Pandemia sombria: O dilema de vida ou morte da violência doméstica
Espaços físicos limitados, incertezas econômicas, crescimento dos afazeres domésticos e aumento das tensões familiares. Esse é o panorama do ser humano durante a pandemia. Fique em casa! Diz a voz sensata, diante dos 3.546.870 (três milhões, quinhentos e quarenta e seis mil, oitocentos e setenta) mortos [1], por complicações da doença COVID-19. Ficar em casa é um desafio de vida ou morte.
Ficar em casa com seu agressor, por outro lado, também é desafiar a vida. A pandemia tem, assim, aprofundado a vulnerabilidade feminina de romper para com o ciclo da violência doméstica. Realizar uma ligação particular pode ser impossível para a vítima [2]. A violência contra mulheres e meninas no âmbito familiar, tem crescido significativamente no Brasil, o que pode ser averiguado pelos indicadores do Ministério da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos – MMFDH [3]. Bom, hoje não será tarefa fácil comparar com os anos anteriores a 2020, já que a plataforma do MMFDH mudou, em dezembro de 2020, e, enigmaticamente, os registros dos anos anteriores não estão mais disponíveis. Outros estudos, no entanto, fizeram comparativos, entre eles, o Fórum de Segurança Brasileira de Segurança Pública – FBSP [4].
A ONU Mulher, organização dedicada à promoção da igualdade de gênero e o empoderamento das mulheres, denominou a situação, que não assola somente o Brasil, como Pandemia Sombria [5]. A Pandemia Sombria é sobre a exacerbação das vulnerabilidades femininas na situação excepcional de saúde pública: para reduzir a disseminação de um vírus que pode causar uma doença fatal (e tem causado), necessita-se do distanciamento social. O distanciamento social, entretanto, tem ampliado preocupações, gerado gatilhos para conflitos familiares. As vítimas de violência doméstica têm ficado em casa, mas com seus agressores. Cuidado! A vítima, às vezes, mora ao seu lado (ou com você). Denuncie. Ligue 180.
[1] WHO. Coronavirus (COVID-19) dashboard.
[2] UN WOMEN. (2020). The COVID-19 shadow pandemic domestic violence in the world of work: a call to action for the private sector.
[3] MMFDH. Indicadores. https://ouvidoria.mdh.gov.br/portal/indicadores-bi.
[4] FBSP. (2020). Violência doméstica durante pandemia de Covid-19. 3.
