Precisamos de idiotas úteis?
O presidente Jair Bolsonaro disse a jornalistas na quarta-feira, (15), na frente do Hotel onde estava hospedado em Dallas nos Estados Unidos que os manifestantes nas ruas são “massa de manobra” e “idiotas úteis”. Foram registrados atos contra o governo em mais de 200 cidades de todos os estados do país.
“É natural, é natural, mas a maioria ali é militante. Não tem nada na cabeça. Se você perguntar 7x8, não sabe, a fórmula da água, não sabe, não sabe nada. São uns idiotas úteis, uns imbecis que estão sendo usados como massa de manobra de uma minoria espertalhona que compõe o núcleo das universidades federais do Brasil”, afirmou o presidente do Brasil, Jair Bolsonaro.
Ao chamar os manifestantes de “idiotas úteis”, Bolsonaro provocou reações contra o governo nas redes sociais.
Segundo pesquisa feita pela startup Arquimedes, que levou em conta tuítes feitos entre meia noite e as 20h de quarta-feira, a cada dez mensagens relacionadas aos protestos, nove criticavam o governo de Bolsonaro. A análise foi feita em mais de 600 mil tuítes relacionados aos protestos contra os cortes na educação.
O termo “idiota útil” vai muito além da força de expressão. No jargão político é pejorativo e usado para descrever simpatizantes soviéticos de países ocidentais. A expressão é atribuída ao jornalista Yuri Alexandrovich Bezmenov, ex-informante da KGB (Serviço secreto de inteligência da então União Soviética), que desertou para o Canadá.
Idiota útil seria uma pessoa que, ingenuamente, pensa ser aliada dos comunistas soviéticos, porém seria supostamente desprezada e cinicamente usada por esses comunistas. Na época, Yuri, se referia a jornalistas ocidentais, viajantes e intelectuais.
Pesquisando sobre o termo encontro que “em sentido mais amplo o termo se aplica a todos (as) que se engajam politicamente sem usar critérios analíticos, assim seguindo cegamente uma crença ou ideologia que o (a) conduza para uma satisfação, a realização de uma utopia de um mundo melhor. É alguém que se acha muito inteligente, mas, mesmo sendo-o, é tão facilmente manipulado (a) e persuadido (a) pela bajulação de pessoas no poder, que está preparado (a) a servir os seus fins e permitir-se ser manipulado (a) e mesmo enganado (a)”.
Tendo a afirmação acima como verdade, entendo que existem “idiotas úteis” dos dois lados. A favor ou contra, direita ou esquerda, coxinha ou mortadela, bolsominion ou esquerdopata cada um tem o direito de manifestar o seu descontentamento, desde que não gere ódio. Tenha em mente que para alguns políticos a vida pública é realmente uma vidraça que caso seja acertada por uma pedra os estilhaços atingirão todos os lados. Discordar é válido. Isso é básico numa democracia e faz com que as diferenças promovam o crescimento.
O protesto de quarta-feira chegou ao ranking de assuntos mais comentados do Twitter mundial, os chamados trending topics, e por algumas horas ficou em primeiro lugar. A hashtag mais usada foi #TsunamiDaEducacao”, com um total de 550 mil postagens a favor do ato. A conclusão: idiotas úteis são necessários.
“O homem não é tão ferido pelo que acontece, e sim por sua opinião sobre o que acontece”.
Michel de Montaigne (1533 - 1592) - Jurista, político, filósofo, escritor e humanista francês