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Uma estátua com copo de whisky na mão, por favor


Por: Assessoria de Imprensa
Data: 18/09/2020
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Por Tânia Ferrarin Olivatti*

Li sobre seu sepultamento e, naquele instante, foi inevitável pensar sobre o quanto aquela figura representava. Nunca travamos um diálogo e é somente isso que lamento hoje. 

Eu era uma criança relativamente tímida que preferia admirar de longe aquele grande homem de calça branca e camisa colorida. No meu imaginário, era alguém saído de uma novela, um personagem da boemia carioca. Mais velha, entendi que de carioca não tinha nada... mas era fornecedor da alegria de muitos, talvez tentando encobrir a própria tristeza. 

Fui embora de Nova Esperança e, quando o via sentado na esquina nas minhas rápidas visitas à terrinha, projetava ali boa parte do simbolismo da cidade. Pensei algumas vezes em entrevistá-lo... que bobagem, queria mesmo era trocar ideia! 

Quantos carnavais, quantas festas, inclusive o churrasco do casamento dos meus pais, o Zezão promoveu! Quantos episódios trágicos na sua vida pessoal. Quantos amores começaram abaixo dos seus olhos, quantas histórias de vida se entrelaçaram à vida dele! 

Hoje, lamento nunca ter sentado tomar uma cerveja no bar do Zezão. Que coisa estranha essa morte, parece que algo ficou suspenso. Como as estátuas de Vinícius ou Drummond lembram deles por aí e edificam suas almas onde estão, eu gostaria de ver uma do Zezão naquela esquina, com copo de whisky na mão.


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