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Zeca Baleiro, o Möet Chandon e Eu


Por: Artigo de opinião
Data: 01/04/2024
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Jacilene Cruz

Foto: Divulgação

Conheci o Zeca Baleiro ainda na Universidade, finalzinho da década de 90. Foi um colega do curso de Letras Vernáculas, no qual me formei, que um dia, me apresentou. Fiquei encantada com o refrão onde a brincadeira entre palavras e melodia misturava Nordeste com Steven Spielberg. “Juraci que parque/ Juraci que parque/ Juraci que parque é esse que eu nunca vi”.

—Quem ainda não ouviu “O parque de Juraci[1]”, ouça, afinal o jogo de palavras não se limita ao refrão. A canção, na minha opinião, é um louvor ao Nordeste: a cor, os ritmos, a culinária natural e elaborada dentro das casas.

Mas não é sobre essa música que escrevo esse texto, embora esteja difícil sair dela.

Como disse no início, conheci o vendedor de balas (doces) quando era universitária, mas a paixão veio depois. Foi no início dos anos 2000, já empregada, que vi um show dele na TV Senado. Sentado em um banquinho, ele disse pra mim que “o maior desejo da boca é o beijo[2]”. Provavelmente eu estava muito carente, foi paixão à segunda vista.

Também não é sobre a música “Bandeira” que tento traçar, bem traçadas, essas linhas.

Eu não sou, tampouco nunca fui, amante de bebidas alcoólicas. Até acho bonito, e gostaria de sentar com minha amiga Yasnara e beber um espumante enquanto nos refrescamos na piscina da casa dela. Porém, nem isso consigo. Mas tenho que revelar que o Zeca Baleiro incutiu em mim a vontade de tomar um Möet Chandon. Essa é a mais pura e absoluta verdade.

Ele despertou o meu desejo quando disse que poderíamos “viver a pão-de-ló e möet chandon", na música Babylon. Outra canção que magistralmente brinca com palavras, significados, línguas, rimas, ritmos e imagens.

Foi impossível não me imaginar tomando a bebida francesa e comendo uma aponã[3].

A vontade se transformou em desejo, diga-se de passagem, ardente, quando ouvi “Vai de Madureira[4]”. Novamente a brincadeira que o autor faz com as línguas, os jogos, as trocas e a mistura de imagens me deixaram “babando”. Apesar de, nessa última canção, ele propor que “Se não tem Möet Chandon, cachaça vai apanhar”, eu não paro de pensar no famoso champagne.

Para finalizar, creio que não terei outra saída senão economizar um pouquinho e satisfazer essa ânsia ardente pela cara bebida. Mas acredito que só valerá a pena se ao fundo Zeca Baleiro estiver, mesmo que através dos ultrapassados CD’s, misturando o Nordeste brasileiro, França, Nova Yorque e Madureira.

Mini biografia

Jacilene Cruz nasceu na zona rural de Cruz das Almas, cidade do Recôncavo da Bahia, mas vive em Roraima desde o ano de 2000. É professora da rede estadual de educação. Licenciada em Letras e Mestra em Educação, busca pincelar o ensino da língua e literatura de leveza e beleza, por isso, optou por desenvolver alguns projetos literários e estudar a relação da poesia com o ensino e a aprendizagem. Além dos poemas, seus fiéis companheiros, também escreve crônicas poetizadas. 



[1] O Parque de Juraci é a oitava faixa musical do álbum Por onde andará Stephen Fry? Primeiro lançado por Zeca Baleiro produzido pela MZA em 1997.

[2] Babylon é a quarta faixa do álbum Líricas lançado em 2000 também produzido pela MZA.

[3] Bolinho achatado pertencente a culinária do interior da Bahia, especialmente no Recôncavo e Ilha de Itaparica.

[4] Vai de Madureira é a décima faixa do álbum O coração do homem bomba – DVD da mesma produtora dos CD’s anteriores lançado em 2009.


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