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Igreja Católica dá início às celebrações da Semana Santa


Por: Alex Fernandes França
Data: 07/04/2022
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Semana Santa: mistério central da nossa fé

Artigo por  Pe. Hiago Igor S. A. Da Silva

Padre  Hiago Igor S. A. Da Silva (Pároco)  – Paróquia Sagrado Coração de Jesus de Nova Esperança

A Páscoa nos traz lembranças, daquele almoço em família, do encontro de parentes e amigos, de uma viagem, ovos de chocolate, e até mesmo, do carinho recebido. Mas ainda falta o real sentido desse dia, que não é apenas um feriado, mas uma festa memorável, não só da nossa Igreja, mas de toda nossa história.

Devida a sua grande importância, precede à Festa da Páscoa um momento de preparação e reflexão, a tradicional Quaresma. Nesse contexto, vindo do latim, Quaresma é abreviação de quadragésima, ou seja, designa os 40 dias da preparação para a Páscoa. Nesse período, que se inicia na Quarta-feira de Cinzas, os fiéis são convidados a fazerem um especial confronto entre suas vidas e a mensagem cristã dos Evangelhos.

Para bem vivermos esse tempo, nos são apresentadas três práticas para reflexão e conversão, sendo a primeira delas o jejum. Jejuar não é simplesmente deixar de comer carne as quartas e sextas apenas pela tradição, ou não comer doces, não beber refrigerante ou cerveja, jejuar é abster-se de algo que você gosta muito, mas não é essencial para sua vida, é um exercício de equilíbrio, de saber controlar seus impulsos e vontades a fim de garantir o domínio sobre os desejos humanos. Através dessa prática, temos a oportunidade de nos aproximarmos do nosso espírito, estando em conformidade interior com nós mesmos e com as coisas materiais deste mundo. 

A segunda prática é a caridade, que tem a finalidade de nos aproximar dos irmãos. A caridade, expressa-se no amor ao próximo, no gesto de desprender-se do bem material em prol daquele que necessita, tal como Jesus nos ensina. A caridade não deve trazer orgulho e nem status a quem a pratica, muito menos um sentimento de leveza após desfazer-se daquilo que sobra. Como a viúva da parábola no Evangelho de São Marcos, que deposita no templo apenas duas moedas, em que aos olhos da sociedade é pouco, mas era tudo o que tinha, somos chamados a fazer um gesto de verdadeira doação.

Por fim, temos a oração. Enquanto as outras práticas nos aproximam de nós mesmos e dos irmãos, a terceira tem o propósito de nos aproximar de Deus. A oração diária, sobretudo se consolidada em nossa rotina, coloca Deus como parte fundada do nosso dia a dia, deixando com que Ele faça parte de todos os momentos importantes da nossa vida. Estar em intimidade com Deus é claramente estar longe do pecado. Quanto mais próximos do Senhor estivermos, menos suscetíveis somos a cair nas tentações do diabo, a estarmos fracos nos combates diários e a nos perder do nosso real objetivo: o céu. Já disse São Paulo na segunda carta aos Tessalonicenses, capítulo 5 e versículo 7, “orai sem cessar”.

Através destas três práticas, o católico se prepara para viver de forma intensa e profunda a mais importante festa da Igreja Católica. O Papa Francisco, em suas homilias, nos explica porque a Páscoa é a principal festa da Igreja quando diz que esta é festa da nossa salvação, a festa do amor de Deus por nós, a celebração da sua morte e ressurreição! 

E agora, culminando a Quaresma, entramos na Semana Santa, ponto ápice da vida de todo cristão.  Depois de termos caminhado por 40 dias, o caminho de penitência, conversão, caridade, entramos com Jesus em Jerusalém rumo à Páscoa.

Sobre o Tríduo Pascal – explica o Santo Padre – começa na Missa da Ceia do Senhor (Quinta-feira Santa) e termina com as vésperas do Domingo da Ressurreição. Depois, vem a Oitava da Páscoa, para celebrar essa grande festa. Esses dias constituem a memória celebrativa de um grande e único mistério: a morte e a ressurreição do Senhor Jesus.

Esses dias – diz o Papa – “propõem novamente ao povo cristão os grandes eventos da salvação realizados por Jesus Cristo, e assim o projetam no horizonte de seu destino futuro e o fortalecem no seu compromisso de testemunha na história”.

À luz do Catecismo da Igreja Católica (CIC), quando o homem decide pelo pecado, desvinculando-se da presença de Deus no Éden (CIC 398) e da graça da santidade original (CIC 375), contrai uma dívida impagável que é transmitida a toda a humanidade por propagação, ou seja, pela transmissão de uma natureza humana agora privada da santidade e justiça originais (CIC 404).  

Como dito, se tal dívida é impagável para a condição humana, que carrega esse fardo por sua história, como que esta pode se reconciliar com o Criador e reabrir as portas do paraíso para o retorno à sua morada santa? É aí que temos a maior expressão do amor de Deus por nós, em que o próprio Deus Filho, o Cristo encarnado, que ao mesmo tempo é humano e divino, dá sua vida para pagar a dívida do pecado pela humanidade contraída. Esse pagamento, que para nós era impossível, mas que Jesus nos deu como graça, é a Salvação que tanto comemoramos na Páscoa.

Na Noite Santa, o canto da sequência anuncia solenemente que “Cristo, nossa esperança, ressuscitou e nos precede na Galileia”.  É nesse momento que o Tríduo Pascal encontra seu ápice, disse Francisco, que explica: “Ele contém não somente um anúncio de alegria e de esperança, mas também um apelo à responsabilidade e à missão, os ovos, as festas, isso tudo também é bonito, porque é festa da família, mas não fica só nisso. Começa ali com o caminho à missão, ao anúncio: Cristo ressuscitou”.

Assim, viver a Páscoa transcende a comemoração, a unidade, a alegria da festa em si, é nela que se atualiza a memória do maior acontecimento da história da humanidade e se abre um caminho verdadeiramente missionário para que este anúncio da ressurreição alcance a todos, onde quer que estejam. 

Logo, cabe a cada um de nós viver a Semana Santa como verdadeiros cristãos, utilizando das práticas propostas, assumindo o caminho da conversão, em unidade com os irmãos e, sobretudo com Deus, para assim, nas celebrações da Páscoa, estarmos prontos para experienciar a Salvação de Jesus e, com isso, abrirmos as portas do nosso coração para junto da comunidade levar o Anúncio aos que precisam.

Inspirados pela Campanha da Fraternidade de 2022, que nos traz o tema da Fraternidade e Educação e que tem como objetivo promover diálogos a partir da realidade educativa do Brasil, à luz da fé cristã, propondo caminhos em favor do humanismo integral e solidário.

Com a celebração do Domingo de Ramos, vamos seguir os passos de Jesus no caminho da cruz, fazendo memória de sua entrada em Jerusalém; Ele entra aclamado pelo povo como Messias e Salvador. Escutando e participando da liturgia da Paixão do Senhor nós deixamos que o mistério pascal da Paixão, Morte e Ressurreição de Jesus se realize também em nossas vidas. Por isso, convido você e sua família a participarmos juntos de cada momento celebrativo da Semana Santa. Deus os abençoe! Uma santa e feliz páscoa!


Anuncie com Jornal Noroeste
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