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Com 63 anos de profissão Felisberto Gentilin é um dos alfaiates mais antigos em atividade


Por: Alex Fernandes França
Data: 22/02/2019
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Ele se autodenomina “o último dos moicanos” em uma profissão cuja clientela está cada vez mais seleta. A industrialização do setor têxtil prejudicou o ramo da alfaiataria, que resiste ao tempo. A Líder Alfaiataria, de sua propriedade, fica na região central de Nova Esperança. 

A alfaiataria é uma profissão antiga e destinada àqueles que não abrem mão de uma peça elegante e personalizada. Ela encanta aos olhos de um público fiel que resiste à sedução de comprar uma roupa já pronta. "O termo “alfaiate” surgiu em meados do século XII e deriva da palavra al-kaiat (em árabe), do verbo khata, que significa costurar, coser". 

E quem presta um serviço de qualidade e muito bom gosto para o público de Nova Esperança e região é o alfaiate Felisberto Gentilin, nascido em Nova Dantzig,(atual Cambé) em 07 de agosto de 1939. Ele exerce com maestria a profissão já há 63 anos e desde 1964 trabalha por conta própria.  Aprendeu a técnica da modelagem e costura quando tinha apenas 17 anos de idade e de lá para cá nunca mais parou. Foram vários os seus mestres, porém Felisberto destaca o alfaiate Rigon, da cidade de Jandaia do Sul. “Com ele aperfeiçoei o corte. Ele me deu dicas importantes às quais uso até os dias de hoje. Também aprendi com o Fredulino Adman Jásper e com o Irineu, ambos de Nova Esperança. O giz de sabão desliza pelo tecido deixando uma marca que orientará a tesoura, conduzida  por suas talentosas mãos. Assim começa mais uma peça de roupa. 

Ele conta que no início havia muitas alfaiatarias na cidade e eram sempre muito solicitadas. Em sua rica trajetória profissional, já confeccionou milhares de peças e ensinou a profissão a outros e seus clientes são, antes de qualquer coisa, seus amigos.  Perfeccionista, ele conta que para a confecção de um paletó completo (terno e calça) são necessários apenas 04 dias.  A produção automatizada de paletós, por meio do crescimento de indústrias que se destinam a este fim, ao seu modo de ver, gerou uma concorrência desleal para as alfaiatarias. “Quem não abre mão de uma peça personalizada sabe que a qualidade não tem preço. Atualmente não existem tantas alfaiatarias como antigamente. As pessoas preferem comprar roupa feita, que é mais barato, mas uma roupa sob medida é outra coisa, tem mais qualidade e o caimento fica perfeito”, arremata.

OS TECIDOS

O alfaiate diz que no início os tecidos importados como os de linho $$120, o tropical inglês e os advindos da França eram sempre os mais disputados. “As empresas Vicuña e Schurachi sempre foram as grandes fornecedoras. Hoje a variedade de marcas e tecidos, como a sarja e microfibra, aumentou muito”, conta ele, que sempre apreciou a alta costura masculina. 

A profissão de alfaiate foi se extinguindo em todo o Brasil, mas ele conseguiu resistir e fidelizar um bom público. Gentilin abre mão das parafernálias tecnológicas e mantem sua alfaiataria com equipamentos antigos e muito bem conservados, a exemplo do ferro de passar roupas que pesa mais de 3 quilos e tem mais de 50 anos. A velha máquina de costura é outra raridade que ele não abre mão. Ela data do início da década dos idos de 1930 e é onde ele costura calças sociais, ternos e coletes. Um paletó completo pode custar entre 500 a 1000 reais. “É outra roupa completamente diferente. Ela se molda ao corpo, mostra personalidade e elegância de quem usa”, reforça.

O antigo alfaiate conta que nos primórdios da carreira chegou a trabalhar com ferro a carvão: “o aquecimento era na brasa”, salienta.

 

Profissão surgiu na Europa no século XVII

A cidade de Nova Esperança chegou a possuir 15 alfaiatarias, sendo uma delas a Alfaiataria Líder, do Felisberto, antes atendendo na 14 de dezembro, avenida central da cidade e atualmente na rua Presidente Kennedy 461.  Em tempos de outrora ele conta que chegou a ter 06 funcionários. Hoje toma conta sozinho de seu atelier. 

A alfaiataria é uma profissão que teve seu início por volta do século XVII na Europa, e posteriormente, foi se espalhando pelo mundo. Essa é uma arte realizada pelos profissionais que criam roupas masculinas como ternos, calças, coletes, camisas, paletós e muitas outras para compor o visual masculino. As roupas são criadas de forma personalizada, sob medida, de forma exclusiva e artesanal. “Sendo assim, o alfaiate pode ser considerado como um artesão, um artista que cria e faz arte. É isso o que sei fazer”, finalizou Felisberto Gentilin. O Dia do Alfaiate é comemorado em 06 de setembro.


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