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Se Vacinar ou Não Se Vacinar? Eis a Questão Ainda


Por: Rogério Luís da Rocha Seixas
Data: 24/01/2022
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Ao compilar este texto, para uma nova exposição de ideias, a pandemia da Covid -19 perdura por mais de dois anos e a vacinação ou pelo menos, o conflito entre movimento vacina e antivacina, perfaz um ano. Percebemos que ao longo da trajetória, envolvendo a disputa vacinar e não-vacinar, em todas as sociedades atingidas pela pandemia, a questão que formulei no título deste texto, teima em persistir, a partir de diferentes acontecimentos e aspectos., além de envolver diversificados agentes. 

Desde um esportista do tênis internacional, que foi impedido de participar de um tornei eventualmente deportado do país promotor, por se recusar a tomar a vacina. Passando por políticos e autoridades de países que mantém uma postura antivacinal, estimulando a ação de não se vacinar, até protestos violentos de populações contra a vacinação, são exemplos concretos que ilustram a questão aqui abordada.

Agora, tenciono tratar da questão principal, a partir de outra indagação essencial: porque alguém, em meio a uma grave pandemia, para os nossos padrões atuais, recusa-se a ser vacinado? Ou proponho formular um novo questionamento, remetendo-me a outro posição: por que alguém se vacina voluntariamente? A resposta formulada aparenta ser óbvia, com respeito a essa segunda formulação: alguém se vacina contra uma doença como a do Coronavírus, para preservar sua saúde e para proteger-se da morte. Por consequência, sua atitude serve como medida de proteção para toda uma comunidade. Contudo, peço cuidado com esta resposta tão rápida, pois pode determinar um julgamento moralizador contra os que não se vacinam, os classificando simplesmente de irresponsáveis e insensíveis, para com si mesmos e para com os outros.

Por seu lado, os que se vacinam regularmente, são taxados de cidadãos responsáveis e visam proteger-se e proteger o corpo social. Esta análise tem servido inclusive para que determinados chefes de estado, classifiquem os que se negam a vacinar-se enquanto “cidadãos de classe inferior.” Entretanto, há governantes que fortalecem também aos que se recusam a vacinar-se, dando a estes “a liberdade de manterem sua integridade moral e física, a salvo de intervenções externas que desejem coagi-los a se vacinar.” Neste aspecto, os vacinados ganham a pecha moralizadora de “manipuláveis” e “medrosos.” 

Os adeptos dos movimentos antivacinais, são taxados como negacionistas. Radicais. Irresponsáveis. Individualistas etc. Estigmas que podem descrever muitos pontos essenciais para buscarmos entender este e outros conflitos, que se instalaram em meio a esta pandemia ou pelo menos se tornaram tão evidente, com referência a vacinação. Penso, contudo, que nos surge apenas a ponta do iceberg. A questão não é tão simples Conflitos e crises de paradigmas, são desvelados em meio a este problema que concretamente enfrentamos, tanto em nossa sociedade como em outras, escancarando instabilidades não tão perceptíveis, como o intenso questionamento ao paradigma científico, visto com descrença, desprezo e desconfiança, fato desafiador as bases do iluminismo moderno que de certo modo, ainda nos sustenta. Destaco que as crises, embora causem medo e desconforto, são ótimas oportunidades para mudanças e novas ações. Ou pelo menos, assim deveria ser.  E finalizo nossa discussão, formulando outra questão: o direito e a liberdade em se preservar a vida humana, deve ou não ser exercido? Uma reflexão para todos nós, no aqui e no agora.

Rogério Luís da Rocha Seixas

Rogério Luís da Rocha Seixas é Biólogo e Filósofo Docente em Filosofia, Direitos Humanos e Racismo Pesquisador do Grupo Bildung/IFPR e-mail: rogeriosrjb@gmail.com


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