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A incrível geração de fotos sorridentes e travesseiros encharcados


Por: Assessoria de Imprensa
Data: 05/04/2019
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A insatisfação com a realidade e a competitividade têm produzido uma geração frustrada e descontente consigo mesma. Antigamente era comum se espelhar em um artista de cinema e tentar reproduzir modismo e trejeitos de um modelo global. Porém, era fácil distinguir o mundo real daquele glamoroso pelo roteiro, fundo musical e figurino. Hoje, a representação do “teatro da existência’’, invadiu a realidade, e se não tivermos maturidade para separar o que é fantasia do que é possível e alcançável, corremos o risco de nos cobrar objetivos que fatalmente nos levarão a uma vida de mentiras ou dor. 

Viver uma vida de mentiras é não querer entrar em contato com as próprias emoções; com o medo; com a solidão; com o tédio; com o anseio desenfreado somado á dificuldade de sermos populares ou antenados. É querer parecer o que não é para impressionar quem não importa, é maquiar a realidade para ser aceito e amado, e copiar o que não gosta para se sentir incluído, é chorar escondido por não se sentir compreendido. 

Não é constrangimento nenhum ter uma vida comum, simples, pé no chão, temperada com cebola e alho num fundo de panela sem sofisticação, mas muito singelo.

É ilusão acreditar que a felicidade é constante e certa para aqueles com o feed de notícias mais farto de viagens, convites ou popularidade. É engano imaginar que o carisma, a importância ou o valor de alguém pode ser medida pelo termômetro das curtidas ou descurtidas. Temos distanciados de nossos filhos á medida que permitimos que eles acreditem que as histórias que seguem pela tela do celular ou computador têm mais veracidade ou são mais autênticas que a própria realidade que vivenciamos aqui fora. Temos nos desligados dos nossos filhos ao permitir que eles passem mais tempo seguindo essas histórias do que construindo sua própria história. 

Ninguém é cem por cento bem resolvido. Em um momento ou outro, cada um de nós enfrentamos suas próprias dificuldades, seus próprios monstros e fantasmas. Acreditar que é possível viver sem tédio, aborrecimento e insatisfação produz ainda mais descontentamento, e gera indivíduos ressentidos com a realidade e incapazes de enfrentar suas frustrações. 

Estamos diante de uma incrível ‘’ geração de fotos sorridentes e travesseiros encharcados’’. O que é publicado nas redes sociais nem sempre condiz com a realidade. Por isso devemos ser cuidadosos. Não colecionar expectativas, comparações nem exigências a respeito da felicidade. Temos que prepara nossos filhos para os sustos, quedas, frustrações. Temos que ajuda-los a entender que a vida é um presente precioso, frágil. Que possamos entender que viver é complicado sim, que nada cai do céu, e que é preciso de muita luta para ser realizado e feliz. Para isso, precisam de mães e pais verdadeiros, que olhem nos olhos e não finjam. Que compartilhem suas alegrias, mas também suas dificuldades. E que assim nossos filhos possam compreender que crescer é um processo, em que temos que aprender a conviver com as limitações, imperfeições, tentando fazer o melhor que pudermos com o pouco que tivermos.

 

Por: Enaile Cavalcante


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