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Felicidade


Por: R. S. Borja
Data: 06/06/2024
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Entre os muitos conceitos de felicidade, o que considero mais simples e mais completo é o que a define; “Felicidade é aquele momento que não queremos que acabe e que queremos que se repita indefinidamente” E mais: “Que queremos compartilhar com quem amamos.”

Dissecando essa frase, temos que a felicidade é um momento, qualquer momento e não O MOMENTO. É o saborear um café fresco, assar um bolo, ver o nascer ou pôr do sol, escutar aquela música, um banho gostoso, ler um livro ou texto, ver uma live ou filme. Vai do momento mais simples ao mais grandioso.

A felicidade não é eterna porque os momentos são momentos, são segundos, minutos, horas, no máximo dias. Passam, ainda que nossa vontade seja de congelar o tempo e permanecer eternamente ali, inundados pela aquela sensação.

E por ser algo tão bom e que nos faz tão bem queremos permanecer ali e, como não é possível, que ao menos se repita uma, duas, infinitas vezes.

Por fim, e talvez o mais importante da definição, por sentirmos a felicidade queremos compartilhar com quem amamos. Ou seja, cada um de nós vive o momento, se sente completo, vivo, alegre, etc, e por sentir isso quer que as pessoas que amamos também vivam e presenciem esse momento.

Portanto, a felicidade não é alguém ou estar com alguém. Nos sentimos feliz por aquele instante da vida que estamos passando e queremos compartilhar com alguém. E esses instantes podem acontecer milhares de vezes no mesmo dia, ou uma vez em uma determinada semana ou mês.

Independentemente de quantos momentos dessa natureza vivemos, a verdade é que a felicidade está em nós e em como vemos e encaramos cada momento. Não está no outro, não é o outro que me fará gostar de comer um bolo, ver o pôr do sol, brincar com um animal. No máximo, o outro vai querer compartilhar a felicidade que sente por um determinado momento.

O problema é que fomos educados para acreditar que a felicidade está na relação com o outro, o conto de fadas em que somente seremos felizes para sempre com alguém, e mais, que essa pessoa tem a obrigação de nos fazer feliz e essa obrigação também recai sobre nós.

Consequentemente, criamos expectativas demasiadas em nós, na outra pessoa e na relação, aceitamos estar em situações tóxicas, abusivas, relações falidas por termos a certeza de que só seremos felizes com o outro e no outro.

E naturalmente ferimos, machucamos e destruímos, a nós e ao outro, e acabamos em psicólogos, psiquiatras, lendo livros de autoajuda, páginas e comunidades de relacionamentos, vivendo loopings infinitos.

E todos falam o mesmo: a felicidade está em nós, que temos que nos valorizar e buscar uma versão melhor, que temos que focar em nó.

E assim retornamos a definição do início deste texto. Se nós olharmos para nós, iremos aprender a distinguir quais momento nos tornam plenos, contentes e satisfeitos, situações estas que queremos viver várias vezes na vida, e, em seguida, chamar as pessoas para vive-los junto. E não o contrário, ter obrigatoriamente alguém sem a qual não seremos felizes.

Esses dias me falaram sobre deixar entrar no infinito particular cantado por Marisa Monte. Nosso infinito particular é feito de momentos felizes, aqueles que não queremos que acabe e se repitam, e momentos infelizes, aqueles que rezamos para que acabem logo e não se repitam. São momentos nossos e que queremos compartilhar com alguém, uma ou mais pessoas, que não são a causa de nenhum deles, quando muito do que sentimos pela ação delas, mas que escolhemos para nos conhecer e ao nosso mundo.

Desejo que todos nós tenhamos, hoje e sempre, milhões de momentos que não queiramos que acabe e que se repitam muitas e muitas vezes e que sempre tenham uma ou mais pessoas, gatos, cães, papagaios, com quem queiram compartilhar esses momentos.

R. S. Borja


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