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Cala boca e “Globo lixo”


Por: José Antônio Costa
Data: 08/05/2020
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A expressão cala boca é pejorativa, seu sentido é que a pessoa que está falando deve ficar quieta.

Na terça-feira (5), em Brasília, após ser questionado sobre mudança na superintendência da Polícia Federal no Rio de Janeiro, o presidente da República, Jair Bolsonaro (Sem Partido), disse para jornalistas calarem a boca.

Como de hábito, o presidente atacou a imprensa, impediu perguntas dos jornalistas, e confirmou que o superintendente da Polícia Federal no Rio, Carlos Henrique Oliveira, estava deixando o cargo.

"Cala a boca, não perguntei nada. Cala a boca, cala a boca. Não tenho nada contra o superintendente do Rio e não interfiro na PF", disse.

No momento de fúria, Bolsonaro, segurava uma folha de papel com uma imagem da capa do jornal Folha de S.Paulo com a manchete “Novo diretor da PF assume e acata pedido de Bolsonaro”. A reportagem da Folha, assinada pela jornalista Camila Mattoso, salientava que a superintendência da Polícia Federal no Rio de Janeiro é um foco de interesse da família Bolsonaro.

No mesmo dia, o presidente disse a tarde, "Desculpa aí se eu fui um pouco grosseiro de manhã com uma senhora e um senhor aqui", enquanto rebatia as acusações do ex-ministro da Justiça Sergio Moro. 

A situação que vivemos no Brasil é no mínimo preocupante. Manifestações antidemocráticas, ataques as Instituições, a Constituição, ao STF, a profissionais de enfermagem, imprensa, tudo isso em meio a pandemia do coronavírus. 

Expressões como Globo lixo, Folha lixo, Fora STF, esquerda lixo, petralhas, Moro traidor, são facilmente encontradas nas mídias sociais.

A preocupação aumenta quando analisado o cenário econômico. Entendo a justificativa que o problema é mundial. 

Em meio a todo esse caos, o Sistema Único de Saúde (SUS) tem se mostrado como modelo ao mundo. Mesmo com falta de recursos, a dedicação dos profissionais da área de saúde é destaque, pois se doam ao máximo, por vezes com equipamentos adaptados.

O “Cala a boca! Cala a boca”, do presidente não deveria gerar tanta repercussão, afinal desde antes da campanha eleitoral revela-se tal qual ele é. Às vezes com ódio, outras abominando a ciência, em outros momentos com dificuldades para o diálogo e o contraditório. 

Por tudo isso, a economia que tem sido motivo de preocupação em meio ao coronavírus terá maior dificuldade de recuperação. Não há investimento estrangeiro num ambiente de instabilidade. O líder da nação diz uma coisa pela manhã e na parte da tarde muda o seu discurso. Falta firmeza.

No ambiente político, as velhas práticas voltaram a ser aplicadas. Para ganhar o apoio dos partidos do “centrão”, evitando um eventual processo de impeachment, o toma lá, dá cá fez ressurgir nomes como Valdemar da Costa Neto, do PL (preso no mensalão), Roberto Jefferson, do PTB (preso no mensalão), Gilberto Kassab, do PSD (réu por corrupção) e Ciro Nogueira, do PTB (denunciado por corrupção).

O ego, a vaidade e a guerra pelo poder tem diminuído o Brasil. O “Posto Ipiranga” não faz milagre sozinho e pode a qualquer momento também se tornar um “traidor”. A culpa será da imprensa ou da “Globo lixo?” E daí? 

“Se pudesse decidir se devemos ter um governo sem jornais ou jornais sem governo, eu não vacilaria um instante em preferir o último”.

Thomas Jefferson (1743 - 1826), foi o terceiro presidente dos Estados Unidos, é o principal autor da declaração de independência dos Estados Unidos

 

José Antônio Costa


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