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Uma nova Humanidade é possível?


Por: Assessoria de Imprensa
Data: 28/04/2020
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Por: Rogério Luis da Rocha Seixas*

Muito mais complexa do que a questão presente na formulação que intitula este texto, ilustra-se a definição do sentido de Humanidade! Indubitavelmente, a descrição que seria a mais direta e comum passa pela ideia de humanidade ou ser humano, enquanto ser racional. Na condição de ser racional, apartou-se de sua limitação e condição natural, a partir do momento que o humano passou a construir conhecimento e fazer ciência, possibilitando que a dita Humanidade conseguisse conhecer e principalmente controlar as leis da natureza, atingindo o patamar de se transformar em “senhora da natureza”.

Assim sendo, a noção de Humanidade se separa da de natureza, propiciada pela construção da cultura que, por sua vez, permitiu e permite a artificialização da vida humana e o domínio mais intenso sobre a natureza. 

Muito bem! Nesse momento, um vírus vem demonstrar nossas fragilidades, angústias e limitações. Continuaremos então a exploração predatória dos recursos da natureza, causando efeitos deletérios para a sobrevivência em geral? Persistirão as posturas negacionistas deste problema ou passaremos a considerar o planeta como um ecossistema vivo e que toda a nossa ação desmedida pode afetar as populações de seres vivos que o habitam, incluindo, é claro, a nossa?  A experiência do Covid-19 pode nos levar a repensar um novo tipo de Humanidade? 

Segundo o pensador indígena Ailton Krenak: “Talvez estejamos muito condicionados a uma ideia de ser humano e a um tipo de existência. Se a gente desestabilizar esse padrão, talvez a nossa mente sofra ema espécie de ruptura, como se caíssemos num abismo. Quem disse que a gente não pode cair? Quem disse que não caímos?” (Krenak, 2019) 

O que Krenak quer dizer é que precisamos repensar o tipo de apego de humanidade prevalente sobre a natureza e tal fixação nos leva à postura de um Antropoceno que está nos levando talvez para um fim do mundo ou, pelo menos, para o enfraquecimento da condição da vida em geral, inclusive a nossa. Necessário talvez se faça um repensar sobre o próprio sentido de Humanidade e sua relação com a Natureza. Esta pode ser uma “ideia importante para adiarmos o fim do mundo.” (Krenak, 2019)

 Aílton Krenak. Ideias para adiar o fim do mundo. São Paulo: Companhia das Letras, 2019.

 

*Rogério Luis da Rocha Seixas é Biólogo e Filósofo. Doutor em Filosofia pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). Pesquisador do Grupo de Pesquisa Bildung (IFPR)


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