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Bolsonaro x Moro: quem tem razão?


Por: Dr. Juarez de Oliveira
Data: 30/04/2020
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O país parou na sexta-feira, (24) por duas vezes em momentos diferentes. Pela manhã, com o pronunciamento demissionário do agora ex-ministro da Justiça e Segurança Pública, Sergio Moro. À tarde, em pronunciamento à nação, Bolsonaro se apresentou ao lado dos ministros e buscou refutar Moro.

Segundo o ex-juiz da Lava Jato, o Presidente Bolsonaro tentava interferir de forma política e pedia informações a Polícia Federal. Ressaltou ainda que desejava saber sobre o andamento do inquérito no STF (Supremo Tribunal Federal) sobre fake news que alimentam manifestações antidemocráticas e apontam para Carlos Bolsonaro como mentor do esquema, além de insistir na troca do diretor geral da PF, Maurício Valeixo, que acabou sendo exonerado e se tornou o estopim da crise entre Presidente e Ministro.

Por sua vez, Bolsonaro fez uma grave acusação contra o seu ex-ministro. Segundo o presidente, Moro disse que aceitaria a demissão de Valeixo se ganhasse uma vaga no STF.

E agora, Bolsonaro é o vilão, e Moro é o mocinho? Quem tem razão?

Bolsonaro foi eleito com a promessa de representar um novo estilo político. Diante das contradições e decepções políticas, o eleitor é facilmente tapeado. Às vezes é influenciado pela aparência, por discursos e escolhe mal, tendo depois que sofrer as consequências de políticos medíocres, incompetentes e tendenciosos.

Sérgio Moro, desde a época da Lava Jato tem dividido opiniões tanto de operadores do direito, juízes e cidadãos.  Moro foi rotulado como o salvador da pátria contra o PT, para o PT, um juiz sem critérios éticos e sem tecnicidade, que apoiava a Bolsonaro. Desde quando convidou Sérgio Moro para ser seu “super ministro”, Bolsonaro trouxe um adversário potencial, e poderosíssimo, para o coração do seu governo.

A crise política está instalada no momento em que o ministro da Saúde, Nelson Teich admite que “há agravamento da situação” da Covid-19 no Brasil. A avaliação foi feita na terça-feira, (28) após o país registrar recorde com 474 mortes confirmadas em 24 horas, elevando o total a 5.017 mortes. Com isso o Brasil superou a China, que teve 4.643 óbitos causados pelo novo coronavírus.

Portanto, o Brasil vive uma dupla crise, uma sanitária, provocada pelo Coronavírus e outra política. Para o sociólogo Boaventura de Sousa Santos, considerado um dos maiores pensadores ibero-americano da atualidade, “o Moro é o homem dos Estados Unidos, é o candidato dos Estados Unidos para 2022. Ele fez todo um trabalho e a  carreira política dele é exatamente esta –  destruir a economia brasileira, destruir a esquerda, abrir o caminho para um político de transição, que abra o obviamente o caminho para ele mesmo, ele é o candidato deles... Isso significa que o  Moro, começou a ver, para sua carreira política, o Bolsonaro já não é um recurso, pode descartá-lo”, enfatizou.

Os ânimos não se acalmam em Brasília. No momento, o novo ponto de atrito está entre o ministro da Casa Civil, general Braga Netto que mantém uma postura econômica mais conservadora e o ministro da Economia, Paulo Guedes que é neoliberal e alinhado a política econômica dos Estados Unidos.

Afinal, quem tem razão? Muitas coisas precisam ser esclarecidas.  Com a abertura do inquérito pelo STF para investigar declarações de Moro, uma das primeiras medidas será a convocação do ex-ministro para prestar depoimento e entregar eventuais provas de suposta interferência na Policia Federal (PF). Bolsonaro nega que tenha pedido para o então ministro interferir.

O jogo político envolve poder, cargos e favores. Os bastidores da política em Brasília estão fervilhando. Trocas de favores e compromissos políticos envolvendo recursos serão ofertados para a continuidade do governo.

O que vejo são políticos que defendem com afinco os seus interesses e mandatos, mas infelizmente esses não são os mesmos interesses da população brasileira, portanto Bolsonaro ou Moro, ficando ou saindo, sempre, os maiores beneficiados de toda essa discussão serão ao final, os próprios políticos.

“Democracia é oportunizar a todos o mesmo ponto de partida. Quanto ao ponto de chegada, depende de cada um”.

Fernando Sabino (1923 – 2004). 

Escritor, cineasta e jornalista brasileiro.

Dr. Juarez de Oliveira


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