“CORROMPIDOS”, DE JARDEL AMARAL
Jardel Amaral é o nome do escritor e médico carioca que deu vida a “Corrompidos”, uma obra que mescla assuntos como moral, ética, corrupção, traições, política, vínculos afetivos e mais um bocado de outras temáticas que, em conjunto, são abordados de forma primorosa. O escrito envolve o leitor conforme são apresentadas as surpresas do desencadeamento de cada capítulo, cuja escrita é leve e prazerosa.
São 269 páginas, divididas em capítulos narrados de maneira intercalada pelos três personagens centrais: Maria Clara, Paulo Gonzaga e Lúcio Fernando e assim, torna-se possível observar pontos de vistas distintos sobre um mesmo fato. A história tem o Rio de Janeiro como local de partida e se passa no ano de 2038.
Por anos, Maria Clara Bortoni, uma jovem jornalista, buscou denunciar o empresário Paulo Gonzaga pelo cometimento de diversas atrocidades. Até o dia em que se vê diante de um convite para escrever a biografia de Paulo, cuja a iniciativa parte dele mesmo, a partir de um intuito bem definido (e lindo!!!). A partir do aceite, Bortoni descobre conjunturas ainda mais pesadas, que envolvem desde planos de corrupção à mortes e por outro lado, afetos e “justiça”, tudo conjugado a base de muito mistério. Paulo e seu amigo, Lúcio, são detentores de mentes, brilhantemente, frias e vingativas, que a cada relato, promovem assombro, medo, perigo e revelações a Maria Clara.
Há justiça quando uma pessoa que age a partir de más condutas, é punida? E quando essa punição se dá mediante corrupção? Será que Ovídio em “Heroídes” estava certo: os fins justificam os meios? É possível fugir das consequências de nossos atos e de nossas escolhas? Existem pessoas totalmente más e outras absolutamente boas? A condição humana permite orquestrar o bem e o mal? Essas são apenas algumas das interrogações e, consequentemente, reflexões que surgem a partir da leitura de “Corrompidos”. Uma leitura que vale muito a pena!!
“Havia também uma coisa que eu tinha prazer em fazer.
- O quê?
- Punir pessoas más.
- Como?
- Como eu diria? “Corrompendo””?”.
Juliani Bruna Leite Silva