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Desfralde, antes não é melhor


Por: Luiza Graziela Santos Dias
Data: 04/06/2019
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Com frequência ouvimos discursos de pais orgulhosos do desfralde precoce de seus bebês. Vemos também pais que se sentem impotentes por não conseguir retirar a fralda no período idealizado pela sociedade do desfralde perfeito. 

E se eu te disser que o antes não é melhor? 

Isso poderia evitar quase todos os transtornos associados a evacuar e urinar, os assustadores "transtornos de eliminação”, estes envolvem a eliminação inapropriada de urina ou fezes, incluindo a enurese, que é a eliminação repetida de urina em locais inapropriados e a encoprese, que é a eliminação repetida de fezes em locais inapropriados.  A nossa cultura tem pregado que por volta dos dois anos de idade, a criança está pronta para desfraldar. O que na verdade é um mito que se sobrepôs à fisiologia orgânica. A criança precisa estar madura fisiologicamente para ocorrer o desfralde saudável, o controle dos esfíncteres começa a partir dos 18 meses e se consolida por volta dos 4 a 5 anos, antes disso a criança não possui controle total e por isso pode ocorrer escapes. 

Por isso é fundamental não forçar a criança a ficar sem fralda, o desfralde deve acontecer com o uso da fralda. 

Para um desfralde saudável, os pais devem observar: 

1. A criança pede para não usar mais fralda? 

2. Costuma observar os adultos usarem o vaso?

3. Procura um lugar reservado para fazer cocô? 

4. Já tem a fala bem desenvolvida?

5. Costuma avisar que esta fazendo xixi e cocô?

6. As fraldas estão ficando por longos períodos secas?

7. Já consegue tirar a fralda sem ajuda?

8. Pede para sentar no vaso ou no pinico?

Essas são algumas perguntas que os pais devem se fazer para identificar se a criança esta demonstrando ter interesse em não usar mais fraldas. Mas não quer dizer que ela esteja pronta ou que tem total controle para retirada. O mais indicado é que o desfralde seja feito com a fralda e que a criança saiba a retirar, assim quando quiser ir ao banheiro ira retirar, assim como faria com as roupas intimas, isso evita o constrangimento dos escapes e a fralda é retirada quando os pais notam que ela não tem mais uso.

Outro ponto muito importante a destacar é que nesse processo não devemos recompensar a criança quando faz as necessidades no vaso ou pinico, isso porque as recompensas passam uma imagem errada à criança, aumentando a chance delas se sentirem fracassadas quando ocorre um escape. E essa sensação de fracasso pode fazer com que a criança se sinta impotente e não queira mais retirar as fraldas ou outros traumas, a criança não deve ser culpada por deixar escapar o xixi ou o cocô, são situações normais do desenvolvimento e elas devem ser apoiadas nesse momento para entender que esta tudo bem, e não ridicularizadas para se sentirem culpas ou incapazes. 

Já as crianças que passaram dos 6 anos e continuam a ter escapes ou usar fralda os pais devem buscar ajuda de um pediatra para avaliação fisiológica e ajuda psicológica. E lembre-se cada criança é única e não devemos comparar seu desenvolvimento. 

 

Luiza Graziela Santos Dias atua como Psicóloga na Policlínica Lavi, em Nova Esperança.

Luiza Graziela Santos Dias


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