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Cícero só se alimenta de mel e produtos naturais: “a simplicidade das coisas são as que mais importam na vida”


Por: Alex Fernandes França
Data: 04/01/2019
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Cícero Aparecido Figueiredo, de 65 anos, figura folclórica, natural de Sandovalina – SP, mora desde 1957 na região de Nova Esperança, porém neste tempo trabalhou em diversos lugares do país, sempre voltando para cá e desde 1985 fincou definitivamente raízes na cidade. 

Quem o vê caminhando pelas ruas da cidade, sempre alegre, sorridente e pronto para entregar aos seus concidadãos uma mensagem de fé e otimismo, Cícero Figueiredo ou apenas “Cícero”, homônimo ao filósofo romano Marco Túlio Cícero (106 a.C. – 43 a.C.), é uma destas figuras carismáticas que vale a pena parar e trocar um “dedo de prosa”.  Assim como o expoente da História Romana que recebe o mesmo nome, o nosso “Cícero” leva um estilo de vida filosófico e contemplativo. São deles as seguintes citações: “o dinheiro pode comprar roupas caras e bens materiais, mas jamais proporcionará a paz”; “O homem só aprende a dar valor em algo quando perde. Quando a natureza é maltratada, a própria sociedade paga a conta”.  

E foi em uma dessas andanças pelas ruas de Nova Esperança que nos deparamos com ele e prontamente surgiu o convite para uma entrevista. Em meio a tempos festivos, Cícero, que é vegano (estilo de vida que exclui totalmente o consumo de qualquer tipo de produto de origem animal)  compareceu na tarde de sexta-feira, 28 de dezembro, para um descontraído  bate papo.

Questionado  se seu estilo de vida se deve a alguma desilusão amorosa ou profissional, ele foi enfático: “nada de desilusões. O meu estilo de vida é próprio e único e dificilmente me enquadraria nos padrões que a sociedade valoriza. Gosto de contemplar a natureza e levar uma vida simples, porém muito abundante. Já trabalhei como operador de máquinas, caminhoneiro, carpinteiro ou seja, percorri o Brasil inteiro, mas escolhi trabalhar na entrega e revenda de gás que facilita o que mais gosto de fazer que é correr, caminhar e estar em contato com as pessoas e a natureza. Transporto peso o dia todo e isto já é uma academia no próprio trabalho”, explica.

Corridas nas madrugadas

Cícero tem o hábito de, nas madrugadas, praticar corridas de longas distâncias, sempre sozinho e chega a percorrer mais de 20 km pelas ruas e rodovias no entorno de Nova Esperança. 

Sobre uma história que circula entre a população de que um dia ele  fora a Maringá para comprar dois aparelhos de televisão da marca Mitsubishi de 20 polegadas cada e que teria sido ignorado pelo vendedor de uma renomada rede de varejo, ele explica: “foi verdade. Sai de Nova Esperança às 04h30min da manhã, levei duas dúzias de bananas maçãs penduradas nas costas e cheguei em Maringá, correndo,  quase 03 horas depois. Este fato aconteceu há 15 anos. Cheguei ao estabelecimento molhado de suor, tirei o tênis para refrescar os pés e perguntei sobre o aparelho de tv. Ao me ver daquele jeito, o vendedor simplesmente me ignorou. Procurei outro atendente da mesma loja e o fato se repetiu. Me dirigi então ao gerente e lá começamos a conversar, me identifiquei e foi então possível compras as duas tvs, pois estava com o dinheiro guardado em minha sacola. Eram notas graúdas. Uma tv eu  trouxe no ônibus e a outra meu vizinho foi de carro buscar”, conta. 

Nada de doenças

Outra característica na vida do carismático senhor, é que ele nunca ficou doente, pois sua vida é repleta de atividades físicas, se alimentando de mel, frutas da estação, castanhas e nozes. “Jamais precisei colocar um comprimido sequer na boca”, enfatiza.

Para ele, a humanidade busca nas futilidades uma vida plena e feliz. “Ledo engano esse. A simplicidade das coisas são as que mais importam. O homem está destruindo o meio ambiente para produzir riquezas, que não vão leva-lo a lugar algum, apenas ao caos total. Na simplicidade da natureza temos tudo em abundância e é disso o que realmente precisamos para viver bem, mas infelizmente pouquíssimos se apercebem do mal que fazem a si próprios e aos seus semelhantes”, alertou Cícero.   “A humanidade é tão dependente da natureza assim como uma criança recém-nascida é depende de seus  pais”, complementa. 

Suas vestes

Suas vestes chamam a atenção de quem o encontra. O que era uma camiseta, aos poucos foi se desfazendo e acabou se tornando em apenas um fio que se une à bermuda. “Uma roupa que não representava nada, continua sendo nada. Uso somente peças vermelhas para chamar a atenção no trânsito, já que o campo de visão humano enxerga primeiro esta cor marcante e  desta forma sou mais facilmente visto, já que estou sempre me movimentando nas ruas da cidade. O resto dos fios que sobraram fazem com que eu absorva cada vez mais oxigênio e a luz solar, pois esta é um alimento primordial para que o corpo gere a vitamina D e outros minerais que dentre tantos benefícios aumenta a imunidade corporal. Observe uma planta. Se a colocarmos na sombra, automaticamente ela morrerá. Assim somos nós. Morremos aos poucos. A falta da luz ocasiona a morte prematura. Não faço parte das religiões convencionais, a única crença que possuo é a natureza, assim como a minha filosofia de vida. E pra que não restem dúvidas, tomo banho todos os dias”, finalizou, em tom bem humorado,  Cícero Figueiredo.


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