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O plantio


Por: R. S. Borja
Data: 29/05/2024
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E, em um piscar de olhos, chegamos ao mês de junho. O ano de 2024 está passando tão veloz quanto um carro de Fórmula 1, trazendo à tona a discussão se é a Terra que gira mais rápido ou se somos nós que, reféns da tecnologia, assumimos compromissos demasiados que nos fazem perder a noção do tempo.

E neste mês de junho se iniciam, ou melhor, se intensificam os preparativos para um novo plantio. Alguns proprietários, por conta própria, já arrecadaram receitas para a obtenção de sementes necessárias para uma colheita de sucesso. Outros ainda buscam parcerias, com donos de áreas maiores ou menores, objetivando ampliar o acesso a um número maior de sementes.

Obviamente, concluir parcerias é um processo mais complexo e demorado, pois alguns proprietários vinculam o acordo a manutenção da mesma parceria quando eles forem plantar outras culturas. Outros, pleiteiam a cessão de uma parte da área para poderem aproveitar da colheita. Além daqueles que não querem participar do plantio, mas querem usufruir da colheita.

E o tempo não espera, a colheita está prevista para daqui há quatro meses e as sementes vão escasseando na medida em que ele passa, correndo-se o risco de, no momento certo do plantio, não existirem mais sementes a serem lançadas em uma determinada área.

Não esqueçamos de que há também aqueles proprietários que, ainda que possam auxiliar os donos de áreas maiores, também necessitam plantar e colher nas suas áreas, dependendo, muitas vezes, do apoio daqueles para acessarem as mesmas sementes, que terão outra destinação.

Sabemos que todas essas pessoas envolvidas nessa tarefa de plantar terão meses atribulados, sujeitos a as intempéries e instabilidade do clima, perdas de sementes, com consequente diminuição da produção, pragas, defensivos agrícolas de má qualidade ou falsos, muitas vezes disseminados nas áreas vizinhas, mas que atingem suas propriedades.

Diante de tantas possibilidades, sendo que a vida nos mostra que nem todos obterão a colheita que almejam, não podemos esquecer as lições deixadas nos anteriores ciclos de plantio. O excelente manejo das áreas, utilizando produtos de ótima qualidade, utilizados somente nas próprias áreas, sem atingir de forma prejudicial áreas alheias, ao mesmo tempo em que se cuida para evitar a proliferação de pragas e ervas daninhas na sua e nas demais plantações, ainda que não seja garantia da colheita sonhada, preserva o solo, deixando-o fértil para novos plantios e colheitas.

Pior do que não se obter a produção pretendida, é o sucesso construído com o empobrecimento do solo, dívidas impagáveis, atingindo áreas dos demais produtores, inclusive parceiros, prejudicando a futura utilização das mesmas.

Um quadro de terra arrasada não favorece a ninguém. Um solo sempre fértil, pronto para receber sementes, renovar os ciclos, fortalecendo raízes, é o que garante a subsistência e a evolução de uma região.

É o cuidado diário da área que faz o produtor, e não o resultado.

Esse texto não é sobre agricultura

 

“Caminhante, são tuas pegadas

o caminho e nada mais;

caminhante, não há caminho,

se faz o caminho ao caminhar

Ao caminhar se faz o caminho

e ao voltar a vista atrás

se vê a senda que nunca

se há de voltar a pisar”

(Trecho do poema Cantares, Antonio Machado)

R. S. Borja


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