desfiles de candidatas a miss com maiôs “cavados” em concursos de beleza, a exibição de anúncios na TV “de maiôs e peças íntimas de uso feminino” e até o uso de biquínis nas praias. Outra polêmica da época foi a proibição das brigas de galo (medida acertada) em todo território nacional. As rinhas envolviam apostas em dinheiro.

O ex-presidente Jânio ainda condecorou duas celebridades, o astronauta russo Yuri Gagarin, primeiro homem a viajar pelo espaço, e o argentino e líder da Revolução Cubana, Ernesto Che Guevara, com essa última homenagem desagradou profundamente seus aliados da UDN (União Democrática Nacional).

Os tempos são outros, porém o presidente Bolsonaro toma algumas iniciativas semelhantes a Jânio. Em cinco meses de mandato, Bolsonaro distribuiu 286 condecorações. O presidente distribuiu a Ordem do Rio Branco a seu filho investigado pelo MP, a ministro acusado de desviar recursos públicos e ao guru do governo.

O presidente decidiu admitir na Ordem do Rio Branco, no grau máximo de Grã-Cruz, o ministro do Turismo, Marcelo Alvaro Antônio, investigado pela Polícia Federal por suspeita de desvio de dinheiro público nas eleições. O ministro é do PSL, partido do presidente. A mesma honraria foi concedida ao senador Flávio Bolsonaro, seu filho mais velho, investigado pelo Ministério Público sobre rolos financeiros com Fabrício Queiroz. Bolsonaro ainda condecorou o seu guru, astrólogo Olavo de Carvalho.

A Ordem do Rio Branco é uma condecoração que visa distinguir “serviços meritórios e virtudes cívicas” e para “estimular a prática de ações e feitos dignos de honrosa menção”.

Durante essa semana, Bolsonaro assinou o termo de compromisso para que a corrida de Fórmula 1 volte para o Rio de Janeiro. A última Fórmula 1 realizada no Rio foi em 1989, desde 1990 é realizada em Interlagos, São Paulo. Foi dito ainda sobre a recriação dos Ministérios das Cidades e da Integração Regional que seriam ocupados por indicações de Rodrigo Maia e Davi Alcolumbre, presidentes da Câmara e do Senado respectivamente. No mês passado o presidente extinguiu o horário de verão e ainda ofereceu destinar um extra de R$ 40 milhões em emendas parlamentares até 2022 a cada deputado federal que votar a favor da reforma da Previdência no plenário da Câmara. Como mencionado dias atrás, a condenada prática do “toma lá dá cá”, a troca de favores, método antigo na política, volta a ser usado no governo Bolsonaro.

Tais medidas em nada refletem na melhoria à população que ainda aguarda a geração de empregos e o estímulo à economia. A recriação de Ministérios contraria as promessas de Campanha que enfatizavam o enxugamento da máquina pública.

Engraçado, o momento é de cortar recursos do Governo a pesquisa científica e a educação, porém aos poucos, as velhas práticas para a manutenção do Poder e garantia da governabilidade estão sendo utilizadas. Com um perfil conservador e autoritário, Jânio renunciou. Acredito que Bolsonaro continuará até o fim.  

“Como nenhum político acredita no que diz, fica sempre surpreso ao ver que os outros acreditam nele”. Charles de Gaulle (1890 – 1970) general, político e estadista francês que liderou as Forças Francesas Livres durante a Segunda Guerra Mundial